Espumante para crianças

Tanto o álcool como o fumo têm o fornecimento a crianças e adolescentes proibido, tendo em vista a nocividade à saúde deles, e a tradição de tais produtos a eles consiste crime, além de infração à legislação sanitária.

Aqui no interior de São Paulo, algumas cidades estão adotando o toque de recolher juvenil para proibir menores de idade de frequentar casas noturnas e estabelecimentos que vendam tabaco e bebidas alcoólicas.

E o Governo do Estado de São Paulo criou mais uma Lei que proíbe venda de bebidas alcoólicas a menores, passando a ser mais rigorosa em busca de proteger crianças e adolescentes, sancionou a Lei Antiálcool no dia 19 de outubro, e a mesma começou a ser válida no início de novembro.

Válida para os 645 municípios paulista, a lei é destinada a bares, restaurantes, casas noturnas, conveniências, padarias, entre outros. Esses locais estão proibidos de vender ou entregar bebida alcoólica a menor de 18 anos, além disso, deverão tomar conta para as bebidas não sejam consumidas pelos menores em seu estabelecimento, mesmo quando estiverem acompanhados pelos pais ou responsável - podendo o estabelecimento ser fechado pela fiscalização.

Contrapondo a todas bem intencionadas leis que visam proteção ao menor, a Cereser lançou um espumante infantil, o Spunch, um refrigerante frisante, que parece champanhe, mas não é champagne. A embalagem é no mesmo formato dos espumantes da marca, com direito à rolha e tudo. As garrafas com 4 modelos diferentes levam personagens da Disney. Spunch já está sendo vendido nos supermercados e tem preço sugerido de R$ 9,00. A bebida é feita de sucos naturais de frutas como uva, abacaxi e morango - gaseificada e espumante sem teor alcoólico.

Não é o caso de não conter álcool que esse produto não possa induzir crianças ao "glamour" de bebidas alcoólicas, a ficarem cada vez mais cedo seduzidas por esse mercado, e se tornarem futuros consumidores de bebidas alcoólicas. Fidelização de clientes desde a infância. É ou não muito grave?

E o golpe mais baixo é fazer essas encantadoras garrafas com personagens Disney pra atrair a atenção da garotada a brindarem como os adultos nas festas de final de ano. Segundo a propaganda da direito às crianças de comemorarem suas festas e momentos assim como os adultos e de forma saudável e lúdica.

Depois vamos protestar que os jovens começam a beber cada vez mais cedo, com todas as consequencias que isso acarreta, não só na vida pessoal, mas no trânsito e na sociedade.

Como fica agora o objetivo do toque de recolher e da lei que proíbe a venda de bebida alcoólica a menores?

O raciocínio é o mesmo que originou a lei que proíbe a venda de armas de brinquedos e que proibiu a venda de um cigarrinho de chocolate para crianças que havia no mercado, pois não queremos nossas crianças usando armas no futuro, assim também, não os queremos fumando e bebendo.

Enquanto que não é promovida a educação de forma satisfatória à massa de crianças e adolescentes, não só de camadas menos favorecidas, mas de todas as classes, outros fatores concorrem para o comprometimento do desenvolvimento físico e mental daqueles que deveriam vir a tomar-se pessoas produtivas, somando para a sociedade, e não atentando contra ela. Dessa forma, creio que há necessidade de ação para que a lei seja observada e a ganância não se sobreponha ao interesse público de que crianças e adolescentes tenham um normal desenvolvimento.

Um brinde ao cinismo, viva o mercado e viva os doadores de campanhas políticas.

E já tem os "legais" que estão achando "da hora"...