O futuro que nos espera

Passei muito tempo refletindo silenciosamente em uma frase que eu ouvi, não sei de quem, não sei onde, de que espécies inteligentes tendem a se auto-destruir antes de conseguirem alcançar novas galáxias.

Reduzindo um pouco a amplitude dessa frase, temos exemplos das civilizações antigas, que desenvolveram técnicas impressionantes de construção, movendo enormes pedras e erguendo grandes edificações, que nenhum engenheiro ousaria fazer hoje sem o auxílio de dezenas de tratores, guindastes e cabos de aço. Técnicas também de astrologia, de medicina (as múmias, que ninguém explica ao certo), de agronomia, de tecelagem.

Depois delas, restaram as lendas. As histórias magníficas que deuses habitavam a terra ou que extra-terrestres teriam construído toda a miraculosa obra dos povos antigos. Simplesmente por que não conseguimos entender como um povo primitivo conseguiu tanta coisa.

A verdade, é que esses povos levaram para o túmulo todo o conhecimento que tinham de arquitetura, de engenharia, agropecuária, de medicina e de tantas outras áreas. Conhecimentos que o homem moderno levou centenas de anos para redescobrir ou reinventar. Destruíram-se ou foram destruídos sabe-se lá por quê.

Chega um momento que a sabedoria é cegada pela tecnologia.

Esta semana, fomos bombardeados por dezenas de reportagens que trataram do aquecimento global. Pode ser que o homem consiga diminuir os efeitos desse aquecimento, mas ele não será capaz de impedir que a Terra reaja instintivamente contra a raça que a está destruindo.

Há muito tempo que esse assunto é tema de dezenas de reuniões e encontros de vários países, mas a pouco tempo esses efeitos passaram a ser realmente notados pela massa.

Porque quando se diz que os pólos estão derretendo ou que a água está acabando, parece aos nossos ouvidos uma coisa tão abstrata que nem sequer nos damos conta. Por mais que ouçamos falar, nos efeitos que isso nos trará. Mas ou vermos nossas cidades de baixo d’água é que sentimos na pele o que nos espera para os próximos anos.

Esta década, será a década dos desastres naturais. Que Deus nos ajude, mas tanto se falou e tão pouco se fez.

Talvez o homem esteja acostumado de mais com os filmes de ficção, onde tudo fica bem no final, mas é preciso lembrar que nós não temos um SuperHomem, que possa com seu sopro congelante repor todo o gelo que derreteu nestes últimos anos.

Estivemos a centenas de anos a mercê do capitalismo. Viramos vampiros consumistas, sugando o sangue da Terra. E agora parece que ele está no fim.

Alguns cientistas dizem que ainda há tempo. Mas que tempo será capaz de reflorestar milhões de km² de florestas, de retirar centenas de cm³ da atmosfera, toda vez que você percorre 10 Km de carro e consome 1 Litro de gasolina? Que tempo será capaz de repor o Ozônio sobre o ártico, e o gelo sobre a Groenlândia? Que tempo será capaz de salvar o homem?

Enquanto evoluímos por anos e anos nossa tecnologia, computadores, carros, plataformas de petróleo, TVs de plasma, bombas atômicas... Aumentamos a nossa inteligência digital. Mas perdemos a nossa sapiência. Perdemos nosso instinto de sobrevivência, onde quem conserva hoje terá o que comer amanhã.

Enquanto se testava a bomba atômica, o quê foi feito pelos animais em extinção? Pela fome no mundo? Pela Aids? Pela falta de água? Pelos recursos naturais renováveis?

O quê o homem ganhou? Carros de luxo, que serão carregados pelas enchentes. Casas confortáveis, que desabarão sob os furacões. Jóias, que perderão seu brilho sob a chuva ácida.

E para que servirão os computadores num mundo submerso na miséria e na fome? Onde o homem achará água e comida? Nos desertos e voçorocas criados pela falta de vegetação? Na terra morta e sem nutrientes deixada pelas queimadas. Na água poluída pelo lixo?

( . . . ) Será que evoluímos tanto que chegamos perto de nosso fim?

Para os otimistas, eu pareço ser trágica de mais, vendo a humanidade caminhar para a sua forca.

Para os pessimistas eu pareço estar sendo otimista de mais ao pensar no futuro que nos espera.

Mas, infelizmente, tudo isso foi culpa do homem, e cabe ao homem correr atrás ou agüentar as conseqüências. Nenhum deus vai descer dos céus (quem dera eu esteja completamente errada) e salvar a humanidade das tempestades que ela mesma criou.

Não podemos esperar mais milagres da Terra, além dos que ela já nos ofereceu durante tantos milhares de anos, servindo de moradia, alimento. Servindo de mãe para nós, filhos ingratos.

Até quando a Terra será para nós a mãe amável que ela tem sido durante toda a nossa existência? Quanto falta para ela se transformar na madrasta cruel? Espero que falte tempo suficiente para o homem tomar consciência da sua condição de filho dependente e submisso. Que deve cuidar dos bens dos pais para poder desfrutar da herança. Ou então. Teremos que contar para nossos netos e bisnetos como era a vida na Terra nos nossos tempos,e aos ouvidos deles, toda essa história parecerá um conto de fadas, uma invenção mitológica, contada por um povo que evoluiu tanto, mas que não soube diferenciar o uso do abuso. Que não soube reconhecer os limites da natureza. Será que o fim dessa história terá um felizes para sempre? Será que teremos para quem contar essa história?

09/01/2007 – 23:00

Sabrina Taury
Enviado por Sabrina Taury em 21/01/2007
Código do texto: T353772
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