V.I.P. II

Fiz um texto sobre um cliente que se sentia VIP (very important person), através de ações feita pelo vendedor que o atendia. É uma excelente estratégica de vendas, em qualquer ramo, fazer com que o cliente se sinta único, prestigiado, satisfeito.

Na época o foco era o cliente e decorrido dois anos, coloquei em pauta que o cliente interno também quer ser VIP. E por que isto não acontece?

Ontem foi um dia cheio, mas cheio de tristezas, daquelas que corroem o coração, que endurece as pernas, que rouba o brilho dos olhos e que nos transforma em toneladas de nada. Uma amiga fora demitida após longos anos na mesma empresa. Sempre fora profissional e não media esforços. Ao receber o cartão vermelho, a surpresa: seu superior mandou um funcionário demiti-la, quando deveria dar uma explicação sobe ocorrido.

Eu penso diferente; penso e acredito que mesmo em situação como esta, o ser humano – cliente interno – merece consideração. Esta pode ser até pela entrega pessoalmente desta carta, pois podemos estar agindo diferente ao que os empresários desejam. Não posso mudar, mas posso ser solidário. E fui!

Para esquentar mais o dia, um grande amigo e vendedor, o Luiz, que soube reconstruir a sua área de atuação e que tinha lutando contra um câncer, recebeu um novo petardo em seu peito: o câncer voltou e em mais pontos. Agora novas sessões de quimioterapia e uma cirurgia delicada. Oxalá Jesus o acompanhe, enviando energias aos médicos e a ele. Fico torcendo por sua melhora, porque você Luiz, faz falta como amigo e como profissional. Quisera ter muitos Luizes ao meu redor.

Quantas vezes você recebeu um elogio por parte de seus superiores? Tem registro disso? Com certeza poderá contar nos dedos de uma única mão. Pode até ser que rolou um elogio em alguma roda de bate-papo, mas o ator principal não foi atingido, comunicado.

Certa vez li na revista Anamaco, que um diretor de uma grande empresa, ao ser homenageado, dizer que estava lá devido aos fornecedores e aos clientes. Este perdeu uma grande oportunidade de homenagear seu staf – os clientes internos, porque sem eles, jamais poderia estar lá.

Os meus amigos Gilberto e Raul ao lerem este texto vão ligar e me xingar, pois estou novamente reclamando e agora eu discordo: Não estou reclamando; estou sim pedindo para colocarem os clientes internos também na condição de pessoas muito importante (VIP), o patrimônio ativo de qualquer empresa. Sem elas nada funciona ou você consegue comer dinheiro?

Certa vez assisti a uma palestra motivacional em que o palestrante disse que o cliente é como gato, quando deveria ser como cachorro. Se você chutar seu cachorro, este ao vê-lo novamente, abana o rabo e continua sendo o seu melhor amigo. Faça isto com o seu gato e verá que na primeira oportunidade ele o arranha se não o morder e trocar de casa.

Se até os animais querem reconhecimento, por que não concedemos as pessoas?

Quantas vezes erramos ao acordar e deixamos de abraçar a pessoa que está deitada ao nosso lado? Já na mesa do café, quantas vezes balbuciamos um baixo bom dia e nem ao menos olhamos nos olhos dos filhos e esposa?

Deveria haver uma lei comercial que penalizasse as empresas por não reconhecerem àqueles que a ajudam a crescer. Pode até ser que no começo, quando de grandes dificuldades, este reconhecimento exista, mas ao primeiro sinal de lucro e de posicionamento no mercado, a cobrança toma conta do lugar do reconhecimento, passando os clientes internos a serem números, simplesmente números.

Quando eu morrer levarei o que aprendi, o mérito pelo que fiz e o demérito por tudo aquilo que deixei de fazer. Nada mais levarei e o que ficar, deixo aos macacos, porque eles gostam de bananas.

Oscar Schild, vendedor, gerente de vendas e escritor.

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