Do intelecto II

Compreender o intelecto como massa de manobra e transgressão em proveito próprio é, no minimo, uma visão moralista e unilateral. É em síntese, uma análise simplista. O intelecto de maneira alguma torna as massas descartaveis, apenas sobrepõem-se a elas, utiliza-se de seu tronco para que alcance um grau de elevação ao qual o homem comum não pode vivenciar.

O intelecto é o fio condutor, as novas perspectivas, os novos valores e as novas interpretações frente as massas.

Aristoteles, Homero, Dante, Kant, Kierkergaard, Sartre, Freud, Shakespeare, Einstein, Hipócrates, Heiddeger e outros tantos intelectos que sem os quais não teríamos filosofia, literatura, medicina, matemática, em suma, toda ciência e conhecimento necessário a subsistência e evolução de uma sociedade. Caso contrário, viveríamos apenas no "senso comum". Devemos também ao intelecto, a invenção do avião, do computador, da internet, da eletricidade, do raio X e da penicilina. Assim, é indubitável a importância do intelectual para o homem comum. O intelecto sempre foi a priori, necessidade instintiva do povo.

Segundo Amorin Sobrinho, "o intelecto teme ao povo", afirmação esta, a qual somos forçados a discordar, pois, não cabe ao intelecto de forma alguma negar ou temer as massas, mas, justificar sua função e existência. Porém, é através do intelecto, e tão somente por meio dele, o homem poderá galgar a condição de super-homem.

Ainda segundo Amorin Sobrinho, "o intelecto é efêmero", uma interpretação errônea, pois, o efêmero é o homem, não suas concepções, suas idéias que são legadas para as gerações futuras.

As massas configuram-se como intrumento,através do qual o intelectual se utiliza para analisar e compreender a vida e o "ser" do homem, é também, o instrumento no qual a natureza faz de alguns poucos homens, superiores e extaordinários. Segundo Nietzsche,"um povo é o desvio da natureza para chegar a seis ou sete grandes homens".

O intelecto é a justificativa a qual a natureza humana faz uso para atingir sua magnitude.