O PALESTRANTE E A PLATEIA

Há poucos dias assisti a uma palestra de um Engenheiro em um seminário realizado no Centro de Convenções de Pernambuco, mais especificamente no Teatro Beberibe. O pior é que o dito cujo representava uma importante empresa pública do Estado.

É evidente que nem todos os profissionais precisam obrigatoriamente, serem grandes oradores, porém quem se propõe a representar uma empresa em um seminário de tamanha importância necessita se preparar para tal. Assim como, a empresa tem obrigação de avaliar se seu profissional está preparado para a realização dessa tarefa.

O referido Engenheiro tinha um bom conhecimento sobre o assunto de que tratava, aliás, essa era sua obrigação, mas quanto à forma como apresentou sua palestra foi um desastre. Os seus slides estavam ilegíveis para a plateia porque continham letras pequenas e estavam abarrotados de letras. Num slide escrevem-se tópicos da palestra e não parágrafos ou textos. Mas isso é o de menos, comparando-se aos demais deslizes cometidos por tal Engenheiro.

Primeiro o palestrante se posicionou, no palco, de costas para o público e para a mesa que coordenava os trabalhos, olhando o tempo todo para os slides, demonstrando total falta de postura de palco. Depois, sua falação se tornava irritante porque ele repetia o tempo todo: né? Né? Né? Ou então: está certo? Está certo? Está certo?

O Engenheiro lia tudo que se encontrava nos slides, sem acrescentar uma só palavra a não ser, né? Né? Né? Ou, está certo? Está certo? Está certo?

Como se isso fosse pouco, o palestrante tossia e pigarreava diante do microfone fazendo barulhos irritantes aos ouvidos do público, demonstrando grande falta de educação.

Existem diversas dicas práticas para que se possa falar em público, sem constranger a audiência nem passar decepção. Se não se quer frequentar um curso de oratória deve-se procurar a ajuda de um profissional, ler livros sobre o assunto ou pesquisar na internet.

Segundo o professor de oratória, Mario Persona, para ser um bom orador “é preciso trabalhar a entonação da voz e aprender a fazer uso do silêncio para sublinhar suas palavras. Outra forma é decidir se deve falar de improviso, usar anotações ou slides, ou ainda ler um texto corrido. Cada forma tem vantagens e desvantagens”.

Em qualquer um dos casos deve-se treinar diante de um espelho, analisar a postura, as expressões, o timbre de voz e a articulação das palavras. Porém, o mais importante é saber que além de si, o palestrante está representando uma empresa de renome e isso é muito sério. Quem não tem competência não deve se escalar. O ideal é passar a bola adiante e pedir pra sair! E a empresa deve escolher melhor seus representantes.