Embora o sonho tenha acabado, não creio que a unidade da Europa seja uma fantasia. Fantasia é acreditar que França, Alemanha, Espanha, Grécia, Itália, sejam realidades substantivas e independentes.
A Europa não é uma “coisa”. A Europa é um equilíbrio.
Equilíbrio ou balança de poderes é uma realidade essencialmente plural. Se a pluralidade se perde, a unidade se esvai como fumaça. Há um pensamento de Ortega y Gasset que ilustra isso perfeitamente: “A Europa é um enxame de muitas abelhas e um só vôo”. Montesquieu tem um frase genial: “ L´Eroupe n´est qu´une nation composée de plusieurs”, uma magnífica pluralidade homogênea.
O “european way of life” é um dos (ou maior) tesouros do Ocidente. As cabeças duras de hoje parecem não conseguir atinar que é preciso transcender da afirmação da pluralidade ao reconhecimento da unidade e vice-versa. É errado ver tudo sobre a ótica do econômico e deixando o social na sarjeta. Temem que os bancos quebrem... Que quebrem,  como no exemplo dado pela Islândia que colocou na prisão banqueiros desonestos e mestres de falcatruas. Paulo Freire falava de um “inédito viável” ,dentro de um espírito democrático-participativo com muito diálogo e trocas enriquecedoras, possibilitando um mundo novo e menos capitalista. O capitalismo é o avesso da ética porque estimula o lado mais individualista, egocêntrico e trapaceiro do ser humano. Vale tudo pelo lucro, mesmo que isso leve a desviar-se da legalidade e da democracia. Afinal, desde quando democracia virou instrumento de acumulação privada de riqueza?
E agora, José?
Ter ou ser é a questão!