1- Meus amigos, vou primeiro apresentar uma determinada situação, depois vou enfatizar o que realmente quero destacar neste artigo.
 
Todas as pessoas mentem.
Ah! Como nós mentimos!
 
Mas, imaginando uma hipotética reunião coletiva formada por cem pessoas, caso uma pessoa declare que mente, ela passará a ser a única mentirosa.
 
Todos os outros serão esquecidos, pois tal pessoa foi a única que se declarou mentirosa.
 
Apesar disso, os outros 99 indivíduos serão também grandes mentirosos.
 
Aliás, é possível haver ali certos mestres na arte de mentir se comparados com o indivíduo sincero demais.
 
Esse exemplo ressalta bem certo comportamento de nossa sociedade, pois costumamos agir com uma acentuada hipocrisia várias vezes, negando que não somos nada diferentes do indivíduo que está ao nosso lado.
Não poucas vezes deixamos de errar somente por não existir a oportunidade de errar.
 
Apesar disso suscitar um bom debate, esqueçamos rapidamente o exemplo que apresentei e a opinião referente à mentira.
 
2- O meu artigo pretende destacar uma interpretação a qual consideramos bem perigosa para as mulheres.


A Bíblia, no livro de Efésios, capítulo 5, diz:
 

21 sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo.
22 Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor;
23 porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo.
24 Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos.
25 Vós, maridos, amai a vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela,
26 a fim de a santificar, tendo-a purificado com a lavagem da água, pela palavra,
27 para apresentá-la a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem qualquer coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.
28 Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.

 
O que devemos interpretar sobre essas palavras de Paulo?
Que o homem, numa união conforme a orientação bíblica, será o líder, aquele a quem a mulher deve aceitar que comande, porém tal comando exige dele a sabedoria e o amor.
 
Percebam que há, nos versículos ressaltados, uma comparação entre Jesus e sua igreja com o marido e sua esposa.
 
Dessa forma,
jamais tal submissão indica subserviência.
 
Aliás, lamento informar aos homens, mas muitos deles, talvez a maioria, não podem exigir a submissão de suas esposas já que lhes falta a sabedoria na condução do lar estruturado.
 
Eles podem rogar, entretanto, a inspiração superior e tentar superar essa limitação.
O esforço deles certamente agradará ao Pai, capaz de gentilmente dar sabedoria aos que a buscam com sinceridade.
 
Seja como for, essa submissão proposta no texto bíblico nada tem a ver com o uso da força ou da prepotência tão comum aos indivíduos do sexo masculino.
 
3- Sim! Estarão os senhores indagando: E daí?
 
Eis o problema, meus caros:
 
Igualzinho àquela assembléia citada no começo do texto, na qual todos esqueceram os 99 mentirosos e se voltaram para o mentiroso que realizou a confissão, geralmente homens e mulheres esquecem todos os versículos destacados acima e passam a divulgar a idéia bem errônea de que a mulher deve ser submissa ao homem.
 
Costumamos escutar coisas desse tipo:
 
A mulher, conforme a própria Bíblia, deve estar sujeita ao comando do homem.
A mulher cristã obedece ao marido.
 
Conforme disse, essa interpretação equivocadíssima, uma distorção grave do que realmente diz o texto sagrado, alimenta o pensamento de muitos homens assim como de várias mulheres.
 
Isso é bem sério para elas.
Para os homens pode ser conveniente demais destacar tal pensamento machista.
 
Como ficam, no entanto, as mulheres?
Seria mesmo interessante para elas propagar tal pensamento?
 
Percebemos, nos dias atuais, homens agredindo as mulheres fisicamente, batendo nelas, usando da força física como o animal mais forte abate sua presa indefesa.
 
Agem como se vivessem ainda na época dos homens da caverna.

Fazendo uma ressalva oportuna, os homens da caverna não tinham tempo para agredir suas fêmeas já que dava muito trabalho se defender das feras (literalmente falando).

4- Isso tudo é lastimável demais, senhores!
 
Nós não devemos culpar a Bíblia.
 
Muitas vezes reconhecemos, entretanto, que o texto sagrado parece destacar uma ótica bem machista.
 
Por exemplo, Abraão, antes de gerar o filho da promessa, Isaac, deita-se com uma escrava e gera Ismael.
Depois Sara enciumada (quem sugeriu que o marido se deitasse com a escrava) termina expulsando a escrava com filho e tudo.
A partir daí, segundo os evangélicos, surge a oposição entre cristãos e muçulmanos.
 
Sobre a atitude de Abraão, faltou ao grande patriarca, nesse episódio, revelar uma fé maior, jamais aceitando se deitar com escrava alguma, passando a aguardar Deus cumprir sua promessa.
 
Nessa ocorrência, a mulher, a escrava, aparece como um ser descartável, que apenas deve atender aos caprichos dos seus amos.
Afinal de contas, ela era uma escrava.
Sabemos, porém, que os homens não devem ter escravos.
 
Hoje em dia algumas pessoas possuem empregados, tratando-os com arrogância e grande falta de respeito, pensando que são melhores somente porque podem pagar.
 
Mudam os tempos, permanece a irracionalidade de muitos. 
 
Voltando ao machismo evidente em certas passagens bíblicas, recordamos que Eva e Adão comeram o fruto proibido, mas ela terminou sendo a grande culpada.
Achamos isso injusto, pois ela não obrigou Adão a comer tal fruto. Ela apenas o ofereceu.
 
Ele, sendo um homem responsável pelos seus atos, poderia ter recusado a oferta.
 
Não recusou a oferta, também comeu e atribuiu a culpa a Eva numa atitude bastante covarde.
 
Vale ressaltar que cito o episódio sem pretender discutir se o mesmo é verdadeiro ou apenas uma bela alegoria.
 
5- Meus queridos amigos, ainda que nós concluíssemos que a Bíblia é um livro machista, na passagem por mim destacada referente à epístola que Paulo enviou aos efésios, não existe machismo algum.
 
Nessa passagem, pode haver um problema puramente interpretativo.
 
Recordo que, numa dessas campanhas políticas, quando tudo é dito e os programas humorísticos são substituídos pelo famoso horário eleitoral gratuito, um candidato a presidente destacou que o Brasil necessitava ter armas nucleares a fim de garantir que jamais fosse ameaçado por qualquer grande potência.
 
Logo apareceram frases desse tipo:
 
Fulano quer a bomba atômica no Brasil!
Cuidado! Perigo de armas nucleares caso o povo eleja Fulano.
 
Temos uma grande distorção nessa interpretação, pois, na verdade, qualquer país só possui uma soberania verdadeira caso possua armas atômicas. 
Isso nada tem a ver com promessa política ou campanha eleitoral. É um fato.
 
Percebam que o Iraque foi destruído, arrasado, seguindo uma justificativa mentirosa a qual afirmava que o país possuía armas químicas.
A invasão não tardou a acontecer.
 
No caso do Irã, a história vem sendo bem diferente.
 
Por que será que a invasão tarda tanto em acontecer?
Será que os iranianos são mais bonitinhos que os iraquianos?
 
Sabemos que existem fortes indícios de que o Irã possui armas nucleares. Eis o que explica esse país ser insistentemente convocado a esclarecimentos, porém nunca ousam invadi-lo.
 
6- Retornando ao objetivo específico deste artigo, quero ressaltar o perigo de se destacar frases soltas sem uma melhor análise ou sem contextualizar o que está sendo dito.
 
No mundo tão machista como o nosso, considerando que os meninos crescem com a idéia de que devem comer todas e as meninas, quando não ficam restritas a um único príncipe encantado, são denominadas vagabundas, eu penso que a passagem destacada pode ser perigosíssima.

Mas, se a mesma for bem esclarecida, se analisarmos tudo o que a mesma diz, assinalando que a mulher deve seguir o homem sábio, aquele que souber amá-la com uma dedicação abençoada, não existirá problema algum.  
 
7- O que eu estou pretendendo?  
 
* Desejo questionar a Bíblia?
* Incentivo as mulheres a engrossarem seus lindos pescocinhos, presunçosas e desobedientes? 
* O meu artigo ameaça a autoridade masculina?
 
Claro que não!
 
* Conforme provei, o texto bíblico diz o contrário do que costuma ser dito pelo povão.
É preciso ler a Bíblia, interpretá-la e jamais destacar partes que são convenientes ao que queremos enfatizar.
É importante saber analisar as palavras bíblicas com coerência, prudência e imparcialidade.
 
* Quanto às mulheres engrossarem o pescoço, a minha intenção não é torná-las rebeldes.  
Eu tenho receio de que elas percam o pescoço, pois, caso algum brutamontes, interpretando mal a passagem acima, pense que pode fazer o que bem quiser com elas, as belas musas passarão a correr esse risco.
 
* Sobre a autoridade masculina, ela nunca existiu conforme costumam entender as tolas interpretações que correm por aí. 
Existe, na verdade, um propósito do Criador de que o homem, comandando o relacionamento sagrado quando os dois decidem se unir, usando de sua força física aliada à força espiritual, saiba proteger sua esposa, tomar conta dela, ser um companheiro cheio de sabedoria, capaz de estabelecer uma família, provavelmente com filhos, estruturada e harmonizada.
 
É isso.
 
Essa história de pensar que a autoridade masculina sugere agressão, arrogância e violência, isso somente pede nossas severas críticas.
Imaginar que alguém pensa assim me deixa muito triste, lastimando o tamanho da mediocridade que visita muitas mentes ditas racionais, sejam essas masculinas ou femininas.
 
Um abraço!                                                                         
 
 
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 19/06/2012
Reeditado em 19/06/2012
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