Daqui para a frente a panela vai esquentar.A distância das eleições já não é grande. Pouco a pouco as tendências irão se assentando e logo mais se poderá ter razoável previsão de resultados. E cada um, individualmente, se alojará nos diversos bolsões das opiniões.
     O voto é forma de se exprimir o pensamento e o ideal. E onde está o verdadeiro acerto?
Na loteria, na corrida de cavalos e no campeonato de futebol, o acerto está em votar no que vai ganhar. Quem não fizer isso, perde.
     Em eleição é diferente. Posso ganhar, mesmo perdendo. E posso perder, mesmo ganhando. Porque a meta não é que meu candidato seja vitorioso, pois isso pode ser obtido até através de mentiras ou da demagogia dos que prometem sem intenção de cumprir.
     Em eleição, o acerto acontece dentro da consciência de cada um. E o valor dessa postura é aquilatado pela razão do voto. A saber: por que eu voto em tal candidato?
     Quem, diante de si mesmo, puder dar com sinceridade uma boa razão para a escolha, como, por exemplo, o bem da comunidade, poderá dormir tranqüilo, mesmo que eventualmente seu candidato venha a ser derrotado.
     Mas quem decidiu por causa do interesse do partido, ou pela expectativa de um emprego, ou para pagar favor recebido, esse não terá razão para dormir tranqüilo. Porque a vida, lá fora, continuará. Mas ele carregará dentro de si mesmo um tumor deliberadamente alojado e do qual não poderá se livrar. E essa é a razão pela qual muitos têm vergonha de dizer em quem votam. Porque ninguém é capaz de esconder de si mesmo aquilo que fez.
     Há uma esperada mudança política em todos os cantos do país. Há também uma longamente esperada reforma política. Mas ela não depende de nós.
     No entanto, há uma mudança que depende de nós. Porque ela acontece dentro da consciência de cada um de nós. Por ela nós somos responsáveis.