Ao caro colega: 

          A disposição inicial de qualquer indivíduo para a Literatura, é sujeita aos mesmos pesos e interesses que levam pessoas (de todos os tipos) a outras áreas da atuação humana, nas possibilidades do contexto social e sócio-cultural do qual participam.
Talvez haja uma agravante, não se trata de algo que se possa obter significativa vantagem, seja financeira, seja de projeção do nome ou do trabalho, e é preciso que haja empenho. 

          A arte de escrever é uma atitude solitária, o que exigirá equilíbrio do pretendente no aspecto emocional e psíquico, ou seja, não será cabível que haja comportamentos visivelmente individualizados, que denotariam a manifestação quase que inconsciente de um mal-avaliado (por mal compreendido) Ego, que por não ser dominado, domina àquele que se usará da caneta, teclado ou assemelhados para que se lance a escrever manifestações de um individualismo psicopático, tendo como pena um afilado punhal recheado de tinta adrenalínica retirada das próprias entranhas. 

          Volta-se ao que será, de novo, a mesma situação de reação humana de tipificação inter - sapiens que nunca há de ter fim. O beco não tem saída e nem entrada... 

          Em contrapartida, o que leva o pretendente a desenvolver a atividade é o mecanismo do reforço, ou seja, a colocação construtiva daqueles que tem mais tolerância e capacidade de se utilizar de eufemismos sutis para situar defeitos, e de ter adequação quando da necessidade de mostrar que há um lado que não vai bem, fazendo com que, aquele que tem todo ar nos pulmões, entenda que o ímpeto não é determinante de qualidade, e que escrever é praticar sempre, e se possível fazê-lo cada vez melhor, mais seguro do que diz e do que quer dizer, sabendo perceber, num mesmo momento, estes dois fatos diversos. 

          Peço licença para que, utilizando a paráfrase do seu texto, nos situemos melhor.      Assim, 

          Fico triste - dever-se-ia dizer Todos estão vendo e notando claramente sua maldosa intenção, 

          quando vejo,- por (agora é que me dei conta desses tipos), 

          que certos colegas, por - certos co-participantes, de maneira nada fraternal, insinuam-se inadequadamente, 

          aproveitam os comentários, por - e de forma sub-reptícia e covarde, 

          para se insinuarem - mudar para com a volúpia obsessiva da obtenção de mais espaço e platéia, 

          e ao final, através de elogios maliciosos, mudar-se-ia para: vem fazendo uso de claros mecanismos de depreciação de quem está trilhando, de modo paulatino, uma trajetória que não é sabida qual o final, podendo alterar-se significativamente com o decorrer do tempo. 

          Assim, teríamos : Todos estão vendo e notando claramente sua maldosa intenção, (agora é que me dei conta desses tipos), certos co-participantes, de maneira nada fraternal, insinuam-se inadequadamente, e de forma sub-reptícia e covarde, com a volúpia obsessiva da obtenção de mais espaço e platéia, vem fazendo uso de claros mecanismos de depreciação de quem está trilhando, de modo paulatino, uma trajetória que não é sabida qual o final, podendo alterar-se significativamente com o decorrer do tempo. 

          Seria de fato uma dádiva divina que este texto, sugerido por Você, caro Alexandre Souza, tivesse dois tipos de efeito: 

          1- que aquele que recebeu a espetada doentia saiba que só o trabalho associado ao gosto, ao amor por fazê-lo, constrói com solidez, e 

          2- Que o  “comentarista”  megalomaníaco, deixe-se perceber que só o tempo findo é capaz de proporcionar o parâmetro que meça o significado e a influência que a obra de quem quer que seja, trouxe para o contexto temporal. 

          Assim, sugiro aqui que os portadores de anseios frenéticos por saber de si o quanto, o como e o porquê, abreviem seu tempo para que obtenham, o mais breve, a resposta a todas essas questões, só que sem saberem o resultado que tanto queriam ver, porquê o ser que morre, leva junto outro morto, o fedorento Ego que o comprometeu por sua incapacidade de ver-se com a mínima isenção. 

                                                 Abraços do 

                                   José Carlos De Gonzalez 
                                          Médico e Escritor.


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José Carlos De Gonzalez
Enviado por José Carlos De Gonzalez em 11/02/2007
Reeditado em 11/02/2007
Código do texto: T377126
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