ACADEMIAS LITERÁRIAS. A ACADEMIA FRANCANA DE LETRAS

ACADEMIAS LITERÁRIAS. A ACADEMIA FRANCANA DE LETRAS

MEMÓRIA

Diz a história que a primeira Academia nasceu na Grécia, há mais de 2.500 anos, quando Platão fundou uma escola onde ensinava filosofia, ciência e artes. Os encontros ocorriam nos jardins de Academus, daí se originando o nome “Academia”, que passou a designar as associações que vieram depois. No correr dos séculos, “a Academia de Platão tornou-se a mais importante instituição cultural do mundo antigo e centro de efervescência intelectual, cujas influências se estenderam desde a Grécia para o resto do mundo”, informa o escritor Adelino Brandão. Deixou o modelo, adotado pelas que vieram depois: na França, criada pelo Cardeal Richelieu --a Academia Francesa, até hoje de universal influência); em Portugal; no Brasil (Bahia, Rio de Janeiro e Recife), onde proliferaram: Academia dos Esquecidos, Academia dos Renascidos, Academia dos Felizes, que reuniam principalmente escritores, todas de curta duração. Em 1897, é criada a Academia Brasileira de Letras por Lúcio de Mendonça, Machado de Assis, José Veríssimo, Rui Barbosa e outros, instituição vigorosa, nascida da “...tendência natural de aglutinação intelectual... necessária...porque exerce função cultural...que ajuda a sustentar a independência mental da Nação, numa época de internacionalização acelerada” (Adelino Brandão).

FRANCA

Hoje esquecidas, existiram em Franca algumas academias de letras dos então chamados grêmios estudantis, nos anos 50 e 60. Recorri ao Dr. José Chiachiri Filho e ao Dr. Paulo de Tarso Oliveira para avivar a memória e nos lembramos de algumas: a ALMA (Academia Literária Machado de Assis) do Instituto de Educação Torquato Caleiro (atual IEETC); a Academia de Letras Castro Alves do Instituto Francano de Ensino (Ateneu); a Paulo Setúbal do Colégio Champagnat; a ALOB (Academia Literária Olavo Bilac) do Colégio Estadual David Ewbank (esta lembrada pelo Dr. Anor Ravagnani e pelo acadêmico Dr. Walter Peres Chimello); a ALEF (Academia Literária dos Estudantes Francanos); e a ALUF (Academia Literária dos Universitários de Franca). Participei da Castro Alves e da ALUF.

Instalada a Faculdade de Filosofia de Franca (História, Geografia e Letras), em 1965 foi criada a ALUF, por iniciativa de Paulo de Tarso Oliveira, José Chiachiri Filho e Elias Mota. Em molde exigente, admissão mediante concurso, a ALUF erai uma sociedade ativa e teve duração prolongada. Alguns dos trabalhos dos candidatos e dos acadêmicos mostravam apreciável qualidade, na opinião de professores do curso de letras.

Nessas corporações, nascidas da inquietação e entusiasmo dos estudantes e do estímulo dos professores, vivia-se o saudável encanto da arte literária. E, apesar da ausência de orientação de professores, despertaram vocações que enriqueceram a cultura francana. Nomes que ilustram a produção literária de hoje iniciaram em nossas academias estudantis.

Antes, muito antes, existiram em Franca os gabinetes (ou clubes) de leitura, talvez os embriões das nossas academias. Os “Almanaques da Província de São Paulo” registraram a existência, em Franca, da “Biblioteca Morrone”, de 1884 a 1891. Estudo interessante foi-me enviado pelo Dr. Chiachiri: em TCC (Trabalho de Conclusão de Curso), o jovem autor Daniel Saturno Gomes (do Curso de História, da Unesp) estuda o “Grêmio Literário Francano: Cultura Letrada e Elite Política em Franca no Segundo Reinado (1884-1891)”. Essa instituição, fundada por Estevam Leão Bourroul, iniciou suas atividades no dia 08 de junho de 1884, numa reunião na residência do Dr. Santos Pereira.

Atualmente, contamos em Franca com o “Grupo Educacional Veredas”, que tem como proposta oferecer ensino gratuito à comunidade e que, ainda, mantém contínua e regular atividade de estudo da literatura, despertando e orientando vocações. Do “Veredas”, Luiz Cruz de Oliveira e Regina Helena Bastianini, os mais lembrados, são referencias da literatura local. Também nos dias atuais é de lembrar a “Sociedade dos Poetas Menores”, assim modestamente referida pelos seus integrantes, que tem como um de seus líderes o poeta Júlio Aparecido da Costa. Mais recente é a notícia da revista Enfoque de que um grupo de jovens resolveu criar, em novembro de 2000, o grupo Estrela de Jali – Sociedade dos Jovens Poetas, que conta com 29 membros.

ACADEMIA FRANCANA DE LETRAS

A Academia Francana de Letras foi fundada pela Universidade de Franca, mediante proposta do professor e escritor Dr. Everton de Paula, no dia 17 de dezembro de 1996.. A Academia tem como Patrono o Dr. Clóvis Eduardo Pinto Ludovice. Reúne-se na Universidade, na Sala de Reuniões da Reitoria, em sessão ordinária mensal reservada aos acadêmicos. Promove ainda sessões públicas e solenes e visitas às escolas, em ocasiões e locais previamente agendados.

A Academia não é uma ingênua associação voltada ao enaltecimento individual ou coletivo dos acadêmicos. Tem como objetivo o desenvolvimento de atividades culturais pertinentes à difusão e preservação da língua pátria e ao cultivo da literatura. Para isso, cada um dos seus membros está comprometido com o estudo da língua e da literatura –em seu passado e na sua evolução— e com a permanente divulgação de seu trabalho, mediante a publicação de livros, escrevendo em jornais e revistas, proferindo palestras, e participando de eventos culturais.

Ainda que desprovida de recursos financeiros, a Academia congrega o esforço e a doação individual de seus membros na realização de seus objetivos. Editou o “Sonho do Semeador”, livro de autoria do poeta e acadêmico Josaphat Guimarães França, falecido em maio de 2002. Edita em pequena tiragem o “Boletim da Academia”, de distribuição ainda restrita que poderá ser ampliada para as entidades culturais e às escolas. Promove e colabora com a realização de concursos literários. A partir de 2005, participa do “Prêmio Literário Alfredo Palermo”, organizando e julgando o concurso, que foi instituído em conjunto com o jornal “Comércio da Franca” e o CIEE – Centro de Integração Empresa Escola; iniciou, em 2003, em parceria com a Fundação Mário de Andrade, a publicação de obras de novos escritores; deverá desenvolver um curso de literatura, no momento em estudo de viabilidade. Nas reuniões predomina a confraternização da camaradagem que permite a troca de informações e o aprendizado. Todos os integrantes da v Academia têm livros publicados e mantêm constante presença nas publicações literárias da nossa cidade.

A Academia sabe de sua responsabilidade social e que mais pode fazer. E quer continuar, pela inspirada dedicação de seus membros, no atraente caminho de sua realização.

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José Eurípedes de Oliveira Ramos

Presidente da Academia Francana de Letras

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(*) Redação original em junho de 2003. Atualizada em abril de 2006.

José Eurípedes de Oliveira Ramos
Enviado por José Eurípedes de Oliveira Ramos em 13/02/2007
Código do texto: T379678
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