1- O perdão, para aqueles que acham difícil exercitá-lo, pode se tornar uma prática tranqüila se conseguimos associar a sua vivência à valorização da oportunidade e à conservação da saúde.
 
2- Primeiro vale esclarecer que perdoar, segundo meu entendimento, consiste em  liberar quem recebe o perdão com sinceridade e plenitude, ou seja, ninguém perdoa um pouquinho.
 
Devemos definir bem, no fundo do coração, se perdoamos ou não.
 
3- A pessoa que está sendo perdoada necessita muito de uma oportunidade para recomeçar, tentar novamente, enfim, empreender uma renovação.

Independente do indivíduo o qual está sendo perdoado admitir o seu equívoco ou não, independente dele solicitar a dádiva do perdão ou não, quem perdoa lhe oferece uma oportunidade preciosa (que o tolo pode até desprezar), tão importante quanto as oportunidades que a vida nos concede constantemente.
 
O amanhecer, por exemplo, não seria exatamente a grande chance de fazer melhor, refazer um mal realizado ou desfazer uma atitude infeliz?
O que aconteceu ontem, as veredas tortuosas as quais seguimos nenhum significado devem continuar a ter, pois o novo dia cria a possibilidade fantástica de percorrer uma estrada inédita se assim desejamos caminhar.

Muitos permanecem repetindo os atos rotineiros por acomodação, covardia, preguiça e teimosia, porém o convite, expresso nesse momento mágico, pede aprendizado, crescimento, novidade, recuperação, reformulação e sucesso.
 
4- Aquele que errou obtém, através do perdão, a oportunidade de reconstruir e provar o quanto é digno.
 
Aceitamos assim a nossa própria falibilidade, oferecendo ao outro a compreensão e tolerância por enxergá-lo também como um ser limitado, que erra, que pode acertar no porvir, enfim, que merece uma chance a mais.
 
5- A saúde daquele que desenvolve um rancor prolongado sofre uma terrível ameaça.
A prática do perdão, nesse caso, faculta o alívio e a liberdade que somente quem perdoa consegue sentir.
 
Verificamos algumas pessoas com uma capacidade extrema de recordar o mal que lhe fizeram.
Parece que deletar a mágoa é impossível.
 
Tais pessoas seguem azedas, mal-humoradas, tristes, enfermas e bastante desagradáveis.
 
Experimentar o perdão é o passo mais indicado para que elas harmonizem a alma e sintam a esquecida paz invadir o âmago.
 
6- Caso tal discurso pareça meloso, bobo, fácil de ser dito, complicado demais quando sofremos uma agressão intensa, acredito que o assunto pede uma reflexão com bastante objetividade e sabedoria.
 
Se jamais perdoamos e preferimos sempre seguir com o sentimento contrário a quem nos feriu, o que podemos ganhar?
Talvez possamos um dia nos vingar ou saber que aquela pessoa sofre, não vive uma boa fase, alimentando, nesse instante, uma sensação de desforra que proporcionará, então,  um prazer inimaginável!
 
Isso é mesquinho demais!
 
7- A vida, a grande dádiva ofertada pelo Pai, sugere alegrias e êxitos.
 
Não consigo perceber como aproveitar essa proposta em paralelo ao rancor e à negação do perdão.
 
Vale ressaltar que o perdão sugere ficar antes magoado.
Aquele o qual dificilmente ou nunca se sente magoado, logo, não terá a necessidade de perdoar.
Percebam que o problema começa nessa atitude de parecer um ser intocável, como se fosse uma louça frágil, aquele ou aquela que jamais suporta escutar algo menos carinhoso, pois precisa sempre prencher a lacuna da sua vã vaidade.
 
Tudo isso é uma grande bobagem!
 
8- Durante o convívio social, discordarão da gente, escutaremos várias vezes palavras duras, em diversas situações alguém causará uma decepção profunda, a ferida gerada por uma traição talvez venha perturbar nossas almas, a dor do desalento suscitada por uma enorme frustração fatalmente virá etc.
 
O que fazer?
Jamais perdoar, considerando o ofensor a pessoa mais desprezível e indigna ou mudar o foco oferecendo a dádiva do perdão?
 
9- Se optamos pela primeira alternativa, nada mais nada menos teremos do que o mundo até o momento conhecido.
Esse mesmo mundo o qual achamos tão violento, frio, cruel, no entanto que segue dessa forma exatamente porque a maioria parece que não consegue perdoar.
 
10- Adotando a segunda alternativa, ressaltaremos a vontade de elaborar um mundo melhor, mais justo, menos egoísta, menos implacável, que dá uma oportunidade nova ao indivíduo arrependido, que não esquece as mil oportunidades que Deus nos oferece, que, revelando esperteza, evita uma mente e um corpo facilitando enfermidades.
 
Adotar a segunda alternativa, portanto, é ser alegre, confiante, inteligente e otimista.
 
Um abraço!
 
Ilmar
Enviado por Ilmar em 23/08/2012
Reeditado em 24/08/2012
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