1- Algumas vezes conversando, apresentei uma opinião otimista e reclamei dizendo ao meu interlocutor ou a minha interlocutora “Você é muito pessimista!”.
Logo a pessoa afirmou que não era pessimista, mas realista.
 
Este artigo pretende discutir algo sobre quem são os otimistas, pessimistas e realistas, desfazendo eventuais confusões na interpretação de cada personalidade.
 
2- À medida que nos tornamos adultos, a vida exige que a atitude realista seja desenvolvida.
Certamente não podemos crescer imaginando que Papai Noel surgirá no Natal trazendo um presente nem podemos, possuindo mais anos, temer a ameaça da Cuca quando erramos.
 
É óbvio que as fantasias pertinentes à fase infantil não são toleráveis durante a vida adulta.
 
Vale ressaltar, entretanto, dois pontos interessantes!
 
* O ato de crescer e encarar a realidade conforme ela é nada tem a ver com o fato de nos tornarmos ranzinzas com o passar do tempo. Há indivíduos que misturam uma coisa com outra.
Muitos adultos são azedos, desagradáveis, intoleráveis, justificando essa forma de ser dizendo “Não sou mais criança!”.
 
A alegria, o bom humor, a descontração e a espontaneidade peculiar às crianças deveria nos seguir sempre.
Tal postura, sem dúvida alguma, ressalta saúde e faz muito bem.
 
Costumo ter os meus “instantes infantis” e valorizá-los, aliviando assim todas as preocupações que a realidade adulta suscita.
 
* Acho também vital evitar o amadurecimento precoce das crianças.
 
Se uma criança espera a vinda do Papai Noel, se tal fantasia embala os seus pensamentos, por que tirar essa fantasia dela?
Por que fazer questão de contar a verdade?
 
Há alguma explicação capaz de elucidar a razão de algumas crianças andarem por aí discutindo relacionamentos ou correndo atrás de conquistas amorosas?
Cadê as brincadeiras que acompanharam a minha infância e quase não observamos atualmente?
Por que antecipar aquilo que naturalmente as crianças um dia experimentarão?
Por que a pressa?
 
Eu diria que esse comportamento, além de estúpido, chega a ser perverso.
 
Como eu gostaria de voltar ao período em que temia as “caretas” durante o Carnaval!
Na ocasião eu podia deitar no colo de minha mãe e ficar bem tranqüilo...
 
Por favor! Se você é responsável por alguma criança, deixe que ela viva sua infância com intensidade!
 
3- Após o correr das primaveras, a vida nos convida a ser realista, ou seja, ela pede que ganhemos o nosso pão, que tenhamos a nossa habitação, que paguemos as nossas contas, enfim, que assumamos um monte de responsabilidades, pois não podemos mais esperar que os outros decidam nem ajam no nosso lugar.
Nessa ocasião, percebemos bem que os contos infantis, as fantasias e a ficção, tão legais e bacanas, não prevalecem na vida real com suas exigências inevitáveis, implacáveis e definitivas.
 
Eis o choque natural que todos vivenciam, porém com o qual todos se acostumam numa boa.
 
Ser realista, portanto, é enfrentar a rotina e os desafios da vida sem ilusões, com eficácia, objetividade e responsabilidade.
 
4- Nessa jornada, várias vezes, sendo realista, haverá situações em que poderemos ser otimistas ou pessimistas.
 
Vivenciando uma ameaça, alguém imaginará a concretização da tragédia, aumentará as dificuldades visualizadas, optará pelo desespero enquanto outra pessoa acreditará na superação tranqüila do obstáculo e permanecerá sereno.
 
Noutra ocasião, diante de uma infelicidade concretizada, alguém lastimará demais, ressaltando uma revolta exagerada; já outro conseguirá enxergar o lado positivo do problema, buscará alguma lição referente ao acontecimento, remediará o mal já colhido, no entanto evidenciará ainda um grande equilíbrio.
 
São duas atitudes, uma assinala os atos do otimista, aquele que sempre espera o êxito e acredita profundamente no sucesso.
Esse, mesmo enfrentando o mal, consegue aprender algo e sai amadurecido.
 
A outra pessoa, o pessimista, lastima antes e muito mais depois. Nunca espera o êxito, porque sempre acredita que tudo vai dar errado.
 
Ao contrário, para o otimista já deu certo.
Caso algo dê errado, ele encara a situação e parte para outra já que o que não tem remédio, remediado está.
 
5- Imagino que a saúde deve acompanhar com mais assiduidade quem é otimista, entretanto respeito a possibilidade de alguém preferir ser pessimista.
 
É importante que cada um compreenda bem o que é, contudo não sejamos pessimistas alegando que, dessa maneira, estamos sendo, na verdade, realistas.
Eis um equívoco lamentável e absurdo.
 
Conforme vimos, os dois devem encarar a realidade como ela é, ou seja, os dois precisam ser realistas.
 
A diferença está na ênfase mental e emocional de cada um.
 
O otimista não nega a realidade, não vive mergulhado num mundo fantasioso ou ilusório, no entanto, se há uma dificuldade, se existe alguma ameaça, vivenciando determinada expectativa perigosa, experimentando uma situação difícil, ela dá ênfase ao pensamento positivo, ele imagina que a dificuldade pode ser superada,.
Caso a dificuldade surja, ele a enfrenta sem ressaltar desespero ou expressar a reclamação inútil a qual nada resolve.
Quando tudo não passa de uma ameaça, por que esperar o pior?
Ele não sofre antecipadamente, não faz uma tempestade num copo d'água nem chora o leite derramado.
 
O pessimista sempre espera o pior quando há uma ameaça, sua interpretação é a mais trágica possível, reclama bastante, nada enxerga de positivo.
Caso algo o surpreenda favoravelmente, desconfia demais e prevê o agravamento do mal, pois, na sua cabeça, só existe o ruim e tenebroso.
O pessimista demonstra desespero, mau humor, palavras desanimadoras, enfim, tudo ele enxerga ou pinta como catastrófico.
 
A realidade, conforme podemos perceber, é a mesma para os dois, mas os dois a encaram segundo uma ótica muito diversa.
 
6- Para finalizar, vejamos um exemplo!
 
O céu está nublado.
Há nuvens que lembram os tradicionais filmes de terror.
Sopram ventos que arrepiam até os guerreiros valentes.
 
Ambos, sendo realistas, verificarão que o céu está nublado, percebendo, então, que há a iminência de uma tempestade.
 
Se o céu está nublado da forma descrita, não dá para dizer que está lindo ou sugerindo um romance na praça.
 
Notaremos, entretanto, uma diferença crucial a partir de agora...
 
Escutaremos o pessimista dizer “Droga! Vai cair um dilúvio, estou despreparado, vou me molhar todo. Talvez eu pegue uma pneumonia!”
 
O otimista dirá “Talvez dê tempo da gente chegar em casa até a chuva cair!”
 
Eu pergunto: O otimista fugiu da realidade? Ele falou alguma incoerência? Podemos acusá-lo de negar os fatos?
 
Claro que não!
O céu intensamente nublado anuncia a inevitável tempestade, porém ela pode começar daqui a cinco minutos ou daqui a quinze minutos.
O otimista diria que começará exatamente daqui a trinta segundos.
 
Eis a questão, meus caros!
O que diferencia o pensamento otimista do pensamento pessimista é o tipo de ênfase dada a uma situação.
 
Sobre o exemplo oferecido, você que me lê também pode ser otimista ou pessimista.
 
Será que choveu imediatamente ratificando a expectativa do pessimista?
 
Se isso ocorreu, imagino que o otimista seguiu pensando o seguinte “Vou me molhar! Que chato! Mas é só uma forte chuva. Vou apressar os passos! Quando eu chegar em casa, me seco, tomo um banho, visto uma roupa limpinha e me aqueço.”
 
Caso não tenha chovido imediatamente, o otimista sorriu satisfeito, pois o seu palpite deu certo.
 
E o pessimista? Será que ele sorriu?
Ou será que, chegando em casa, não tendo a chuva como pretexto para suas trágicas previsões, passou a imaginar novos desastres alegando qualquer justificativa ou a ressaltar outros possíveis perigos?
O que vocês acham?
 
Concordo! É impossível saber como ele reagiu.
Afinal de contas, cabeça de pessimista é muito complicada!
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 31/08/2012
Reeditado em 01/04/2013
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