ORAÇÃO - Um universo a ser conhecido

A oração é fundamental para todo processo de religiosidade e consta de praticamente todos os rituais levados à prática por organizações, como é o exemplo do islamismo, onde orar voltado para Meca, algumas vezes ao dia, é obrigatório, ou dos cultos a antepassados, conduzidos em religiões orientais.

Isso nos leva a avaliar se o orar nada mais é do que uma forma do homem se afastar de sua realidade que, via de regra, desafia sua tranqüilidade, ou existe realmente um efeito prático a partir de um “contato” direto com o Senhor do Universo.

A resposta para tal questionamento oferece duas alternativas. A primeira leva a oração como reza, repetição e atitude mecânica. A segunda mostra que orar pode, e deve, estar dirigida para um “diálogo” com Deus.

No que se refere à primeira situação, Jesus nos orienta de forma bastante clara:

“E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam seu galardão”.

“Mas tu, quando orares, entra no teu aposento, e fechando, a porta, ora a teu Pai que está em oculto; e teu Pai, que vê secretamente, te recompensará:”

“E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos”.

“Não vos assemelheis, pois a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes.” (Mt 6:5-8)

1. A oração voltada para a prática religiosa e não como parte da “verdadeira religião” (Tg 1:27), que nos une a Deus não tem seu objetivo corretamente dirigido.

2. Além de advertir sobre tal equívoco, as palavras do Mestre nos deixam transparecer uma outra coisa, a realidade de que há previsão de “galardão” a partir da oração, que neste caso se perde.

3. O “entrar no quarto” pode ser entendido sob dois enfoques, ou seja, aquele materialmente voltado para o isolamento físico de um ambiente segregado, ou a introspecção de mergulharmos lá dentro de nosso coração.

4. Deus “ver em oculto” significa que Ele não precisa se apresentar de forma visível para que tome ciência do que estamos pedindo, e, mais uma vez surge a afirmação da “recompensa da oração”.

Uma outra lição que se encontra nas palavras de Jesus é aquela que reforça o erro existente em petições feitas a “imagens”, que não estão em oculto, que são visíveis, mas cujo poder é igual a sua própria condição estática de figuras de pedra, barro, metal, ou madeira (Sl 115:1-18).

Bilhões de pessoas no nosso século adoram imagens e símbolos, dada a sua falta de fé em se pautar no futuro e no invisível (Hb 11:1), como agiram os filhos de Israel no deserto (Ex 32:1-5).

5. Vãs repetições tratam de algo que não pode ser confundido com o “insistir em oração”, aspecto que voltaremos a avaliar mais adiante, mas está ligado ao “recitar mantras”, de forma decorada, ou cumprir rezas, que, com o tempo, não mais motivam nossa mente e se “desenrolam” automaticamente, do homem para o homem.

6. Este texto bíblico prossegue por uma vereda extraordinária, que iremos analisar, mas destaca-se até este ponto que Deus tem conhecimento daquilo que nós precisamos, mesmo que nada venhamos a dizer, o que não altera a importância do “pedir”.

Abordada a forma que poderia ser considerada como “inerte” em relação ao orar, aquela que se encerra na própria expressão do falar, diante dos outros, palavras que não chegam ao trono de Deus, deveríamos considerar a segunda possibilidade, a “oração efetiva”.

A primeira preocupação que envolveu até mesmo os discípulos de Jesus é aquela da oração correta e, felizmente, dispomos de um “modelo” perfeito que nos foi legado por Jesus. Veja que estamos falando de um “modelo” e não de uma fórmula para ser decorada e repetida, pois isso nos levaria à situação primeira, da “reza formal”.

“E aconteceu que, estando ele a orar num certo lugar, quando acabou lhe disse um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos”.

“E ele lhe disse: Quando orardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome; venha o teu reino”.

“Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano”;

“E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos quem nos deve; e não nos conduza a tentação, mas livra-nos do mal”. (Lc 11:1-4)

Essa mesma orientação se encontra na continuação do texto que já registramos no Evangelho de Mateus:

“Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome;”

“Venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus;”

“O pão nosso de cada dia nos dá hoje;”

“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos os nossos devedores;”

“E não nos induzas à tentação; mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém.” (Mt 6: 9-13).

Esta oração pode ser dividida em partes que encerram objetivos claros e muito amplos nos lugares celestiais:

PARTE A: O nome de Deus é santificado, representando uma forma de louvor e adoração. Isso pode parecer um tanto relativo, pois nem sempre as coisas são boas e interessantes, mas a ordem básica é “Em tudo dai graças” (I Ts 5:18).

PARTE B: O Reino de Deus é o objetivo maior, e isso representa exatamente a orientação de Jesus na escala de prioridades, o Reino primeiro e o resto depois (Mt 6:33).

PARTE C: Submissão à vontade de Deus, que sabe melhor do que nós o que é bom, agora e para a eternidade. Atende uma chave da resposta das orações, pedir segundo a vontade divina (I João 5:14).

PARTE D: Pedir o suprimento das coisas materiais, mas não para ser detentor de poder, possuir riquezas, mas para ser suprido naquilo que é necessário como foi o povo de Israel por quarentas anos no deserto (Ex 16:35), e poder afirmar as mesmas palavras de Davi: “O Senhor é meu pastor eu não terei necessidade” (Salmos 23:1).

PARTE E: O perdão do pecado é colocado como um elemento importante, e se vincula à nossa maneira de tratar os outros, cumprindo o mandamento de Jesus, de amor uns para com os outros (João 15:17;I Pe 1:2; I João 3: 11-14).

PARTE F: Apresenta a necessidade de livramento diante das provações e tentações que estarão sempre presentes na vida do homem, uma vez que nossa luta não é contra carne e sangue, mas nos lugares celestiais, enfrentando potestades imensas ( Ef 6:12).

PARTE G: Presta um tributo absoluto a Deus, entendendo e afirmando que Ele é o detentor do poder e o único digno de glória (Isa 42:8;Ap 4:1I Cor 10:31 ).

Se voltarmos aos tempos do Velho Testamento, vamos encontrar uma grande quantidade de exemplos ligados à prática da oração, nas mais variadas formas e circunstâncias, como é possível “ver” nos que seguem:

Abraão:

Embora possa parecer para alguns que o presente registro bíblico não trata de uma prece, simplesmente porque está focado na metodologia canônica do orar, que já vimos não é aquela correta, a “conversa” que existiu entre Deus e este homem, chamado “pai da fé” , foi uma “oração fantástica”:

...“Disse o Senhor: Ocultarei a Abraão o que estou para fazer?”...

“Então, partiram dali aqueles homens e foram para Sodoma, porém Abraão permaneceu ainda na presença do Senhor”.

“E, aproximando-se a ele, disse: Destruirás o justo como o ímpio?”

“Se houver, porventura, cinqüenta justos na cidade, destruirás ainda assim e não pouparás o lugar por amor dos cinqüenta justos que nele se encontram?”...

...“Então disse o Senhor: Se eu achar em Sodoma cinqüenta justos dentro da cidade, pouparei a cidade toda por amor deles”...

“Disse ainda Abraão: Não se ire o Senhor, se falo somente mais esta vez: Se, porventura, houver ali dez? Respondeu o Senhor: Não destruirei por amor dos dez”.

“Tendo cessado de falar a Abraão, retirou-se o Senhor: e Abraão voltou para o seu lugar”. (Gn 18: 22-33)

1. Observe o “interesse de Deus” em poder “dialogar” com o homem.

2. O elemento central de uma oração é o “entrar” e o “permanecer diante de Deus”, o que acontecia com Abraão.

3. A atitude de “permanecer”, envolve uma certa “teimosia santa”, onde o homem busca e busca, não porque tenha o direito de exigir de Deus, mas sim por “confiar” nele. E isso agrada ao Senhor (Hb 1:6).

4. A palavra afirma que existe um poder incrível na oração dos justos e, principalmente na intercessão de uns para com os outros, como nos mostra a ordem específica a respeito (orai uns pelos outros:Tg 5:16) e o caso de Jó, que, inclusive, “foi liberto quando orava pelos seus amigos” (Jó 42: 10-17).

5. A posição de Abraão foi muito sábia, pois “puxou” a benção de Deus a partir dos fundamentos de seu agir que são, a misericórdia e a justiça (Sl 9:8; Sl 36:6;Sl 48:10;Sl 89:14;Sl 97:2;Isa 30:18;Ex 34:7;Dt 5:10;Sl 103:17Sl 118:1Sl 119:156;Lm 3:22; I Pe 1:3).

6. Embora tendo a aquiescência do Senhor para seu primeiro pedido, Abraão foi “mais fundo” em suas pretensões e pediu mais, dentro, porém, de um mesmo objetivo, isso é o que se chama viver “de fé em fé” (Hb 10:38).

7. Houve um momento em que a argumentação de Abraão cessou, pois sabia que existe um limite possível para o perdão e a benevolência, não podendo ser ultrapassados (Dt 6:16;Isa 7:12;Lc 4:12;At 15:10;Hb 3:9). João nos fala de oração pelo pecado, que pode, ou não “ser para a morte” (I João 5:16).

8. Todo o conteúdo dessa “oração especial” mostra que Deus dá mais valor a um justo do que as falhas de muitos ímpios. Se existissem “dez” justos em uma cidade de milhares de pecadores pervertidos, assim mesmo, permaneceria o amor de Deus, que “não tem interesse na morte do ímpio” (Ez 18:23).

9. Eis, diante de nós, algo de abismar, pois tanto Abraão como o Senhor, depois de sua “conversa/oração” se retiraram de onde estavam, o que nos mostra que o lugar absoluto de Deus (num santo e sublime lugar habito: Isa 57:15), como os lugares comuns do homem não são, exatamente, o lugar da oração, que é algo especial, entre a terra e o céu, onde dialogamos.

Elias:

Diante do desafio dos profetas de Baal, que já tinham feito todas as suas “orações rituais”, com direito a musica, dança, acrobacias e até flagelação, pronunciou uma breve petição que, no entanto, ia diretamente ao encontro da realidade da ação divina, que é a glória do seu nome e a proteção daqueles que e lhe são fiéis.

...“No devido tempo, para se apresentar a oferta de manjares, aproximou-se o profeta Elias e disse: Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Israel, fique, hoje, sabido que tu és Deus em Israel, e que eu sou teu servo e que, segundo as tua palavra, fiz todas estas cousas”.

Responde-me, Senhor, responde-me, para que este povo saiba que tu, Senhor, és Deus e que a ti fizestes retroceder o coração deles”.

Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha, e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego”... (I Rs 18:20-40).

1. A exaltação para com Deus, como vimos na “oração modelo”, é fundamental para a obtenção de resultados.

2. Agir segundo a Palavra se torna requisito indispensável no procedimento da oração, pois isso nos coloca na “sintonia correta”.

3. Não é preciso temer os desafios e procurar “abrandar as coisas”, ou “facilitar” para Deus, para ele até as “grandes ondas do mar são nada” (Sl 93:4), que tal alguns baldinhos de água?

Jonas:

Um homem que não poderia ser considerado um exemplo de dedicação às ordens de Deus, mas que, de qualquer maneira, era seu servo e seu profeta, e, quando sua própria rebeldia o levou ao ventre de um peixe, orou e foi atendido:

“E orou Jonas ao Senhor, seu Deus, das entranhas do peixe”...

“Falou, pois o Senhor ao peixe, e ele vomitou a Jonas na terra”. (Jonas 2: 1-10)

A oração é contato específico com Deus, é comunhão por meio de uma linha direta, mas isso não significa dizer que pessoas que andam muito próximas de Deus não precisem fazer uso dela constantemente, como nos mostra a Palavra.

“Respondeu-lhe Jesus: Não te disse eu que, se creres, verás a glória de Deus?”

“Tiraram, então, a pedra. E Jesus, levantando os olhos para o céu, disse: Pai, graças te dou porque me ouvistes.”

“Aliás, eu sabia que sempre me ouves, mas assim falei por causa da multidão presente, para que creiam que tu me enviaste...” (João 1:1-46).

1. Jesus sequer faz um pedido, mas sim agradece por algo que já estava decidido.

2. A sua palavra buscava levar fé para as pessoas que sabiam que Deus atende os que são a Ele ligados, o que se aplica à sua vida e a minha, pois temos que ser a “Luz do mundo e o sal da Terra” (Mt 5: 13-16).

A oração tem um poder tão especial que, em verdade, altera as situações que já estão, inclusive, definidas, como foi o caso do rei Ezequias, cuja sentença de morte tinha sido determinada pelo próprio Deus, por meio do profeta Isaias:

“Naqueles dias Ezequias adoeceu duma enfermidade mortal: e veio a ele Isaías, filho de Amós, o profeta, e lhe disse: Assim diz o Senhor: Põe em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás”.

“Então virou Ezequias o seu rosto para a parede e orou ao Senhor”...

...“E chorou Ezequias muitíssimo”.

“Então veio a palavra do Senhor a Isaias dizendo:”

“Vai e dize a Ezequias: assim diz o Senhor, o Deus de Davi teu pai: Ouvi a tua oração, e vi as tuas lágrimas; eis que acrescentarei aos teus dias quinze anos”.... (Isa 38:1-22).

Este relato bíblico nos oferece uma outra “chave” para a oração efetiva, que é a “determinação pela qual nos dirigimos ao Senhor”.

O texto já citado de Isaias 57:15, nos mostra que o Senhor se “desloca” do seu lugar alto e sublime e vem habitar com o abatido e contrito, por essa razão as lágrimas do rei chegaram até o trono e Deus resolveu “mudar” a sua própria determinação em favor de um homem, que, dentro de suas limitações naturais, tinha sido correto diante dele.

Jesus, igualmente, nos apresenta uma lição que fala de ações terrenas que estabelecem resultados na eternidade:

“Em verdade vos digo que tudo que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo que desligardes na terra será desligado nos céus”.

“Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai que está nos céus.”

“Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí, estou eu no meio deles”. (Mt 18:18-20).

Ainda outras lições nos são fornecidas por estas palavras, dentre as quais se destaca “a importância da oração conjunta e da oração uns pelos outros”, já mencionadas pelas palavras do apóstolo Tiago (Tg 5:16).

Não vamos pensar que tal procedimento se resume a “aglomerar pessoas”. É indispensável que haja um mesmo espírito, e que Jesus seja o objetivo de todos. Caso contrario estaremos meramente nos unindo a multidão, onde cada qual pensa em si mesmo e presta atenção nos eventos da reunião que mais lhe interessam, ou mesmo, nas falhas dos outros.

Uma das razões para essa oração em grupo e da intercessão de uma pessoa para com a outra reside no fato de que existem “impedimentos” para que a oração “suba e retorne com os resultados”.

Poderíamos separar tais “impedimentos” em dois tipos:

A – Impedimentos de natureza eventual: Passageiros na medida em que tomamos certas providências para saná-los, como é o caso das falhas e dos pecados, que, confessados e abandonados são perdoados (I João 1:9), mas que enquanto em vigência “barram” nosso contato com o Eterno:

”Eis que a mão do Senhor não está encolhida, para que não possa salvar; nem o seu ouvido agravado, para que não possa ouvir”.

“Mas as vossas iniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus: e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça”. (Isa 59:1-2)

B – Impedimentos de natureza permanente: É o caso das ações das potestades que agem nos ares e tentam impedir que a resposta aos pleitos de “justos homens de Deus” não chegue até eles, como nos exemplifica o episódio de Daniel:

...“E me disse: Daniel, homem mui desejado, está atento que vou te dizer...”

...“Então me disse: Não temas, Daniel, porque desde o primeiro dia, em que aplicaste o teu coração a compreender e humilhar-te perante o teu Deus, são ouvidas as tuas palavras; e eu vim por causa das tuas palavras”.

“Mas o príncipe do reino da Pérsia se pôs defronte de mim vinte e um dias, e eis que Miguel, um dos primeiros príncipes, veio para ajudar-me, e eu fiquei ali com os reis da Pérsia.”

“Agora vim , para fazer-te entender o que há de acontecer ao teu povo nos derradeiros dias”... (Daniel 10: 1-21)

Nesse caso, a oração em conjunto, estabelece um trabalho de equipe, como exemplificado na tomada de Jericó (Josué 6:1-27), ou na vitória de Gideão contra os amalequitas (Juízes 7: 1-25).

Em um exemplo atual e simples poderíamos dizer que “enquanto o adversário marca um jogador famoso e o impede de marcar o gol, esse passa a bola para outro, menos conhecido e, portanto, menos marcado e o tento é lavrado”.

É assim que o diabo procura barrar as ações do “pastor” ou de um obreiro bem exposto na igreja, mas é “levado no bico”, pela oração daquela velhinha que está no último bando da igreja, e da qual ele se descuidou.

O pastor pode estar bem preparado, mas é o mais marcado, enquanto que outros estão agindo em oração por ele e o apóiam de forma excepcional. Lembre-se que a igreja é um “corpo” e que cada “membro” cumpre uma tarefa, não existindo ninguém melhor ou maior (I Cor 12:12-31).

Se não somos “muito motivados para orar”, torna-se necessário conciliar dentro da nossa mente, e isso é um ato de fé, a realidade que, embora Deus saiba exatamente do que precisamos, antes mesmo que tenhamos aberto nossos lábios (antes de abrir a boca: Isa 65:24 ), é fundamental que nossas petições sejam formuladas e “encaminhadas” ao Senhor do Universo (sejam conhecidas as petições: Fp 4:6).

Será que depois dessas considerações estamos mais próximos de orar de forma efetiva? Não resta dúvida que estando nossa meditação fundada na Palavra, que é a verdade , quanto maior nosso conhecimento, melhor estaremos agindo e com mais fé:

Examinais as Escrituras e fazei bem: João 5:39

A Palavra é a Verdade: João 17:17

Conhecerei a Verdade e ela vos libertará: João 8:32

A fé vem pelo ouvir a Palavra: Rm 10:17

Temos, contudo que entender que a oração é uma forma de comunicação entre dois universos, o nosso, que sempre terá algo de material, e o eterno, onde a realidade de Deus é algo infinitamente superior a nossa melhor imaginação (I Cor 2:9).

Nesse momento duas informações são preciosas: A primeira é que o Espírito Santo age em nosso favor “traduzindo nossas orações”. A segunda é que Deus nos dá mais do que pedimos ou imaginamos.

...“E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos enexprimíveis”.

“E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”.

“E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados por seu decreto”.

“Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conforme à imagem de seu Filho; a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos”.

“E aos que predestinou a estes também chamou: e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou”.

“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”

“Aquele a que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?”... (Rom 8: 18-39).

Este trecho bíblico encerra uma série de informações preciosas, que, além daquela da intercessão do Espírito em nosso favor, abrange a realidade que Deus nos oferece o que é, ao mesmo tempo, útil para o indivíduo, 1que deve ser “santo”, e também para o seu reino.

Acontece de pedirmos coisas que seriam justas e corretas naquele momento e para nosso uso particular, mas que não iriam alcançar os objetivos eternos, uma vez que Deus deseja que todos os homens se salvem (I Tm 2:4 ), e se isso depender de que passemos por certos “apertos”, não será diferente.

Jesus afirma que devemos “buscar o reino em primeiro lugar e que o resto nos será “automaticamente” acrescentado”, e é esse mesmo o sentido das palavra de Paulo que afirma a benção completa de Deus, “juntamente com Cristo”, e não de forma separada.

Daniel, que já citamos, Jonas, Moisés, Gideão, Abraão, Paulo e mesmo Jesus, não consideraram suas missões “uma moleza”, a ponto de o Mestre orar ao Pai pedindo que o “cálice fosse passado dele” (Mc 14:36), mas, aceitaram a vontade eterna, pois sabiam que as aflições do hoje nada são diante da eternidade (Rm 8:18).

É a Deus que compete o planejar e o realizar, na vida dos que aceitam a realidade de Cristo, e, por essa razão, devemos aceitar a sua vontade, pois Ele, embora não nos pareça de imediato, é a melhor, agora e na eternidade.

Essa realidade lança luz sobre a questão da insistência que nos é ensinada por Jesus na parábola do juiz iníquo (Lc 18: 1-8), uma vez que Deus é bom, quer nosso bem, mas seus planos, dada a sua amplitude no tempo e no espaço as vezes requerem uma espera de nossa parte, e nesse momento temos que nos manter “firmes” (Rm 1:20; I Cor 15:58; I Cor 16:13;I Pe 5:12), nunca esmorecendo, ou achando que não seremos atendidos.

A freqüência proposta para a oração pela Palavra nos indica que ela pode acontecer em qualquer, hora, local ou circunstância:

...“Orai sem cessar”.... (I Ts 5:152.)

Não podemos deixar desapercebido o fato de que esta recomendação está no cerne de um conjunto de outras que tratam de nossa condição de alma e de espírito diante de Deus, válidas 24 horas por dia, como, por exemplo: Regozijar-se, tratar bem aos outros, atentar para as ações do Espírito, inclusive as mensagens proféticas verdadeiras, afastar-se do que parecer mal e ser prudente no exame de tudo, colecionando o que é bom.

Este é um tema que permitiria uma avaliação mais ampla do que a que foi apresentada, mas devemos, em favor da racionalidade da meditação encerrá-la e para isso faremos somente uma última consideração interessante, mas que talvez não esteja presente na mente dos que nos ouvem ou lêem, refiro-me ao “orar em línguas”.

Paulo, ao nos instruir sobre os dons espirituais, fala sobre o dom das variadas línguas e sobre a interpretação dessas línguas (I Cor 12:1-11).

As manifestações do batismo no Espírito Santo, trazidas na Bíblia, incluíam, via de regra, a manifestação das línguas estranhas, embora esse não seja um sinal único e exclusivo.

Acontece que seja no falar em línguas, que reafirma o batismo, ou em variadas línguas que têm uma função igual a profecia quando interpretadas, estamos usando um “código espiritual”, que não é entendido pela mente humana e nem pelo diabo e seus seguidores.

“Segui a caridade, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar”.

“Porque o que fala língua estranha não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios”. (I Cor 14:1-2)

Como já mencionamos, a “oração” é uma arma contra os inimigos espirituais, uma vez que é parte da batalha eterna. Eis então uma forma de utilizar as línguas como uma forma de “ludibriar” nosso adversário e deixá-lo “às escuras” quanto ao sentido da oração. É uma boa estratégia, e, de qualquer forma, O Espírito Santo irá “polir” o que dizemos, antes que a mensagem chegue até os céus, não fazendo muita diferença se a entendemos ou não.

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Pastor Elcio
Enviado por Pastor Elcio em 22/02/2007
Código do texto: T389331