Fundamentalismo ético

Por muitos anos a religião organizada criou em nossa sociedade ocidental amarras ao instinto humano, a ideia de pecado, a culpa e o sofrimento por qualquer digressão religiosa. Em nossa sociedade ocidental intelectual moderna, com a queda do fundamentalismo religioso, criou-se o fundamentalismo ético. Crescemos nessa nova sociedade com esse novo pecado original na consciência. Esse novo pecado global onde tudo estar ligado a tudo, onde o mundo tornou-se uma rede de medos e aflições, o homem moderno conscientemente ético, é o homem que compra tomates a 13 reais o quilo, pois aqueles éticos tomates vêm de fazendas éticas de pequenos produtores, que não usaram agrotóxicos, e que são vendidos em supermercados que só vendem produtos éticos e pagam salários éticos. Esse novo homem moderno onde suas vontades, desejos e ambições têm que passar pela lei fundamental da natureza, que só descoberta na modernidade, que é a “ética moderna”.

O homem moderno nada mais é do que um “ursinho carinhoso”, um homem desprovido dos direitos de territorialidade, pois não a nada mais anti-éticos que dizer “isso é meu”. Nesse novo mundo tenho que ver meus avós como coitados e inocentes que foram explorados pelas classes dominantes. Recuso essa ética do fraco e do coitado, do necessitado, não, nosso povo é formado de seres humanos fortes, homens que vivem em terras secas, esse homem nordestino, valente e esperto, homens que não se achavam coitados e analfabetos, eram homens que mesmo sem um dia sequer ter pisado na escola, passavam respeito pelo que sabiam, e mesmo sem saber ler, se precisasse enganavam os mais inteligentes doutores, esse homem nordestino que não ficava chorando porque a vida não lhe deu as melhores oportunidades, pois ele as criava. O que fez de meu povo ser grande, foi também coisas que atualmente são vistas como pecados modernos, aquele instinto patriarcal, mas generosos com os seus, sua desconfianças com tudo e todos, esse homem que não tinha nem orgulho e nem vergonha de ser pobre, só eram quando eram.

O que acredito é que esse homem fundamentalmente antiético foi quem ajudou a levantar as bases republicanas desse país, esse homem que quando rico é visto com o mal encarnado atualmente, e quando pobre é visto como um coitado, tem sua moral jogada fora, e se transformando sempre na dicotomia moderna de vilão ou mocinha, nesse nova moral ele nunca será herói.