A PRAIA DE LUCENA

O poeta é um sonhador da história de sua vida, de seu povo, de sua aldeia e do seu tempo, centelha que o tempo não apagará.

Francisco de Paula Melo Aguiar (*)

Em lendo as páginas 29/30, do livro: HOMENS DO BRASIL (Em todos os ramos de 1550 aos nossos dias), volume II, denominado de PARAHYBA (PARAHYBANOS ILUSTRES), de autoria de LIBERATO BITTENCOURT (Major de Artilharia; Doutor em Matemática e Ciências Físicas; Engenheiro Militar; Lente e Instrutor de Estradas da Escola Militar; Diretor do Ginásio Federal; Sócio Efetivo do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro; Honorário do Instituto de Sergipe; Correspondente do de Pernambuco; do da Parahyba; do Ceará e do de Santa Catarina; Condecorado com a Medalha do Mérito Cientifico de 1ª classe da Academia de Palermo e com a Medalha de Prata de Mérito Militar), escrito especialmente para a mocidade das escolas parahybanas, publicado pela Livraria e Papelaria Gomes Pereira, Editor, Rua Do Ouvidor, nº 91 – Rio de Janeiro – 1914, encontrei informações referente a vida e obra de AMÉRICO AUGUSTO DE SOUZA FALCÃO, poeta afamado que nasceu no dia 11 de fevereiro de 1880, na Praia de Lucena, então Município de Santa Rita, fazendo seus primeiros estudos no LYCEU PARAHYBANO, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Recife, em 1908, com grande imaginação e superior inteligência, dedicou-se com felicidade a poesia, sendo considerado em sua terra um dos poetas de mais feliz inspiração. Improvisava com extrema facilidade. Era de alta estatura, de franzina organização, moreno, strabico, feioso: mas tinha afáveis modos, boas maneiras e conduta rigorosamente exemplar. Foi um dos redatores do Jornal da União, funcionário da Secretaria da Polícia e sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano. Publicou os livros de versos: “AURAS PARAHYBANAS”, “PRAIAS”, “CANÇÕES PRAEIRAS” e “VISÕES DO MIRIRY”. Da lira de Américo Falcão se tem um valor aproximado com as leituras das seguintes e encantadoras poesias que passo transcreve-las:

“PRAIA – Das alturas da Serra tu desceste; E aqui chegaste... E agora ao regressares, vão contigo meus lugubres cismares... Visão bendita, que destino é este?... Maguas somente em meu semblante leste; E por isso recorda meus pesares; Quando em caminho, além descortinares; A formosa cidade em que nasceste! Leva em tua alma a dulcida lembrança; Das noites de luar da minha terra; Noites feitas de amor e de esperança. Em teus sonhos de luz sempre hás de vê-las ; Ao chegares feliz naquela Serra. Vendo-te lá mais perto das estrelas.

PROMESSA – Hei de um dia levar-te à minha Praia; Minha formosa e cândida morena; Para mostrar-te a vaga que se espraia; Numa tarde de amor calma e serena... Verás nuvens passar, fina cambraia; Na minha Aldeia plácida e pequena; E então dirás a vaga que desmaia: Como é bonita a Praia de Lucena! E eu sorrirei mostrando-te a jangada; Que de alto mar regressa valorosa; Buscando altiva a praia desejada... E após isto ao sombreiro dos Palmares; Irão em romaria luminosa; Meu olhar, teu olhar, nossos olhares!”.

Pelos feitos dos grandes homens, a exemplo de Américo Falcão, melhor se chega a incutir no espírito varonil da mocidade estudiosa, que mesmo antes de Lucena ser politicamente emancipada do Município de Santa Rita, fato que só ocorreu na década de 1960, ele já exaltava em versos e prosas (antes de 1914) seu amor filial por sua TERRA natal.

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(*) Membro da Academia Paraibana de Poesia/Academia de Letras do Brasil.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 13/10/2012
Reeditado em 15/09/2015
Código do texto: T3930760
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