DESEMPREGO OU FALTA DE MÃO DE OBRA?

O emprego no Brasil cresce desde a estabilização da moeda há quase vinte anos. Claro que há algumas oscilações, mas de um modo geral há crescimento. Este ano de 2012 o número de desempregados deve ser maior que no ano anterior. No entanto, as empresas têm uma dificuldade muito grande para suprir as vagas.

O aumento do valor dos salários não foi acompanhado de políticas públicas na formação de pessoal, coisa que normalmente fica para as empresas. Estas, que deveriam ficar no nivelamento de informações e em treinamentos específicos, muitas vezes precisam se preocupar com cursos muito básicos. Em outras palavras: o aumento dos salários de um carro de corrida, enquanto a qualidade da mão de obra anda na de um carrinho popular.

O que ocorre com a modernização é que até mesmo um “auxiliar de serviços gerais” precisa ter conhecimento de sua função e discernimento. O que se exige dele é que ele seja um “auxiliar administrativo” na hora de economizar tempo e material. O treinamento dado por empresas nem sempre visa melhorar o desempenho, mas minimizar o desperdício.

A nossa legislação do trabalho é a mais complexa do mundo põem, nem de longe, é a mais eficiente. Embora o cumprimento da lei, via Justiça do Trabalho, custe aos cofres públicos quase o dobro que a manutenção da Câmara Federal e Senado com todas as mordomias que todos conhecemos, ela continua sendo injusta. Ao assegurar a inimputabilidade do trabalhador, a estabilidade aos primeiros noventa dias e garantir o recebimento das verbas rescisórias ampliadas, ela promove a rotatividade – principalmente dos não qualificados – e desestimula o aprendizado e premia a mentira. Em outras palavras: Uma legislação gigantesca de execução cara é a maior responsável pelos baixos salários, pela demora na contratação de pessoas e pela baixa qualidade da mão de obra. Se os salários pudessem oscilar livremente, não haveria mais desemprego.

Uma declaração de um empresário de que “quem recebe salário mínimo muitas vezes não merece nem tanto” pode parecer agressiva, mas em certos momentos revela exatamente isso. O investimento em um colaborador é muito alto até que ele se mostre rentável. Quando um micro empresário investe num colaborador, geralmente o perde para uma grande empresa, pois o glamour de fazer parte da equipe de uma empresa renomada, na mente deste trabalhador é mais importante que o valor do salário. Se, anos após a admissão e treinamento, ainda estiver recebendo salário mínimo é porque há algo errado com a empresa ou com ele.

Por outro lado, temos jovens que completam segundo grau, ingressam na faculdade e saem de lá com formação privilegiada, mas sem nenhuma experiência. Temos engenheiros formados, temos os serventes de pedreiros e, no meio, falta uma enormidade de técnicos. Os alunos passam do segundo grau, diretamente para a universidade sem uma ocupação prática depois do segundo grau. Muitos e muitos profissionais na Europa e Estados Unidos não têm tanta pressa em chegar à faculdade.

Pleno emprego é uma utopia. Porém, está na hora de fazer muito mais para preparar o trabalhador para que ela seja um auxiliar administrativo e não um peso na administração