O PAPA É POP

O mais novo garoto propaganda da Igreja Católica

Bastou a demissão da equipe de alfaiates, comandada pelos Gammarellli, que costuravam as vestimentas papais há mais de dois séculos, para que Bento XVI fosse observado com olhos um pouco mais críticos, principalmente pelos “entendidos” da moda. O motivo da dispensa, ao que parece, foi um erro de medida na confecção de sua batina, que ficou um pouco curta e não o deixou à vontade no dia em que foi eleito pelo Conclave.

Mas a vaidade do papa não pára por ai e, ao ser flagrado usando óculos Gucci e calçando famosos sapatos italianos, ele foi declarado um ícone fashion pela Newsweek, importante revista semanal norte-americana. Se a matéria – ilustrada com o título “O papa usa Prada” – não chega a ser uma crítica ao comportamento do pontífice, faz uma divertida alusão ao best seller “O diabo veste Prada”, de Lauren Weisberger, baseado na vida de Anna Wintour, poderosa diretora da revista Vogue, tida com uma mulher de gênio diabólico que infernizava as subordinadas com suas roupas de marca.

Como a tecnologia também faz parte da moda, para entrar de vez na era digital, o papa foi presenteado pelos funcionários da Rádio Vaticano com um iPod – o mp3 da moda, aquele que todo mundo que ter – que armazena diversos programas da emissora além de músicas clássicas de compositores como Beethoven, Mozart, Chopin, Tchaikovsky e Stravinsky. Além disso, ele sempre tem um telefone celular por perto e usa o computador com grande habilidade.

Ao assumir o lugar deixado por João Paulo II no comando da Igreja Católica , em abril de 2004, com seu discurso recheado de austeridade – característica típica do povo alemão – o que muitos esperavam era um pontificado bastante conservador, que buscasse na tradição o refortalecimento da fé e o resgate do prestígio da igreja, enfraquecido em virtude de uma série de escândalos protagonizados por padres católicos. Mas, se um ano de pontificado ainda não foi suficiente para que Joseph Ratzinger implantasse suas idéias, ao menos no que diz respeito à moda, ele não tem se mostrado nada ortodoxo.

Apesar do Vaticano não comentar o assunto, julgando-o como irrelevante diante de tantas questões mais importantes, a polêmica está armada e divide a opinião pública. Por contrariar os princípios cristãos que condena o apego às coisas materiais, a atitude do papa é vista por muitos como falta de ética e até desrespeito. “Só faltava agora o papa entrar na dança das celebridades como se fosse um astro de Reality Show. O homem não é um Big Brother”, opina a estilista Gloria Kalil. Mas, analisando-o como um simples mortal, o mais novo “garoto propaganda” da Igreja Católica prova que o que está mesmo fora de moda é a falta de vaidade pessoal.

Fonte: Revista Eclésia

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José Donizetti Morbidelli
Enviado por José Donizetti Morbidelli em 08/03/2007
Reeditado em 30/10/2009
Código do texto: T405583
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