CASTELOS DE AREIA

CASTELOS DE AREIA

Castelos de areia são "empreendimentos" para serem construídos exatamente em uma praia qualquer e ficará tão bonito ou nem tanto, quanto maior ou menor for o talento demonstrado pelo construtor, porém quando a onda vem todo construtor de castelos de areia sabe o que vai acontecer, mas mesmo assim os constrói.

Alguns casamentos começam com o mesmo sentimento e entusiasmo de quem decidiu construir um castelo de areia. Da mesma forma que um construtor de castelos de areia sabe que sua construção não possui base de sustentação e não vai durar muito assim é aquele que se casa como se estivesse construindo um castelo de areia em uma praia qualquer dos sentimentos mal resolvidos. O construtor de um castelo de areia sabe que seu castelo cairá com a chegada de uma onda mais forte, assim a onda que vai jogar muitos casamentos por terra não demora muito a chegar.

Quem constrói um castelo de areia já conhece o seu final.

Os castelos de areia, normalmente são construídos na praia que é o lugar certo com material adequado. Areia. Os bons construtores de castelos de areia sabem que castelos de areia são todos iguais. Podem ser diferentes na forma, mas nunca são diferentes quanto à sua durabilidade. Este tipo de obra tem vida curta e certamente vai ruir quando chegar a primeira onda que ultrapasse a linha do vai e vem das ondas normais. É para isso que é construído. Por faltar-lhe a estrutura necessária, o castelo de areia não terá duração maior do que o período compreendido entre uma onda e outra. Castelos de areia são sempre assim, basta uma onda um pouco mais forte para mostrar sua fragilidade. Para cada nova onda anormal um novo castelo. Parece até virtuoso pensar na perseverança daqueles que fazem esse tipo de construção atribuindo-lhes virtudes por estarem sempre recomeçando, mas no caso específico de relacionamentos conjugais presume-se que cada castelo representa uma relação diferente da anterior. Uma nova relação não significa, necessariamente, reconstruir o castelo que a onda destruiu. Significa construir um novo com a areia molhada pela onda forte. Se sabemos que o nosso esforço para construir um trabalhoso castelo será vão, porquê construí-lo então? Isso não nos parece ser uma atitude muito inteligente, pelo contrário é pura tolice e perda de tempo. É divertido quando se trata dos castelos de areia que são construídos somente para entretenimento, mas não vale para os relacionamentos.

Construir castelos de areia faz parte do lazer de alguém que está passando um dia à beira do mar. Sem propósito. Só por diversão.

Não é assim que se faz quando se trata com as relações. Queremos relações duradouras e boas. Queremos construir castelos bonitos, confortáveis e que sejam tão sólidos que durem por toda a vida.

Se você quer que o seu castelo fique de pé construa-o sobre a rocha como disse Jesus em Mt 7:24-25 (Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.), e ao construí-lo, faça-o utilizando-se de material adequado às intempéries.

“Olha a onda!!! Não, não, por favor, segura essa onda aí, nem começamos a curtir o nosso castelo ainda e já vem uma onda? Oh!! Lá vem mais uma, e mais uma, e mais uma....”

Não adianta. Não dá pra segurar. Depois de uma onda sempre virá outra onda e mais outra e mais outra. As ondas não param de chegar. Uma, outra mais e mais outra, e mais outra. A vida é assim. A construção de um casamento deve ser construída sobre uma estrutura forte o suficiente para suportar as ondas que lhe sobrevém. Somente o amor verdadeiro tem essa característica.

Sobre essa base pode-se erguer um belíssimo edifício usando para isso os tijolos da Alegria, a argamassa da paz, pintando as paredes com a tinta da longanimidade, iluminando o ambiente com a luz da bondade e da benignidade, usando o prumo da fidelidade, nivelando o prédio com o nível da mansidão e do domínio próprio.

A utilização desse tipo de material dará equilíbrio e harmonia ao conjunto. Portanto, casamentos que não recebem a necessária estrutura para conferir-lhe segurança e beleza não conseguem resistir à seqüência de ondas que fatalmente lhes sobrevêm.

Se a relação foi construída nos moldes de um castelo de areia, tudo parece que vai bem até que chegue a onda que vai demoli-lo.

Alguns casais unem-se com o mesmo entusiasmo daqueles que constroem castelos de areia. Não analisam adequadamente os desafios que uma vida em comum, debaixo do mesmo teto,  trará no cotidiano. Unem-se tomando por base os momentos de excitação e o romantismo dos passeios de mãos dadas, das vibrações das baladas e outros tantos momentos que propiciam euforia e distração.

Tudo isso também faz parte de uma relação de qualidade, mas não dão sustentação por si só na construção de uma relação forte e saudável. Na construção das relações tipo "castelo de areia" são as motivações equivocadas que a incentivam, rápida e fácil como se fosse  a construção de um castelo de areia, mas não podem conferir-lhe a segurança necessária quando vier a onda mais forte. Não são poucos os casais que se casam como se construíssem um castelo de areia achando que sua construção vai durar para sempre.

Depois de algum tempo de convivência terão que encarar situações inusitadas que precisam de maturidade e discernimento para solucioná-las.

Numa relação superficial há uma tendência  de cada um manter seu próprio território pessoal não se permitindo envolver-se em profundidade preferindo antes a auto satisfação do que o desenvolvimento de uma satisfação mútua. Com isso celebra-se o individualismo e sua majestade o pronome "EU" reinará. Haverá dois tronos, dois comandos.

Quando não me rendo na relação privilegio o exclusivismo.

Quando construo algo onde não cabe o uso do pronome “nós”, construo um castelo de areia.

O pronome "EU" nunca trará soluções num ambiente onde só existe e sobrevive o pronome “nós”.

Em um dado momento, quando o pronome “eu” não puder resolver alguma questão inusitada, requerer-se-á a presença do pronome “nós”, mas onde encontrá-lo se ele não foi construído?

O namoro é o período propício para se buscar os elementos que proporcionem a harmonia ou afinação entre eles, isto é, se é que pretendem dar prosseguimento na relação. Aquilo que satisfaz somente por um momento não funciona se passar a ser permanente, é preferível que esses amantes continuem sua relação sem assumirem compromisso definitivo se não quiserem ver lançados no depósito dos corações partidos os seus melhores sentimentos.

Não é raro um rapaz sentir saudade de momentos que teve com uma garota com quem “ficou” e ainda diz: “Ela pode não valer nada, é só uma vadia, mas que é muito gostosa. Ah, isso ela é!!!”

Muitos rapazes se casam com uma mulher porque “ela é uma gostosa!”. Descobrem que têm afinidade sexual com a parceira e que vai rolar uma relação de qualidade em função disso, mas afinidade sexual não requer harmonia, A harmonia é requerida quando a relação necessita de realizar projetos e sonhos em conjunto.

Há uma música sertaneja cujo título é bastante sugestivo: “Entre tapas e beijos”. Esse é o resultado de casar com a “gostosa” que conheceu. Esta gostosa pode dar muito trabalho e não achar que o parceiro seja assim, tão “gostoso”, depois de algum tempo e vice versa. E aí, como fica o casamento? Em situações assim, não haverá casamento que dure mais que uma temporada, e a separação se torna a seqüela certa de um namoro inconseqüente. Um castelo de areia construído na praia dos sentimentos mal resolvidos.

Para que uma relação alcance o status de Casamento, terá que passar pelos desafios que vão aparecer ao longo da sua trajetória. Se não houver harmonia a relação não será consolidada e se findará. Se não houver uma separação física, passarão a ter uma guerra constante entre si por todo o tempo em que permanecerem juntos. Não conseguirão se relacionar pacificamente. Só a Harmonia equilibra as coisas e faz ficar gostoso até aquilo que não tem sabor bom.

Da harmonia nasce a verdadeira e boa paixão. A paixão não traz harmonia, mas a harmonia, seguramente, trará a paixão. A paixão é o tempero do casamento.

O que se deve fazer em uma relação sem paixão? Partir para a separação?

Talvez sim ou talvez não. A separação não deve ser, em nenhuma hipótese, a primeira idéia de um casal que está atravessando por dificuldades. Todos os casais que estão atravessando dificuldades sabem muito bem a origem dessas dificuldades. Quando as dificuldades têm origem em incidentes específicos que podem ser eliminados, o prazer retornará, e não haverá nenhuma seqüela, mas quando esses elementos que compõem o mix de problemas são de ordem estrutural e vêm de longe, somente um milagre real e dos bons pode reverter o quadro.

Se, porventura, houver necessidade de partir para a separação, necessário se faz lembrar que a separação é como a decisão por uma cirurgia. É agressiva, causa lesões, e às vezes mutila. É uma medida radical. Estará sempre no fim da fila. A primeira idéia é buscar a origem da dificuldade através do diálogo. Quando há sinceridade entre os cônjuges, eles poderão contar com o apoio do Espírito de Deus e encontrarão a necessária solução. Mesmo que tenham se magoado prá valer sempre haverá possibilidade de se redescobrirem. É necessário voltar ao primeiro amor. Ele existe.

Quando um casal se une com uma visão cristã de matrimônio, irá perceber que o que os uniu foi o mais puro e verdadeiro amor e se, por algum motivo, estão sendo confrontados em seus sentimentos, há que ser analisado biblicamente, por ambos, o sentimento que os movem. A transparência e sinceridade são requeridas em casos assim e a permanência da relação conjugal nem sempre será a melhor solução, porém isso tem que ser tratado sem emocionalismo. Ao encontrarem o que é o melhor a fazer, o que se fará deve ser uma decisão a dois e com muita responsabilidade.