O espelho

Uma figura desconhecida me pareceu tão próxima quando rapidamente passei meu olhar por ela, mas ao analisa-la com mais cuidado tive a certeza de que realmente era uma figura desconhecida. Apesar de lembrar-me algo familiar aquele homem com cerca de 80 anos era apenas mais um homem, que com ar cansado, talvez por já não suportar o peso da idade, tomava seu café tarde da noite num canto sombrio de restaurante que se preparava para encerrar a noite, nossos olhares se cruzaram por algumas vezes ate que sem mais hesitar ele se levantou e caminhou em minha direcção e de uma forma educada me ofereceu uma bebida, e ao aceitar ele agradece, sentando ao meu lado começamos a falar da vida, e não foi preciso muito para que uma dúzia de palavras se transformasse em uma longa conversa. Ao fim o desconhecido proferiu certas palavras com um ar de arrependimento.” Não e difícil reconhecer os nossos erros quando às consequências de nossos actos se apresentam diante e ao mesmo tempo dentro de nós, deixando depois ficar apenas a solidão e o tempo, muito tempo para recordar. Afinal depois de ouvir suas historias pude ver que algo tínhamos em comum, pois posso ver as praças, os cafés e algumas casas como grandes espelhos, e os idosos que passam o resto das suas vidas na solidão são o reflexo de nós próprios que nos esquecemos que o futuro nos reserva um destino igual para todos.

Ricardo Barbosa
Enviado por Ricardo Barbosa em 10/03/2007
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