O QUE DEUS UNIU NÃO O SEPARE O HOMEM

Muito se comenta sobre a passagem bíblica onde diz... “e os dois se tornam uma só carne...” (Gn. 2.23-24) e “...o que Deus uniu não separe o homem” (Marcos 10.9) e quase por unanimidade se tem chegado à conclusão de que quando o homem se une fisicamente à mulher os dois se tornam "...uma só carne".

Não quero ser o cara "do contra", mas do ponto de vista lógico, racional e até mesmo científico, essa passagem tem uma conotação diferente daquela que é aceita dogmaticamente como a única correta. Isso pode ser analisado de forma isenta e sem perder o eixo da Bíblia. Vejamos: Essa unidade afirmada pela Bíblia não acontece intrinsecamente no ato sexual ocorrido entre o homem e a mulher envolvidos, mas sim em decorrência dessa união. Presume-se que a cada vez que o homem copula com sua fêmea, primariamente o objetivo é a procriação. Note-se que o termo usado para relação sexual é meio animal e foi usado premeditadamente. O resultado dessa cópula resultaria na fertilização da fêmea e consequente transferência do legado genético de cada um dos parceiros para um descendente em comum.

Essa fusão não se daria entre o casal que se juntou. A fusão de ambos se daria na concepção do novo ser em função da união dos gametas fornecidos por cada um.

Dentro do sistema de reprodução humana é possível a divisão de uma única pessoa em duas outras a exemplo do caso de gêmeos idênticos ou univitelinos, mas não é possível a fusão de duas pessoas em uma única por serem já existentes e viverem independentes uma da outra nem mesmo diante do fenômeno da xipofagia em que apesar da ligação xipófaga de dois corpos mantêm-se como duas pessoas. São dois indivíduos. Dois mundos. Pela lógica elas jamais se tornariam uma carne entre si.

Na reprodução humana os gêmeos univitelinos crescem juntos em uma mesma placenta e estão ligados por uma única carga genética, provenientes de um único óvulo e de um único espermatozoide além disso, alguns pensam que, por causa disso, estão ligados inclusive no âmbito psico-emocional e sofrem quando estão distantes um do outro. Veja o que diz certo pesquisador: “São comuns, também, os relatos de gêmeos interligados emocionalmente; embora diferentes em suas tendências psíquicas, um capta as vibrações de sofrimento e angústia do outro. Percebem, à distância, os traumas sofridos pelo gêmeo irmão e até os registram de algum modo. (...). Mesmo de forma inconsciente, percebem, às vezes, as situações difíceis que o outro vivencia. Não se pode, no entanto, generalizar estas ocorrências, sob pena de se criar um mito”.

(Fonte não informada pela postagem).

O estranho resultado da soma bíblica onde um mais um é igual a um, não é outra coisa senão o resultado da fusão genética que acontece quando as células sexuais de duas pessoas, geneticamente e socialmente diferentes, se unem formando um descendente em comum. Isso os tornará parentes de fato e de direito para sempre, cumprindo o que diz a Bíblia que o que Deus uniu o homem não conseguirá separar.

Um casal sem filhos não terá muitos problemas quando, por algum motivo, houver necessidade de interromper a relação. As preocupações que surgem ficam por conta de situações legais de direitos previstas em contratos firmados anteriormente entre eles e coisa e tal, mas ninguém poderá exigir direitos de descendência porque continuam na condição de “não parentes”. Não formaram laços genéticos apesar de terem se unido fisicamente através de relações sexuais. É como o rompimento de um namoro ou um noivado problemático.

*Há que fazer uma correção nesta teoria, considerando o que disse os cientistas a partir de uma pesquisa feita por imunologistas no Fred Hutchinson Cancer Center, em Seattle, nos Estados Unidos, segundo o link: http://www.saranossaterra.com.br/noticias/atencao-mulher-o-dna-de-cada-homem-com-quem-voce-faz-sexo-pode-ficar-no-seu-sangue/...

No texto do link é dito que todas as vezes que um homem ejacula no interior de uma mulher, o seu dna será absorvido pela parceira e passará a fazer parte do seu patrimônio genético pessoal assim como o de tantos outros com quem essa mulher tenha estado e recebido o seu semen no seu interior, ficando o dna de cada um deles registrado no seu sistema genético, podendo inclusive ser transferido aos filhos dela...

Entretanto se houve filhos resultantes da relação, as coisas se complicam significativamente, e por mais que queiram não conseguem um rompimento definitivo entre si porque estão ligados, pra sempre, pelo descendente. São genitores de uma mesma pessoa.

Mesmo separando-se fisicamente, o descendente os ligará permanentemente pelo laço de sangue. O DNA de ambos está unido na existência real de um ser que consolida a sua união. Mesmo que se separem sempre voltarão ao contato em função da existência do descendente em comum. Mesmo que se unam a outra pessoa, terão que deixar temporariamente seus cônjuges subsequentes e se reaproximar do(a) “ex” com quem geraram um ou mais filhos a fim de participar de algum evento para honrá-los por ocasião de alguma comemoração por motivos diversos; seja para uma foto ou outra coisa. Na minha trajetória de vida, vi acontecer isso muitas vezes em celebração casamentos, em festas de 15 anos ou em formaturas de filhos de pais separados. Constrangidos, às vezes, tiveram que comparecer e, na maioria das vezes deixando de lado o parceiro atual para ficarem sentados ao lado do cônjuge anterior, confirmando que o que Deus uniu não será separado pelo homem.

*Verifique alteração no contexto deste post...

QUANDO DOIS SE TORNAM UM SEM A NECESSIDADE DO DESCENDENTE

A história de Jacó e Raquel.

Há, porém, um nível em que o amor de um homem por uma mulher transcende o natural, essa fusão parece acontecer na dimensão espiritual. É como se Deus os tivesse unido na dimensão espiritual e em algum dia, ao se encontrarem, percebem que estão ligados de forma sobrenatural e se sentem atraídos de forma tão profunda que nada os fará se separarem. Será que existe ou existiu algum casal com esse nível de amor? Vejamos um caso bíblico em que, ao que parece, as coisas aconteceram nessa dimensão.

Raquel e Jacó eram uma vida só.

Ao relatar a história desses dois personagens bíblicos, este autor procura ressaltar a grande paixão que Jacó nutria pela sua amada. Chega-se a pensar que uma única vida os unia, de maneira que pareciam estar incompletos se estivessem separados.

O casal exemplificado demonstra a característica dos gêmeos univitelinos. É como se tivessem sido formados em um mesmo saco vitelino no mundo espiritual e, depois de nascidos, separados até reencontrarem-se. (Esse quadro é improvável visto que gêmeos univitelinos são sempre do mesmo sexo. O exemplo foi usado para simples analogia).

Em casos assim cada um dos componentes do casal não consegue viver se o outro não estiver lá para dar sentido à sua existência. Eu acredito que uma instância como esta chega a ser amedrontadora. É difícil imaginar as conseqüências que sobreviriam se alguma coisa inesperada viesse a tirar um deles de forma permanente do outro. O sofrimento seria indizível. Talvez seja isso o esperado pelo dito bíblico “... e serão os dois uma só carne...”.

JACÓ E RAQUEL

Na história bíblica (Gn. 29:20-28), o personagem Jacó trabalhou por Raquel por sete anos, mas quem veio para a relação foi Lia, sua irmã. Durante as festividades matrimoniais Jacó pensava somente em Raquel e aguardava com impaciência o momento em que a teria nos braços, mas qual não foi a sua surpresa ao ver com quem tinha se casado, agora, sem o torpor do álcool que ingerira durante os festejos e sem o véu que ocultava o rosto da noiva durante a cerimônia. Ali estava diante dele uma pessoa totalmente diferente daquela que estava em seu coração. É como alguém que se casa com uma pessoa e ao acordar na manhã seguinte se depara com outra pessoa completamente diferente daquela com quem se casou.

Jacó teve ainda teve o consolo de continuar sonhando em ter sua amada Raquel apesar de ter que trabalhar por mais sete anos para obter o direito de levá-la consigo. Contudo, apesar da alegria de ter finalmente a sua amada entre os seus braços, amargou o dissabor de ser obrigado a arrastar atrás de si uma Lia com quem nunca se casara de fato. Apesar de não ser esse o seu desejo, teve que levá-la para dentro do seu casamento com Raquel e conviver também com ela.

Quantos por aí se casam com Lias, imaginando que estão se casando com Raquéis.

Jacó nunca planejara se casar com Lia, não que ela fosse uma pessoa ruim e que não merecesse ser feliz, mas os olhos de Jacó e todo o seu interesse estavam concentrados em Raquel.

Lia não fazia parte dos seus anseios e, em sua alma, não estava preparado para amar Lia como ela necessitava e nem para desenvolver uma relação de qualidade com uma mulher com quem nunca sonhara se casar. Teve que improvisar. O que fazer? Ela estava ali no seu mundo real, dentro de sua casa, pronta para ser-lhe por mulher juntamente com Raquel. Que sensação esquisita passava por suas emoções. Devemos nos lembrar que aquele era um tempo quando um homem tinha licença para ter mais de uma esposa, mas ele queria somente Raquel, entretanto não podia devolver Lia sem causar-lhe grande desonra. Por mais que Lia fosse uma excelente pessoa ela não deveria estar lá entre eles.

Lia representa uma relação convencional, arranjada e sem projeto, destituída de momentos emocionantes, apaixonados. As pessoas envolvidas nesse tipo de relação não têm que ser necessariamente ruins, somente estão em uma relação errada. Uma relação sem brilho. Raquel era uma mulher intensa como Jacó e, por isso, ele a desejava. Lia era um percalço, mais um estorvo do que uma verdadeira esposa pra Jacó. Lia estava dentro daquele conceito de relação onde o rapaz ou a moça só se dá conta da burrada que fez quando é tarde demais para se arrepender e não pode mais devolver o pacote. Daí pra frente...

Jacó curtira a maior bebedeira na festa de seu próprio casamento e só se deu conta da armadilha em que caíra quando acordou ao lado de Lia. Ele só se apercebeu do seu erro e que se casara com a mulher errada quando era tarde demais. Lia era uma excelente mulher, mas não era a mulher que Jacó desejava. Era, talvez, melhor do que Raquel em alguns aspectos, mas seu sentimento por Lia era totalmente diferente do que sentia pela sua linda Raquel. Lia era alguém que, apesar de sua bondade e valor, não tinha nada a ver com seus sonhos pessoais e ele e não sonhara levá-la consigo.

Não desista. Lute por sua Raquel!!