A HARMONIA NA MÚSICA E NA RELAÇÃO

BONS MÚSICOS EM TONS DIFERENTES

O namoro equivale ao período de ensaio entre músicos que pretendem apresentar um trabalho musical juntos. É um período de pesquisas que deve ser usado para verificação se, de fato, poderão caminhar “afinados” após o casamento. Se a “afinação” não for encontrada no período de namoro, aconselha-se a não se casarem.

São como dois cantores ambos com linda voz, mas que não conseguem cantar no mesmo tom e nem com harmonia. Você já presenciou alguém “tirar” uma música fora do tom? Horrível não é?

O instrumentista “dá” o tom, mas os cantores, não conseguindo encontrá-lo, vão cantar desafinados. Quem estiver por perto de músicos que insistirem em cantar juntos sem harmonia, fará comentários bem pouco elogiosos a respeito da qualidade da música executada.

Se os músicos não tiverem discernimento para entender que será necessário algumas boas horas de ensaio, à parte, para criarem um vínculo entre si, não conseguirão apresentar um bom trabalho juntos por não estarem “afinados” um com o outro.

Se um casal de namorados concentrar sua atenção somente no prazer de se acariciarem correm o perigo de se esquecer de buscar outras afinidades entre si. Poderão ser felizes no namoro, mas terão grandes chances de serem infelizes no casamento.

O prazer da sensualidade obnubila a razão de ser do namoro e impede a descoberta de elementos de incompatibilidade escondidos no caráter do parceiro que podem vir a ser causa de incompatibilidades que impediriam a efetivação de uma relação harmônica.

Um novo tipo de namoro está em moda em lugar do tradicional, o “ficar”. Este é o típico namoro sem o compromisso de “afinação”. O que vale são as carícias avançadas e a prática descomprometida do sexo. Não se exige harmonia entre amantes, meramente se envolvem em carícias com o fim de curtir momentos de prazer e sensualidade com o parceiro. Nesse momento dizem que se amam, que estão apaixonados e coisas do gênero, entretanto esses momentos de luxúria bloqueiam o desejo de investigar se existe no parceiro o grupo essencial de afinidades que darão suporte à relação e mergulham de cabeça no prazer que decorre das carícias avançadas que trocam.

O namoro é o período propício para encontrar elementos capazes de promover a harmonia ou afinação entre duas pessoas quando estiverem casados. Em essência, isto é o que deve ser buscado no namoro de pessoas que pretendem dar prosseguimento na relação. Aquilo que satisfaz somente por um momento não funciona se passar a ser permanente, é preferível que esses amantes continuem sua relação sem assumirem um compromisso definitivo se não quiserem ver lançados no depósito dos corações partidos os seus melhores sentimentos.

Não é raro um rapaz sentir saudade de momentos que teve com uma garota com quem “ficou” e ainda diz: “Ela é só uma vadia, mas é muito gostosa. Ah, isso ela é!!!”

Muitos rapazes se casam com uma mulher porque “ela é uma gostosa!”. Descobrem que têm afinidade sexual com a parceira e que vai rolar uma relação de qualidade em função disso, mas afinidade sexual não requer harmonia. A harmonia é requerida quando a relação necessita realizar projetos e sonhos em conjunto.

Esta gostosa pode dar muito trabalho e não achar que o parceiro seja assim, tão “gostoso”, depois de algum tempo e vice versa. E aí, como fica o casamento? Em situações assim, não haverá casamento que dure mais que uma temporada, e a separação se torna a sequela certa de um namoro inconsequente. Um castelo de areia construído na praia dos sentimentos mal resolvidos.

Para que uma relação alcance o status de Casamento, terá que passar pelos testes dos desafios que vão aparecer ao longo da sua trajetória. Se não houver harmonia a relação não será consolidada e se findará. Se não houver uma separação física, passarão a ter uma guerra constante entre si por todo o tempo em que permanecerem juntos. Não conseguirão se relacionar pacificamente. Só a Harmonia equilibra as coisas e faz ficar gostoso até aquilo que não tem sabor bom. Da harmonia nasce a verdadeira e boa paixão. A paixão não traz harmonia, mas a harmonia, seguramente, trará a paixão. A paixão é o tempero do casamento.

O que se deve fazer em uma relação sem paixão? Partir para a separação?

Talvez sim ou talvez não. A separação não deve ser, em nenhuma hipótese, a primeira ideia de um casal que está atravessando por dificuldades. Todos os casais que estão atravessando dificuldades sabem muito bem de onde elas provêm. Eventualmente essas dificuldades têm origem em incidentes específicos que podem ser identificados e eliminados. Uma vez feito, o prazer retornará, e não haverá nenhuma sequela, mas quando esses elementos que compõem o mix de problemas são de ordem estrutural e vêm de longe, somente um milagre real e dos bons pode reverter o quadro.

Se, porventura, houver necessidade de partir para a separação, necessário se faz lembrar que a separação é como a decisão por uma cirurgia. É agressiva, causa lesões, e às vezes mutila. É uma medida radical. Estará sempre no fim da fila. A primeira ideia é buscar a origem da dificuldade e buscar a solução através de uma conversa sincera e transparente. Quando há sinceridade entre os cônjuges, eles poderão contar com o apoio do Espírito de Deus e encontrarão a necessária solução. Mesmo que tenham se magoado prá valer sempre haverá possibilidade de se redescobrirem. É necessário voltar ao primeiro amor. Ele existe. Quando um casal se une com uma visão cristã de matrimônio, irá perceber que o que os uniu foi o mais puro e verdadeiro amor e se, por algum motivo, estão sendo confrontados em seus sentimentos, há que ser analisado biblicamente por ambos para se chegar à certeza de qual o tipo de sentimento os movem. A transparência e sinceridade são requeridas em casos assim e a permanência da relação conjugal nem sempre será a melhor solução, porém isso tem que ser tratado sem emocionalismo. Ao encontrarem o que é o melhor a fazer, o que se fará deve ser uma decisão a dois e com muita responsabilidade.

(Provérbios 19:14) - A casa e os bens são herança dos pais; porém do SENHOR vem a esposa prudente.

(Pv 24:3) - Com a sabedoria se edifica a casa, e com o entendimento ela se estabelece;

(Pv 14:1) - TODA mulher sábia edifica a sua casa; mas a tola a derruba com as próprias mãos.

Uma casa sem harmonia assemelha-se ao ambiente infernal reservado para os condenados à perdição eterna, depois do juízo final. Um casamento fracassado é como uma antecipação daquilo que será o inferno. Um casamento pode ser considerado fracassado quando uma das partes que compõe o casal se torna inflexível. O fracasso conjugal pode ser entendido como tal quando trás as características dos textos bíblicos transcritos ao fim deste tópico. Isso vale tanto para a mulher como para o homem, porém os textos bíblicos apresentados enfatizem a mulher como a causa principal na maioria das situações que detonam um casamento, cabendo a ela ser o elemento regulador do equilíbrio da casa. Assim é a opinião do escritor de Provérbios 14.1, já citado acima, sendo ela o aferidor.

(Pv 17:1) - É MELHOR um bocado seco, e com ele a tranqüilidade, do que a casa cheia de iguarias e com desavença.

(Pv 21:9) - É melhor morar num canto de telhado do que ter como companheira em casa ampla uma mulher briguenta.

(Pv 21:19) - É melhor morar numa terra deserta do que com a mulher rixosa e irritadiça..

(Pv 25:24) - Melhor é morar só num canto de telhado do que com a mulher briguenta numa casa ampla.

Pv. 30 21-23 - Por três coisas se alvoroça a terra; e por quatro que não pode suportar: Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura; Pela mulher odiosa, quando é casada; e pela serva, quando fica herdeira da sua senhora.

Não quero colocar o peso todo sobre a mulher, mas afirmar que o Criador de todos nós colocou sobre a mulher uma sensibilidade maior para detectar as dificuldades e a ela também foi dado a capacidade de trazer de volta o equilíbrio do lar. Como? Agindo com o amor verdadeiro. O amor que o apóstolo Paulo descortinou no capítulo 13 da sua primeira carta aos Coríntios. Ali estão sintetizados todos os ensinamentos bíblicos para para um relacionamento feliz.

Muito se fala em casais que não experimentam a harmonia em sua relação conjugal. É impossível encontrar prazer e arte em situações onde não haja a presença da harmonia.

Quando se fala em harmonia, se pensa imediatamente em uma Orquestra com vários músicos, às vezes dezenas deles, com uma multiplicidade de diferentes instrumentos, os quais se propõem tocar uma mesma música, ao mesmo tempo, num mesmo lugar.

Como realizar semelhante milagre? Só existe uma fórmula para realizar tão grande façanha. A Harmonia.

Harmonia.

Esta é a palavra chave. Quando o maestro inicia o seu trabalho, e todos tocam harmonicamente, o ambiente se enche de música e traz suspiros de prazer ao ouvinte do Concerto.

É a música e não o músico que atrai o ouvinte. Existem muitos sons que não podem ser considerados como sendo música. Mesmo aqueles que são gravados e são sucesso de venda. A música transcende os sons e liberta a alma, porém só haverá música quando houver harmonia.

A HARMONIA NA MÚSICA E NA RELAÇÃO

O conjunto de músicos é coordenado por uma pequena vareta na mão do maestro, chamada “batuta”, para onde os olhos de todos os componentes da orquestra dirigem o seu olhar.

Um único músico desatento no conjunto pode colocar todo o trabalho a perder. Uma única nota que destoe das outras vai diminuir a qualidade da obra. Todos têm que estar afinados entre si para a celebração da Harmonia. Sem harmonia não há música. Sons sem a harmonia não constituem música. A arte da música só pode ser alcançada na presença da harmonia.

O casal tem que atentar para essa realidade. O casamento é um conjunto de atitudes de simplicidade e singeleza como as notas musicais que saem dos instrumentos nas mãos dos músicos. A batuta é só uma varinha, mas, na mão do regente, se transforma em poderoso instrumento capaz de coordenar os movimentos da orquestra, de forma a executar as notas musicais apostas à pauta que está à sua frente, às quais, cabe aos músicos seguir.

A orquestra composta por esses dois músicos chamados marido e mulher tem que estar atenta aos movimentos da batuta do seu Regente, o Senhor Jesus, fonte do verdadeiro amor que celebra a harmonia. Assim como a harmonia na Orquestra depende da disposição de cada músico em reconhecer a necessidade de obedecer aos movimentos do maestro por trás da batuta, também existe a necessidade de cada cônjuge em se sujeitar ao comando do seu Maestro para viver em harmonia. Não haverá harmonia entre o casal enquanto não houver a mesma disposição em olhar para o Maestro Jesus Cristo de Nazaré e seguir os movimentos da batuta em sua mão. (Hb. 12.2)

A música é resultado do amor pela arte. Este amor é expressado através da canção oriunda das profundezas do ser de cada um dos músicos que compõem o conjunto, externada pelos instrumentos em suas mãos ou pela voz que ressoa emocionada no coração dos ouvintes.

A música é executada no instrumento, mas não procede dali. O instrumento é somente uma ferramenta para externar a sensibilidade musical de cada um dos componentes da orquestra.

A música é produzida na alma.

Se não houver sensibilidade musical, não haverá música. Não adianta a uma pessoa ter um instrumento musical em suas mãos se não houver música em sua alma.

A música flui com naturalidade quando o músico tem sensibilidade. Não há o que temer.

Na relação conjugal as coisas devem funcionar como na música, tem que haver sensibilidade para que haja harmonia. Se não houver harmonia a relação será sempre conturbada.