Loterias e jogos de azar.

Mara sonhava com milhões. Cruzeiros, viagens de avião, roupas de grife... quem sabe em breve futuro não poderia desfrutar esse tão acalentado sonho. Por isso, era uma jogadora inveterada, costumava dizer aos amigos que tinha estrela, e um dia a sorte lhe sorriria; então apostava na loteria, jogo do bicho, rifa, carteado, máquina caça níquel, enfim, tudo que pudesse lhe trazer dinheiro fácil e rápido.

O que Mara não computava é que essa jogatina lhe consumia todos os meses um total de R$.40,00. E vivia ela reclamando pelos cantos da falta de dinheiro, da dificuldade da vida, e pedindo a Deus para que lhe concedesse logo a bênção de ganhar na loteria seus tão sonhados milhões.

Mara permaneceu assim por longos quarenta anos, sem sequer ganhar um único prêmio. Quando cansou da vida de jogadora contumaz e foi fazer as contas de quanto havia gasto em jogos, percebeu que sem juros e correção, atingia um montante de R$.19.200,00, ou seja, o valor de um carro novo ou semi novo, que sequer ela possuía para locomoção.

Atraídas pelo sonho do lucro fácil das loterias e jogos em geral, muitas pessoas desperdiçam grande parte de seu suado dinheiro nessas jogatinas. Não se atentam que a possibilidade de ser premiado com a sorte grande é remota.

Isso é que é vida! Passeios, nada de preocupações com contas, tudo em exageros... É o sonho da independência financeira que faz milhões e milhões de brasileiros apostarem nas loterias, ou se aventurarem nos chamados jogos de azar. Muitos chegam mesmo a dizer que se forem agraciados com a sorte grande deixarão inclusive de trabalhar, desfrutando a vida em total ociosidade e desperdício.

Algumas reportagens, porém, mostram que muitos daqueles que foram sorteados com os milhões das loterias hoje estão em situação pior do que aquela que tinham quando não eram abastados. É que desacostumados em lidar com grandes quantias não souberam administrar, foram gradativamente dilapidando sua fortuna, e pior: endividaram-se para tentar salvar o pouco que lhes restava, e hoje estão na mais triste penúria.

Há uma indústria de produzir necessidades irreais, e muitos se deixam envolver por essa ilusão, considerando que se alcançarem o sonho dos milhões seus problemas existenciais estarão solucionados. Ledo engano, com ou sem milhões os entraves permanecem, porquanto têm eles – os entraves - morada em nosso coração e não na conta bancária.

Há que destacar também o perigo desses jogos, pois podem se tornar um vício, colocando em jogo a saúde física e psíquica da pessoa, e abalando a tranqüilidade e harmonia da família. É a compulsividade pelo jogo, que a psiquiatria define como: jogadores patológicos. Segundo pesquisas, a doença do jogo compulsivo atinge cerca de 10% da população de São Paulo.

É um círculo vicioso: o jogador compulsivo começar a perder e sente a necessidade de recuperar o prejuízo, os resultados são dramáticos ,as perdas sistemáticas causam rombo no orçamento, o jogador está então cada vez mais dependente, aquelas esporádicas vitórias lhe acendem uma ponta de esperança, mas eis que na próxima rodada a derrota bate novamente em sua porta, levando-lhe ao desespero e não raro ao suicídio, pois além da perda financeira existe a perda moral.

Cerca de 15% das pessoas que procuram tratamento para se desvencilhar do vício dos jogos já tentaram antes cometer suicídio. Dados alarmantes, não é mesmo caro leitor?

Uma pena que se crie esse glamour em torno do dinheiro fácil e rápido. Isso lamentavelmente apenas enreda pessoas nas teias desse desatino de complicada solução.

Nossos destinos aqui neste planeta, caro leitor, não estão subordinados à independência financeira e às ilusões consumistas fomentadas por uma sociedade ainda em amadurecimento moral e espiritual. Nossa vinda à Terra atende aos objetivos de evolução intelectual, moral e conseqüentemente espiritual a que estamos subordinados, há muitas potencialidades que podemos desenvolver sendo abastados ou não.

Por isso, deixemos de lado a ilusão do dinheiro fácil e rápido, preferindo então o dinheiro que conquistamos a custa de nosso próprio esforço e desenvolvimento. A propósito, a revista “Isto È Dinheiro” traz excelente matéria para quem quer fazer seu milhão colocando em prática a iniciativa de poupar e controlar as finanças, a reportagem na íntegra o caro leitor poderá ver em - http://www.terra.com.br/istoedinheiro/ .

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 12/03/2007
Código do texto: T410190