Cadê o Divino?

Cadê o Divino?



Não seria uma atividade infrutífera, até muito pelo contrário, procurar o Divino no cotidiano, através de obras de arte e ou eventos de qualquer porte. Digamos assim a princípio e apenas para balizar o raciocínio, pois impossível prever onde essa conversa nos levará.

Comecemos pelo filme “O Crime Que O Mundo Esqueceu” (Everybody Wins).

Palavra que, se eu tivesse um jornal, o título em português seria manchete permanente, mudaria só o conteúdo. O que tem de crime esquecido não é brincadeira. E a idéia não visa a morbidez e sim o simancol coletivo. Impossível viver só de papagaiada e fanfarra (por muito tempo) à custa do sofrimento de milhares e milhões. No mais, Everybody Wins é o retrato 3x4 da doença do poder e suas ramificações. Ponto.

Rodado em 1990 pelo master Karel Reisz, você se pergunta em dada altura - cadê o Divino? Presente em muita obra de arte cinematográfica do passado recente e hoje praticamente noutra galáxia face a sanha de abobrinhas em série, o espectador acha o Divino não só na performance de Debra Winger, mas nos seus motivos e na sua visível birutice. Debra, por todo pano, quer livrar um inocente.

Conversando com um rapaz de 23 anos, recém formado em administração, sobre a série premiada em 2012 – “Homeland”, dava pra contar em poucos dedos os personagens detentores de alma. Aliás, foi ele quem levantou a questão e nossos veredictos apresentaram-se cem por cento semelhantes.

Posso achar semelhança noutro tentáculo desse tema, no artigo “BIG BROTHER BRASIL: Sintonia Umbralina” de Bruno J. Gimenes. Com 1066 palavras Bruno coloca da seguinte forma aquilo que se destaca e que é zero divino: “Então, eu pergunto: o que é algo que estimula a vaidade, a superficialidade, o sexo e o consumo de bebidas alcoólicas?

Pense em um propósito maior, em uma noção mais ampla: qual seria o objetivo de um programa de TV - exibido em um dos países do mundo que mais se assiste televisão - em estimular as brigas, disputas, batalhas emocionais, guerras de vaidades e muita, mas muita deturpação de valores morais?”

Podemos falar mais do Bruno, e sim, lógico, é possível estabelecer que o BBB está fora da categoria “obra de arte”, mas incluso na esfera “evento”.

Para qualquer buscador do século 21, antenado na “vibe” de que o portal 21/12/12 não estava ligado a catástrofe e sim a postura de encontro individual e coletiva com o Divino - dentro e fora, no alto e embaixo - ora, esse ato de busca dispensa instrumentos científicos e certificados de competência na área.

Cada um de nós é um aparelho de leitura. Ou um medidor, se preferir.

Um dos profetas modernos, que passou para o outro lado há 3 ou 4 anos, dizia em seus livros que na presente época os representantes da Luz começariam a dar as caras mais abertamente.

E a internet me parece um excelente caminho para isso. Publicado semana passada num site especializado, temos um texto do Arcanjo Miguel falando sobre a sétima arte que serve como uma luva neste artigo:

“O ato de Imaginar é, de fato, o ato de criar outra Realidade. No passado, a “Imaginação” era compreendida como a habilidade de “compor” algo que não era “real”. Assim, um artista ou escritor poderia imaginar uma realidade alternativa e o diretor de um filme poderia criar visualmente esta realidade, de modo que ela parecesse absolutamente real.

Quando uma Realidade imaginada é apresentada como uma História Visual, ela assume um aspecto de tal veracidade, que ela parece um mundo real, alternativo. Gradualmente, vocês estão começando a compreender o relacionamento entre imaginar e contar uma história, e criar a Realidade ou Realidades, pois na verdade há sempre múltiplas Realidades e Níveis de Realidade. A Realidade nunca é uma construção Individual, mas a construção compartilhada ou a co-criação de muitas pessoas sonhando e criando juntas”.

Voltando ao Everybody Wins (“O Crime Que O Mundo Esqueceu”), escrito pelo consagrado Arthur Miller, a personagem de Debra bebe como uma cabra e no seu currículo quatro letras se destacam: PUTA. Nick Nolte contracena com ela, ele faz um detetive parvo com idéias surreais de justiça, que ainda por cima se apaixona. Os atributos de Debra não estão muito distantes das qualidades do BBB descritas pelo autor Bruno Gimenes. Entretanto, na obra em questão o Divino se faz presente.

Nada mais subjetivo do que esta afirmação, porém, como expressava o médium Chico Xavier – “cada ser humano está numa faixa de compreensão”.

Karel Reisz, diretor de “O Crime...” saiu do planeta em novembro de 2002, dirigiu, dentre outros, “A Mulher do Tenente Francês”, foi trazido para a Inglaterra com mais 668 crianças judias destinadas ao holocausto pouco antes da eclosão da Segunda Guerra e é de se pensar na necessidade de um Mundo Livre para recolher os talentos.

Bill W., co-fundador do AA, teve uma experiência de encontro literal com o Divino. Jogado numa cama de hospital e desenganado por tudo e por todos, uma luz surgiu em seu quarto e ele se viu como que caminhando dentro do “Sopro do Espírito”. Esse fato deu-se em 1935. Durante os próximos 11 anos Bill conviveu com uma depressão monstruosa, e um belo dia, em 1946, um homem manco caminhou até a mesa do seu escritório levando-o a pensar: “Oh céus, mais um doente”. Não era. Tratava-se de um padre que viria a ser seu amigo de vida inteira e que, naquele primeiro encontro lhe dissera: Isso que você sente eu chamo de “Inquietação Espiritual”. Bem, havia um longo trabalho a ser feito. Aldous Huxley considerava o sr. Wilson como o Maior Arquiteto Social do Século XX.

Bruno Gimenes, escritor, nos conta em seu artigo que escreve “ora inspirado pelos amigos extrafísicos, ora estimulado pelo próprio querer”, e que esta abordagem do BBB contou com a colaboração do extrafísico Antonio, “amparador que aparenta um professor Grego, um pouco mais de 1,80m de altura, cabelos negros e volumosos, roupas brancas feitas à moda grega antiga”. Coloco aqui apenas um fragmento do que Antonio lhe disse:

“A ignorância cobra o seu preço. A massa de expectadores nem imagina que uma simples sintonia com um programa de TV pode trazer tantas influências negativas aos seus lares, pois não compreendem algumas leis naturais que só podem ser entendidas por seres abertos aos movimentos cósmicos mais sutis”.

No reveillon da virada 2011 para 2012, em plena avenida Paulista, o maestro João Carlos Martins ensejou duas sessões de Ave Maria que transfiguraram (por instantes) o grande público. João Carlos, dotado de carisma suficiente para tal feito, apertou o pause na folia e primeiro chamou um solista – que executou no mais puro gogó uma versão primorosa e ainda por cima, pouco depois, convocou a platéia para fazer a oração. Espetáculo único de TV, e as câmeras, por instantes, mostraram semblantes outros, alguns lacrimosos, outros atônitos, lívidos, seres recém saídos de uma experiência inédita.

Noutra página da web, na seção “Pergunte ao Osho”, temos mais um dado para refletir:

“Pergunta: Osho, por favor, por que não sentimos o divino que está aqui e agora?

Resposta: É porque você é muito você, e pesa demais sobre si mesmo”.

Informações transbordam, embora haja uma fartura de superficialidade em todos os cantos, daí, talvez, a necessidade de atenção digamos diferenciada sobre o que importa e o que não importa. Uma atenção sobre algo que nunca mente – a essência.

Foi divulgado recentemente que as Igrejas faturaram 21 bilhões ano passado. Evidente que todo esse montante não veio de uma única alma em busca de alívio. E a cada dia que passa amontoam-se nos veículos de comunicação os números alarmantes sobre os homicídios.
Curiosos fluxos – numa ponta o fast-food da fé, na outra (de)mentes sequiosas por pólvora.

Encerramos com as palavras de um dos expoentes do reino angélico:

“Nenhuma expressão sagrada genuína limita sua verdade e sua beleza a um único grupo”.



 
Bernard Gontier
Enviado por Bernard Gontier em 28/01/2013
Reeditado em 01/06/2021
Código do texto: T4110084
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.