O braço de ectoplasma

Até a minha alma fica pálida, ao observar a quantidade de mendigos, que tomam conta das nossas grande cidades.

Se não bastasse a pobreza, se não bastasse o descuido, ainda temos uma quantidade de pessoas altamente recuperáveis, que estão aí mostrando as suas mazelas e faturando por conta da boa fé e caridade humana.

É trágico verificar que pessoas que poderiam estar produzindo, fazendo um crochê, costurando uma camisa, ou fazendo algum trabalho manual, até cuidando de uma hortinha digitando um memorando estarem aí pedindo esmolas.

Deveria ser proibido ser mendigo. A mendicancia é um atestado da desgraça moral e espiritual de uma nação.

Deveríamos ter uma organização específica para trabalhar na recuperação daqueles que se acham nesta situação.

Existem pessoas produtivas pedindo esmola, por falta de orientação do poder político ou cegueira do poder publico.

O que vejo é uma incompetencia virulenta, ou a nossa senvergonhice encravada?

E como é trágico ver que à noite, as nossas grandes cidades se transformaram em confrarias de drogados, bêbados e desocupados.

Ora, não ter um braço, faltar duas pernas ou tê-las em péssimo estado de conservação não justifica.

É só colocar próteses, alinhar o individuo e adapta-lo a outras realidades.

O que me incomoda é a falta de perspectivas para estes Brasileiros.

Temos um bom exemplo nos cegos: A pior deficiencia é a cegueira, e no entanto tenho visto pessoas cegas produzindo milagres no trabalho. Adaptados para uma função se saem muito bem.

Poderia ser assim com aqueles que têm deficiencias. Investir nestes irmãos é uma questão de bom senso.

Uma pessoa que está na mendicancia, tendo uma ajuda, e se reintegrando ao trabalho, pode ajudar este paiz a sair do atoleiro, e seria olhado como cidadão. teria auto-estima, um trabalho. Teria cidadania.

Conheço um particularmente, que traz algum aborrecimento à minha vida.

Este individuo, pela dificuldade de locomoção, e tendo uma grande força psíquica, conseguiu pelo exercicio da vontade e em parceria com a necessidade criar um braço energético.

Este braço estimulado pela vontade alcança alvos a grande distancia.

Esta "arma" psíquica que sempre me persegue na saída do super mercado, tem aproximadamente seis metros.

Uma alavanca paralela ao braço que vem acariciar a minha mão, justamente quando eu vou colocar o trôco no bolso, me preparando para sair com as compras.

A maneira como ocorre este fenômeno, nem o doutor Kirlyan conseguiria explicar.

O braço tem formas agigantadas a partir do anti braço, e cresce em minha direção.

É como um foco de luz opaca. As pessoas passam na calçada entre ele e eu, sem cortar o foco, sem interrupção - semimaterializado - e toma forma consistente ao chegar perto do meu bolso.

É como se aproveitasse o ectoplasma do meu corpo, para se materializar solenimente, ao olhar do agente emissor da vontade que está justamente à distancia, ao lado do poste.

O braço conectado inflexivelmente espera eu analisar as minhas finanças me fazendo acreditar que esmagaria os meus penduricalhos, caso eu não contribua ou amenize as suas necessidades. É quase um assalto à mão armada, me parece.

Contribuo, e fica de ótimo tamanho o acerto entre o braço de energia e a minha integridade física.

Aquela mão é unica. Deveria ser estudada pelos cientistas da academia de ciencias psiquicas da Russia.

O fato dele não ter as pernas, se locomove usando as mãos como se fossem as pernas, daí o calo e a força desta mão. A munheca parece uma luva de boxe de pesos pesados: Imensa!

O fato é que aquela mão gigantesca me apavora.

Olho à minha frente, a certa distancia e lá esta o proprietário. Me olha e direciona o olhar para o meu bolso, a seguir a mão.

Nenhum sinal de carinho naquela munheca calosa.

E se por descuido ou nervosismo aquela pata afastar alguns centímetros e dilacerar os tesouros da minha existencia?

Fico impotente diante daquele braço de formas desconhecidas.

Consultarei "Quevêdo".

Este padre dominicano da cochabamba é médium vidente e tem poderes paranormais até para as materializações e incorpora algumas entidades.

Se através dele ja materializaram o Noel Rosa tocando violão, e Gardel cantando, muito pode ser explicado.

Atenciosamente espero