Paixão por crianças!!!

Diz Rubem Alves em seu livro Entre a Ciência e a Sapiência que a paixão é uma emoção gratuita que não há causa para explicá-la. Mas, quando acontece, age como um artista, pois dela surgem cenas de beleza.

Quando olho para uma criança desconhecida sempre acontece algo mágico: ela fixa seu olhar no meu e ficamos a nos olhar por muito tempo. Isso me encanta e me deixa curiosa porque não sei explicar o motivo. Talvez seja porque as crianças conseguem ver em mim a criança travessa que cultivo na alma. Por mais que o tempo passe e eu carregue no corpo as marcas da idade, meu espírito continua muito jovem, quase bebê. E isso só a sensibilidade de uma criança é capaz de perceber, coisa que os adultos vão perdendo na medida em que o tempo passa. O que realmente é uma pena!

Ao brincar com as crianças, tudo torna-se possível: posso xingar, gritar, fazer o que quiser e elas não me censuram como fazem os adultos. Não entendo porque adulto tem que ser sério, de pouco riso. Talvez porque perdeu a capacidade de sonhar, de ver a beleza da vida. Trabalha tanto, sofre tantas pressões. Será que tem medo de parecer ridículo entre seus pares? Isso para mim não tem a menor importância, pois o que conta é que entendo as crianças e elas me entendem. Impossível não sorrir quando vejo a magia da vida através dos olhos de uma criança.

Gosto da convivência com esses pequenos grandes seres, têm tanto para nos ensinar. Enquanto acreditamos estar ensinando-lhes alguma coisa, eles nos dão lições de vida! E nessa troca de energia, percebo-os aprendendo, descobrindo, construindo, crescendo... e temo que se tornem adultos sérios, ocupados demais para se encantar com a beleza de uma flor, o cantar de um pássaro, o trabalho de uma formiga, o sorriso de uma criança...

Por isso preciso passar para o papel o meu tesouro mais valioso: minhas idéias. Tenho tantas, que chegam a ficar apertadas em minha caixa craniana. Mas essas idéias de nada servirão se eu não dividi-las com alguém. Alguém que queira germiná-las e possa disseminá-las aos que nunca perdem a capacidade de sonhar. Estas idéias, quem sabe um dia, possam contribuir para o cultivo de crianças adultas. Por enquanto elas vão continuar me incomodando na cabeça, disputando espaços, até que eu consiga arrumá-las e passar para o papel.

Nós, educadores, somos responsáveis também pela conservação do espírito jovem do nosso aluno. Por isso precisamos ser para eles luzes que transmitem entusiasmo pela vida. Educador assim, não morre jamais, porque deixa em cada aluno um pedacinho de si.

Como é bom educar... é como amar!!!