Nietzche e a moral

Nietzche e a moral

Nietzche foi um pensador que foi mal visto por alguns leitores. Existem interpretações equivocadas sobre Nietzche, de que este era o profeta do nazismo; anti-positivista; anti-democrático, etc. Isso por que a irmã dele , Elizabeth Forster Nietzche que tinha a posse dos manuscritos do irmão, fez intervenções arbitrárias e tendenciosas nas páginas manuscritas do mesmo (Nietzche) e, publicou a Vontade de Poder . E idéias como a de “super-homem”, vontade de poder, etc., aparecem com significados bem diferentes do contexto global do autor.

Sua filosofia é uma inversão dos valores morais tradicionais; “filosofia do martelo”, isto é, de destruição das bases. Este tenta explicar a realidade do mundo através de metáforas. Todo conhecimento é uma interpretação da realidade e esta se constitui em função das palavras que construímos para nomear o mundo. Toda palavra é uma metáfora da realidade. Este diz que o conhecimento que tentou legar o lado biológico, instintivo do homem, ou seja, o que esta ligado ao sensitivo, emoção, desejo e sensibilidade é tido como sem valor.

Para Kant temos a priori as categorias espaço e tempo, que são as condições de possibilidades onde se percebem as coisas. O entendimento reconhece um objeto e submete a jurisdição dos juízos e a razão pega o que o entendimento reconheceu e o juízo conceituou e, coloca-o dentro de uma totalidade. Porém, segundo Kant conhecemos a realidade enquanto fenômeno, Isto é, a coisa tal como ela aparece a nós. Pois, Deus, alma e mundo podem ser pensados e não conhecidos porque estes estão em uma região numénica, ou seja, fora do espaço e tempo. E se a coisa em si(Númeno) fosse possível de ser conhecida seria um para si.

Enquanto para Kant a sensibilidade (forma que temos de receber as sensações, ou seja, a nossa faculdade de sentir; de receber o múltiplo das sensações. É a nossa faculdade de pensar; e pensar é: Formar juízos; enunciados lógicos; proposições). Para Nietzche esta (sensibilidade) faz parte do nosso lado natural; biológico; sensitivo e emocional. Nietzche Fala de uma vida pensada biologicamente, isto é, vida enquanto sensibilidade, organismo que se constitui na natureza, mas é interpretada na história. Dessa forma a vida deixa de ser pensada metafisicamente; vida entendida como um bem em si mesmo; vida enquanto conceito universal que se encarnaria em sujeitos particulares.

Em sua obra “Zaratustra”* metáfora do homem que percebe as falácias de uma sociedade que pretendeu explicar racionalmente todas as esferas da vida humana.Mas, esta pretensão se mostra problemática em um mundo onde a luz da razão, longe ofuscou a nossa capacidade de compreendê-lo. “Zarastutra” é a busca nietzchiana da intuição. Nietzche tece uma crítica ao conhecimento racional tal como ele existe desde Sócrates e Platão. Pois, a sabedoria instintiva foi reprimida por este (conhecimento racional).

Segundo Nietzche, a razão ocupa um segundo lugar na experiência humana. As emoções e sentimentos vêm primeiro. O autor não nega os benefícios da razão, Afirma que esta (razão) tem seus limites. Sendo assim, que tal dar uma chance ao homem instintivo?

Nietzche é um critico da cultura ocidental, na medida em que esta (cultura) estabeleceu que a razão é a essência do homem. Não nega as conquistas da razão como vimos anteriormente. Ele só não admite que o mundo seja tão simples que possa ser regido por uma única forma de representação.

Por diversas razões a sociedade foi se afastando de Deus: foi assim que o matou. E juntamente com esta perda de um referencial nasce a crise, devido à falta de vinculo da prática de um conjunto de valores que tinha Deus como base. Que porventura, foi substituído pelo Ser. Sendo assim Deus passou a ser uma metáfora, isso significa que os fundamentos de um Deus ocidental deixaram de orientar à vida.

Assim, Nietzche retoma a famosa proclamação da morte de Deus, que se tornara um dos lugares-comuns da literatura romântica alemã. Como o Ocidente abandonou a idéia de Deus, temos que criar algo para suprir esta idéia, que seria a própria vida: base de todos os valores.

Para Nietzche a única possibilidade para o homem prolongar a vida enquanto criação de valores é negar o valor Transcendente que a tradição chamou Deus. Mas, essa tarefa somente pode ser cumprida por aqueles que transpõem os limites da condição humana vulgar e são os precursores do Super-homem. (LIMA VAZ, 1981, p.20).

O Super-homem de que fala Lima Vaz é o que não tem medo de “sair de si”, dominar a si mesmo, homem que descobrindo a falência dos valores ocidentais se vê na obrigação de fundar novos valores a partir da própria vida.

Em todos os tempos se quis “melhorar” o homem: a isto, sobretudo se chamou moral. E esta (moral) é histórica, ou seja, datada, criada pelos homens. É segundo Nietzche “se a espécie humana não atingiu o grau mais algo de potência e esplendor isso se deve ao fato de a moral ser o perigo dos perigos”. A moral quando considerada na perspectiva de forças, esta é um poderoso instrumento de conservação do fraco: enfraquece a vida e transforma a força em fraqueza, ou seja, moral como instinto de negação da vida. Sendo assim, “É preciso aniquilar a moral para libertar a vida”.

Nietzche se volta contra as exigências e o ideal de moralidade que rege nossas sociedades. “Existe entre a moral cristã e a ética aristotélica, conflito e vitória; vitória parcial da moral que transformou o “homem-fera” em animal doméstico, uma ave de rapina em cordeiro”. A análise de Nietzche nos leva a inferir que pelo fato de “servir e conservar” a vida, a moral é nociva às forças que possibilitam a auto-expressão da vida, que são as forças fundamentais.

De acordo com Nietzche o homem é uma pluralidade de potência. E viver é querer ser mais e conservar a potência. “Todo corpo deverá ser uma vontade de potência encarnada, quererá crescer, se estender, dominar, não por moralidade ou imoralidade, mas porque vive e a vida é vontade de potência”. Portanto, se a vida, ou a vontade potência é “imoral” ou não-moral, também a moral, que é essencial é apenas a expressão de um tipo de vontade de potência ––tipo negativo –– é imoral.

Nietzcche
Enviado por Nietzcche em 18/03/2007
Código do texto: T417077
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