O VÍDEO, NOVA TECNOLOGIA

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

O vídeo enquanto nova tecnologia de comunicação e informação passou a ser, para mim, a fonte de preocupações teóricas. Entender como algo com tantas possibilidades como o vídeo poderia servir a propósitos quase opostos passou a ser uma das minhas preocupações. Aprendi que a produção em vídeo é um processo muito mais dependente das relações com o poder econômico do que fruto das relações e dos ideais do produtor. Fui percebendo, aos poucos, que uma mensagem em vídeo é uma montagem discursiva e não uma cópia da realidade. Entendo por montagem discursiva um produto, por exemplo, o vídeo, em que os códigos e linguagens que atuam na produção deixam vestígios que produzem sentido conforme a vontade do produtor e/ou daqueles aos quais ele serve. Neste momento, não farei distinção entre programa de televisão e/ou vídeo, pois entendo que o processo de produção é por analogia muito semelhante.

Por outro lado, comecei a observar que o vídeo estava invadindo as casas, mais e/ou menos. O vídeo torna-se um artefato cultural necessário, evidentemente para satisfazer necessidades criadas pelo mercado de consumo, intimamente ligado não apenas a educação formal, mas a educação informa advinda dos programas de televisão. O outro lado – o da recepção – começa a aparecer. Inúmeras formas de apropriação evidenciam a presença do dispositivo de gravação e armazenamento de informações: o gravador reprodutor de videocassete. Pessoas começam a gravar quaisquer programas da televisão para serem assistidos em outros horários, finalidade apontada pelos fabricantes para o vídeo, e que, de certa forma, contraria os interesses da televisão, pois possibilita o corte ou a supressão dos comerciais. Com a gravação, os programas podem ser reprisados, comparados, estudados com mais facilidade. Assim, o vídeo amplia e qualifica a possibilidade de crítica e estudo das mensagens televisivas dentro e fora da sala de aula.

É de suma importância lembrar de o video cassete e/ou videocassete, também conhecido por V-K7 e/ou pela sigla inglesa VCR, cujo significado é Video Cassete Recorder, é um aparelho eletrônico lançado comercialmente durante a década de 1970 capaz de gravar e reproduzir imagens utilizando fitas magnéticas alojadas em estojos conhecidos como cassete.

O video cassete no Brasil explodiu na década de 1980. os primeiros aparelhos eram importados, legal ou ilegalmente, e por se tratarem de equipagamentos projetados para o mercado americano, necessitavam de uma adaptação para funcionarem com padrão de televisão em cores adotados no Brasil, o PAL-M. A adaptação era feita em oficinas de manutenção de equipamentos eletrônicos e a qualidade da modificação variava muito. Nesses tempos iniciais do videocassete no Brasil, o mercado de fitas pré-gravadas também se caracterizava pela informalidade. A maneira de se conseguir fitas pré-gravadas era se filiar a um “video-clube” que, pelo menos em teoria, não cobrava nada, posto que os sócios ao fornecerem uma certa quantidade de fitas podiam emprestar as fitas dos outros sócios. Em meados da década de 1980 esta situaçaõ acabou, devido principalmente à pressão dos distribuidores ligados aos grandes estúdios, e as locadoras tomaram o lugar dos vídeos-clubes. Em 1982, a Sharp lançou o primeiro aparelho de VCR fabricado no Brasil. Cerca de um ano após, a Philco lancou o seu aparelho e, logo, outros fabricantes lançaram também os seus aparelhos. Todos eles usavam o formato VHS, com exceção da Sony que lançou um equipamento Betamax. Este formato, apesar dos esforços da Sony, nunca teve participação significativa no mercado brasileiro devido principalmente à falta de material pré-gravado(filmes).

Os grupos com melhores condições econômicas adquirem câmara e/ou contratam alguém para fazer o trabalho de gravação de suas festas, eventos sociais e familiares, para mostrá-los aos amigos e revê-los mais tarde. Enquanto isso, a escola parece ter outras preocupações: profissionalizar os alunos, legislações, currículos, conteúdos mínimos que se tornam máximos, métodos, evasão, violência e tantas outras coisas. No início do processo de inclusão do equipamento de vídeo-cassete no mercado, pela indústria eletrônica, algumas escolas particulares chegaram a adquirir equipamento (gravador reprodutor de videocassete e televisor), mas a inclusão do vídeo na escola não aconteceu como a indústria eletrônica esperava. Apesar da disponibilidade da tecnologia no mercado, a sua inserção no mundo escolar aconteceu de forma muito mais lenta do que em outras instâncias sociais, como a família, por exemplo, tendo em vista que as famílias deixaram de freqüentar os cinemas, principalmente nas cidades do interior do Brasil, preferindo alugar ou comprar fitas de videocassete e assistirem em casa.

É bom lembrar que na década 90 do século XX, já se era possível comprar e/ou alugar qualquer tipo de fita de videocassete sobre quaisquer temas educacionais e/ou não.

Atualmente, os VCRs parecem estar perdendo mercado para a nova tecnologia, chamada de DVD regravável, DVD-R. O preço destes aparelhos tem baixado cada vez mais e parece haver um interesse dos fabricantes em promover a troca dos parelhos VCR pelos aparelhos de DVD-R, é apenas uma questão de pouco tempo para acontecer totalmente essa substituição tecnológica por outra mais avançada.

As novas tecnologias da comunicação, em todos sentidos, praticamente já estão presentes em todos os ramos das atividades humanas. "Do mesmo modo como outrora, com a revolução industrial, as máquinas mecânicas libertaram o homem do esforço físico, hoje, as máquinas passam a fazer parte do trabalho intelectual de cálculo, armazenamento de dados, etc." (RIPPER, BRAGA, MORAES. 1993, p. 410). As inserções das novas tecnologias de comunicação fazem parte da realidade contemporânea e, como um dado de realidade, altera o processo de trabalho e as relações humanas.

Embora o custo destas novas tecnologias, na sociedade brasileira, ainda torne proibitiva a sua aquisição e utilização em escala nacional no sistema escolar, principalmente no sistema escolar público, acredita-se que os interesses econômicos envolvidos, vem reduzindo os custos e tornando inevitável a pressão para consumo em massa de computadores, internet, multimídia, televisores, vídeos-cassetes nas escolas, etc.

As discussões na área educacional apontam para caminhos e interpretações divergentes quanto a essa questão, ora afirmando que a escola deve incorporar os recursos existentes na sociedade para não se tornar obsoleta, muitas vezes, sobre valorizando as potencialidades da tecnologia; ora postulando que a escola é pobre, a merenda é péssima, o giz quebra, faltam carteiras, as bibliotecas são precárias e o salário recebido pelo professor é irrisório, adiando-se assim as contribuições que poderiam advir da utilização de inovações tecnológicas no ambiente escolar.

É verdadeira a afirmação de que as novas tecnologias estão presentes nas casas, empresas, instituições públicas e privadas. Aos poucos a sociedade vem se informatizando. A internet, o computador, o vídeo, o fax, o telefone fixo, o telefone celular, a televisão, o rádio e a imprensa são os recursos mais usuais e disseminadores de culturas, valores éticos, morais e padrões sociais de comportamentos do século XX e dos séculos futuros. É certo que tais artefatos possibilitam que a comunicação seja intermediada pelo uso da máquina e não mais pela voz humana.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 05/03/2013
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