Um dia comum

Sentado num autocarro, cansado depois de mais um dia de trabalho, descanso o meu corpo no lento regresso a casa, enquanto espreito a vida lá fora por detrás de um vidro riscado. No pensamento estão as recordações de uma infância alegre e de uma juventude rica de grandes momentos. Mas aos poucos vou sendo resgatado para o presente e sem forças para manter viva a esperança de reencontrar o meu velho mundo me confronto novamente com a realidade a minha volta. Do lado de fora o transito e intenso, cada ano que passa a mais pessoas e menos empregos, mais violência e menos segurança nas ruas, mais professores e menos interesse em manter os jovens na escola, a educação vai se transformando em luxo, pois, a necessidade tem vencido a vontade de estudar, o pequeno agricultor perde o trabalho e também a companhia dos filhos a pacata vida do interior em busca do sonho de uma vida melhor na grande capital. Um mundo de concreto se ergue e o verde não e restaurado, esse e o retrato do mundo onde vivemos começo a compreender porque a cansativa rotina é cada vez mais comum no nosso dia-a-dia; Sem lazer; Sem conforto; Sem opção e principalmente sem esperança de obter um futuro diferente. Um país não e apenas um pedaço de terra, um país é a alma e o coração de cada pessoa que nele vive, que nele trabalha e que por ele luta, uma pessoa pode parecer não ter nenhuma importância para a sociedade por ter um trabalho simples e uma educação vulgar, mas quando paro e penso vejo que são essas pessoas o sangue que corre nas veias deste pais o mantendo vivo mesmo nos momentos mais difíceis…

Ricardo Barbosa
Enviado por Ricardo Barbosa em 19/03/2007
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