Raposo. Uma comunidade criada com lendas e misticismos.

No período que compreende as datas de 16 a 18 de março deste ano estive, com a família e amigos mais próximos, excursionando na aprazível Estância Hidromineral denominada Águas de Raposo, situada na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro. Pelo aspecto político, Raposo, como é mais conhecido, é um distrito do município de Itaperuna e topograficamente se avizinha aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo.

Sua história, cercada de um grande misticismo, vem sendo contada ao longo do tempo pelos próprios moradores, que obtiveram as informações através de seus ascendentes e ainda por escritores interessados em resgatar o seu legendário passado histórico.

Hospedado em um dos hotéis dessa pequena cidade obtive com o seu proprietário, Sr. Antonio Celso Gentil, o empréstimo de um exemplar do livro, onde se encontra publicado o Romance intitulado “Águas de Raposo antes e depois de Martinez”, de autoria de Sylvio Primo, editado em 1984. Trata-se de um dos escassos volumes em circulação na localidade e de abrangente conteúdo histórico, uma vez que o autor, mineiro de Cataguases e com longa experiência profissional demonstra, em todo o contexto, profundo conhecimento das histórias; real, lendária e mística de Raposo.

Segundo o escritor Sylvio Primo, em um de seus capítulos, existia uma antiga fazenda abandonada e conhecida na época como mal assombrada, em cuja porteira, já apodrecida pelas circunstâncias, ninguém jamais se atreveu ultrapassar. Num certo dia, porém, um morador de nome José Pinto, após ter sido desafiado por um conterrâneo, demonstrando-se corajoso, portou-se de uma enxada e transpondo a velha porteira, adentrou-se capinzal afora até chegar ao local das assombrações. Com certa ira, pôs-se a cavar. De repente foi jogado brutalmente para trás, por uma enxurrada d’água. Estava sendo descoberta ali a fonte energética e salutar das águas minerais de Raposo.

O romance é rico em detalhes que evidenciam a nobreza nas intenções dos personagens da história de “Águas de Raposo”, ou simplesmente Raposo.

De uns anos para cá, tem sido realizada a Festa do Carro de Boi, principal evento de natureza religiosa, levado a feito sempre no último domingo do mês de maio.

Naquele distrito de Itaperuna existem dois parques de água mineral. No Parque Soledade, onde fui atendido com profissionalismo e gentileza pela proprietária, Sra. Ana, recebi esclarecimentos sobre as águas carbogasosa e sulfurosa. Conforme ainda a declaração da empresária Ana, têm sido registrados testemunhos de pessoas da região e turistas, estes em número cada vez mais crescente, após a fama de”Água Santa”, a respeito dos milagres que vêm ocorrendo há cerca de um século.

O progresso é uma realidade em Raposo, haja vista o empenho de seus empresários e comerciantes, os quais se destacam pela qualidade no atendimento de modo geral, o que não somente proporciona o retorno do cliente, bem como viabiliza condições políticas para um processo de emancipação do jugo municipal.

Demarcy de Freitas Lobato (Em memória)
Enviado por Demarcy de Freitas Lobato (Em memória) em 19/03/2007
Reeditado em 25/10/2007
Código do texto: T418811