O VÍDEO: TECNOLOGIA DA LINGUAGEM AUDIOVISUAL

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Seremos donos do nosso amanhã, se estivermos unidos

Em sintonia com os nossos sonhos mesmo se não formos iguais,

Pois não somos iguais!

Charlie Brown Jr.

Como tecnologia, o vídeo-cassete é a resposta a uma necessidade da televisão, que, ao gerar imagens eletrônicas, não podia arquivar sua produção em substratos ópticos, como o cinema. Sua imagem ficava limitada à transmissão de eventos ao vivo e/ou a reproduzir filmes. Pressionada por essas e outras necessidades da televisão, a indústria de equipamentos eletrônicos começou a desenvolver sistemas de gravação magnética para os sinais de vídeo (imagem decomposta em linhas para transmissão, isto é, a imagem da televisão) e áudio (o som). Inicialmente, tanto para gravação de áudio como de vídeo, foram desenvolvidos sistemas que utilizavam rolos de fita; posteriormente, desenvolveu-se o sistema de cassete, que é muito mais fácil de manusear, pois o rolo de fita e um rolo vazio são acondicionados em um estojo. Surgiu o videocassete, como artefato tecnológico, para resolver problemas da televisão; no entanto ao ser disponibilizado para a sociedade, começou a produzir transformações, tanto em si próprio como na sociedade.

É importante mencionar de que o vídeo educativo pode viajar pelos mais diversos gêneros: documentário, novela, telejornal, reportagem, teatro, etc, inclusive pode relatar, discutir, contrapor, instigar, informar e interagir. E até porque enfoca ou trata-se de uma peça viva, mesmo estando confinada entre as linhas da chamada imagem eletrônica. Ainda na fase de criação e planejamento é de suma importância fazer um levantamento geral dos recursos disponíveis, para se saber o que será necessário para ilustrar o tema ou assunto, como por exemplo: fotos, pinturas, documentos, locações, imagens em movimento de arquivo a serem gravadas, atores, locutor(a), etc. É de suma importância saber previamente o que se quer de um vídeo, bem como o que vai ser dito, de modo que o objetivo da peça audiovisual em muitas vezes é suficiente para escolher o tipo de locução, o melhor gênero, os participartes, etc, segundo Girão (2002).

A introdução, de forma maciça, das linguagens audiovisuais em nossa sociedade, cuja responsabilidade, em geral, atribui-se ao cinema e à televisão, deve-se também ao videocassete, que é, em parte, responsável pela popularização dos mesmos. O grande feito do videocassete, no entanto, foi ter posto nas mãos de muitas pessoas a possibilidade de produzir mensagens audiovisuais a um custo acessível. Com a profusão de imagens possibilitada por esses meios, entre outros, altera-se a maneira de interpretar o mundo. Segundo Ferrés,

[...] Ler um texto escrito e olhar uma fotografia são duas operações diferentes a partir do ponto de vista do processo mental, duas operações que põem em jogo diferentes áreas cerebrais. Para ler um livro é preciso colocar-se sobre ele. A leitura se desenvolve no tempo. É uma operação analítica duplamente abstrata: primeiro tem que se fazer analise gramatical e, após, a análise lógica. Curiosamente são as duas primeiras que se realizam na escola. O homem que lê é um homem dedutivo, racional, analítico, rigoroso, preciso. Só se pode contemplar uma imagem, ao contrário, “submergindo-se” nela. É uma operação sintética, que, primeiramente, é realizada de forma global (FERRÉS, 1996b, p. 13).

Assim sendo, surgiu um novo homem, que “conhece por meio de sensações. Reage diante dos estímulos dos sentidos, não diante das argumentações da razão” (FERRÉS, 1996b, p. 14). Passou-se a compreender mais pela sensação do que pela razão. O surgimento dos meios de comunicação eletrônicos confere primazia às linguagens audiovisuais. Alterou-se o equilíbrio das linguagens, pois, até poucos anos, estávamos condicionados às linguagens: oral e escrita, e o sistema de ensino adaptou-se paulatinamente,

[...] com a chegada do audiovisual, rádio, cinema, televisão, agora a internet, construiu-se um campo onde a representação não é mais do mesmo tipo da representação tradicional, ou seja, do universo da escrita. Agora a representação é apresentativa. (...). A dimensão crítica e a dimensão argumentativa desaparecem nessa nova constelação da representação apresentativa. (SODRÉ, 2001, p. 21).

Na sociedade, alterou-se o equilíbrio das linguagens, e ela vai absorvendo e buscando novo equilíbrio; algo parecido começa a acontecer no ensino, que se vai adaptando às novas formas de produzir sentido na sociedade. Os meios de comunicação tornaram a linguagem audiovisual privilegiada. O vídeo, nesses meios, é quem possibilita a produção de mensagens, por isso é, hoje, a forma mais interativa de tecnologia.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 15/03/2013
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