CRECHE E DEPÓSITO DE CRIANÇAS

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

[...] o tempo e as transformações são inexistentes ou relegadas a um plano secundário. Privilegia-se um presente eterno.

Roberto Lobato Corrêa

Alertamos os senhores educadores e gestores públicos de que creche não é depósito de crianças em lugar nenhum do mundo. Enfatizamos que corre um grande risco as crianças passarem muito tempo em pequenos espaços físicos, improvisados e que são chamados de “creches/escolas de Educação Infantil”, ambientes pagos com impostos diretos e indiretos de todos os brasileiros, tendo em vista isso, lugares sem iluminação natural e artificial adequada, camas, mesas, livros, computadores, cadeiras, quadras de esportes, bibliotecas infantis, brinquedotecas, professores especializados na área da Educação Infantil, prédios adequados e não improvisados (segundo projetos de arquitetos e engenheiros), cozinhas e comidas adequadas e supervisionadas por nutricionistas, psicólogos, psicopedagogos, pedagogos, médicos, área de recreação, etc. Assim sendo, os gestores públicos federais, estaduais e municipais, que assim não fizerem estarão tornando direta e indiretamente as crianças adormecidas em sua criatividade e curiosidade peculiar de sua idade infantil, sem deixar de lado a sua exuberância em termos humanos. A Educação Infantil é o primeiro contato das crianças com a educação como prática da liberdade, é prá brincar, é prá correr, é prá cantar, é prá tudo..., sempre comprometida não só com a apropriação e a construção de conhecimentos científicos ou acadêmicos. Senhores educadores e gestores de todos os níveis da administração pública direta e indireta do Brasil, os conhecimentos acadêmicos ou científicos desde a Educação Infantil administrados nas creches/escolas e não em depósitos de crianças, são justamente a matéria prima número um, de modo que sem a existência da mesma, torna-se impossível em todos os sentidos, preservar o que é mais sagrado na Terra que é a vida humana, pois, sem a mesma, não se pode participar do chamado processo evolutivo mental e espiritual, permanente da criação e recriação da própria existência enquanto ser humano do futuro. É evidente que todas as crianças, filhas de pais ricos ou pais pobres, tendo em vista que não existem crianças ricas ou crianças pobres, existem apenas crianças, necessitam de ter acesso aos conhecimentos acadêmicos e ou científicos que as novas mídias sociais oferecem a humanidade, uma vez que as mídias enquanto instrumentos da modernidade são ferramentas indispensáveis para a transformação da realidade evolutiva, emocional, ambiental e social onde as crianças estão inseridas, não importa se na zona rural ou na zona urbana, crianças são crianças em todo canto e lugar, não tem noção de tempo e espaço, e muito menos de ocupar o seu “espaço” na sociedade se tudo já lhe é negado, não têm vez nem voz, a começar pelas creches/escolas transformadas como depósitos de crianças, sem metodologias educacionais e instrucionais adequadas em termos de teoria e prática para desenvolver suas mentes em termos processuais educacionais no seu dia-a-dia escolar.

Enfocamos que a prática educacional e pedagógica no ambiente dedicado a Educação Infantil do tipo Creche, tem que oferecer as crianças um cotidiano onde sejam respeitadas enquanto cidadãs de fato e de direito, sem qualquer tipo de preconceito ou discriminação étnica, religiosa, sexual, política, etc, sem deixar de lado de que são também sujeitos de afeto, de sensibilidade e de conhecimento do sensu comum e do sensu científico, nada importa se tem algum educador e gestor que pensem o contrário. Sabemos ainda que as crianças enquanto seres humanos não são objetos e muito menos não são todas iguais, pois, pelo contrário, trazem consigo a diversidade genética e familiar ao nasceram em suas vidas, pois, são crianças femininas e ou masculinas imersas em culturais, heranças das etnias: branca, negra e indígena e de classes sociais diversificadas em termos materiais e espirituais.

Em última análise, quem cuida de crianças que vivem especificamente em Creches/Educação Infantil, deve ser receptivo, aberto, sempre atento e sensível para poder entender e perceber o que as crianças precisam ou necessitam no seu dia-a-dia. Para que isso venha acontecer é preciso proximidade, tempo e entrega, entre pais, professores e crianças, enquanto objetos da aprendizagem acadêmica e da vida como pessoas humanas. Os professores, cuidadores e demais profissionais das Creches-Escolas precisam de formação permanente para poder assegurar a qualidade da escola/creche em todos os sentidos, não transformado-as em depósitos de crianças, pois, assim fazendo os gestores públicos federais, estaduais e municipais, estarão mascarando as crianças que vivem em creches/escolas, de hoje, que sem sombras de dúvidas serão os drogados, assassínios, assaltantes e marginais de todos os naipes do Brasil e do mundo em um futuro bem próximo. Basta esperar para comprovar!

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 16/03/2013
Código do texto: T4192190
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