A fatalidade e os pressentimentos

Liberdade determina acontecimentos

Utilizando transcrição parcial de respostas do Espírito São Luiz*, extraída da REVISTA ESPÍRITA (tomo I, março de 1858, página 75, edição IDE - Araras-SP, tradução Salvador Gentille), abordamos aqui a questão da fatalidade nos acontecimentos da vida humana. Considerando a grande quantidade de acidentes que tem ocorrido na sociedade atual, o tema é sempre oportuno. Observe nas respostas do Benfeitor Espiritual, a lógica da informação espírita. Kardec recebeu uma correspondência indagando as razões da morte de quatro pessoas em um acidente com uma embarcação, sendo que outras quatro conseguiram salvar-se. O correspondente indagou: "Por que, nesse perigo igual para todos, só quatro pessoas sucumbiram ?", entre outras indagações que o leitor estudioso pode encontrar na íntegra em pesquisa na fonte acima citada. Mas, vamos às perguntas e respostas:

"1. Quando um perigo iminente ameaça alguém, é um Espírito que dirige o perigo, e quando dele escapa, é um outro Espírito que o afasta?

Resposta: . Quando um Espírito se encarna, escolhe uma prova; escolhendo-a se faz uma espécie de destino, que não pode mais conjurar, uma vez que a ele está submetido; falo de provas físicas. Conservando o Espírito no seu livre arbítrio, sobre o bem e o mal, é sempre o senhor para suportar ou repelir a prova; um bom Espírito, vendo-o enfraquecer, pode vir em sua ajuda, mas não pode influir, sobre ele, de maneira a dominar a sua vontade. Um Espírito mau, quer dizer, inferior, mostrando-lhe, exagerando-lhe um perigo físico, pode abalá-lo e amedrontá-lo, mas, a vontade do Espírito encarnado não fica menos livre de todo entrave.

2. Quando um homem está no ponto de perecer por acidente, me parece que o livre arbítrio nisso não vale nada. Pergunto, pois, se é um mau Espírito que provoca esse acidente, que dele é, de algum modo, o agente; e, no caso em que se livra do perigo, se um bom Espírito veio em sua ajuda?

Resposta:. O bom Espírito ou o mau Espírito não pode senão sugerir bons ou maus pensamentos, segundo a sua natureza. O acidente está marcado no destino do homem. Quando a tua vida é posta em perigo, trata-se de uma advertência que tu mesmo a desejaste, a fim de te desviares do mal e de te tomares melhor. Quando tu escapas desse perigo, ainda sob a influência do perigo que correste, pensas mais ou menos fortemente, segundo a ação mais ou menos forte dos bons Espíritos, em te tornares melhor. O mau Espírito sobrevindo (digo mau subentendendo que o mal ainda está nele), pensas que escaparás do mesmo modo de outros perigos e deixas, de novo, tuas paixões se desencadearem.

3. A fatalidade que parece presidir aos destinos materiais de nossas vidas seria, pois, ainda o efeito do nosso livre arbítrio?

Resposta: Tu mesmo escolheste tua prova: quanto mais ela é rude, melhor tu a suportes, mais tu te elevas. Aqueles que passam sua vida em abundância e na felicidade humana, são Espíritos frouxos que permanecem estacionários. Assim, o número dos infortunados sobrepuja em muito o dos felizes desse mundo, tendo em vista que os Espíritos procuram, em maior parte, a prova que lhes será a mais frutífera. Eles vêem muito bem a futilidade de vossas grandezas e de vossas alegrias. Aliás, a vida mais feliz é sempre agitada, sempre perturbada, não seria isso senão pela ausência da dor."

Em nota colocada pelo próprio Codificador, ao término das 8 questões respondidas (e que repetimos, o leitor pode consultar na íntegra na Revista do ano de 1858), há a explicação de que as explicações de São Luiz reportam-se à fatalidade dos acontecimentos materiais e que para as questões morais, há que se buscar a orientação completa em O LIVRO DOS ESPÍRITOS, especialmente questões 522 a 524 e 851 a 867.

*Rei da França, coroado com apenas 12 anos em 1226. Sob orientação de sua mãe, tornou-se um soberano piedoso e altruísta. Chamado de "o bom rei Luís", foi considerado um soberano ideal, admirado mesmo pelos seus inimigos pela sua integridade moral. Foi canonizado pela Igreja Católica no ano de 1297.

Orson
Enviado por Orson em 23/03/2007
Código do texto: T422766