A sétima arte em Santa Rita

Francisco de Paula Melo Aguiar

A arte é a auto-expressão lutando para ser absoluta.

Fernando Pessoa

Santa Rita teve seu primeiro cinema funcionando em 1907 no prédio do então Mercado Público de Santa Rita, construído na Praça Dom Pedro II, atual Praça Getúlio Vargas. O mesmo era de propriedade de uma companhia ambulante, o que vale dizer que não tinha sede própria em nossa cidade, o nome ambulante já diz tudo por si só, apenas exibia seus filmes em preto e branco, e mudo. Somente em 1912 surgiu na “Rainha dos Canaviais” o Cinema Central, fundado pelo Coronel Francisco Honorato Vergara, localizado à Rua Juarez Távora nº 77 e 83, centro de nossa cidade, no mesmo prédio que funcionou a então Serraria Santa Rita, de propriedade de Adalberto Gomes da Silva até a década de 30 do século XX. Ressaltamos de que ainda em 1912 passou o Cinema Central a pertencer ao Major Clementino de Oliveira, então Delegado de Policia de nossa cidade, introduzindo importantes melhoramentos no mesmo e mudou o nome para Cinema Valfredo Leal (um ilustre filho de Areia/Pb, nascido em 21 de fevereiro de 1855 e falecido em João Pessoa/Pb em 30 de junho de 1942), que foi um sacerdote da igreja católica romana e político brasileiro de renome entre nós paraibanos, filho de Matias Soares Cavalcanti e Maria dos Santos Leal. Valendo salientar de que iniciou seus estudos na Paraíba e, em seguida, ingressou na vida religiosa. Foi ordenado padre em Roma e, de volta ao Brasil, foi designado vigário de Guarabira/PB. Teve forte influência no brejo e litoral da Paraíba, chegando a ser eleito deputado constituinte estadual em 1892. Em seguida foi eleito vice-presidente de Estado da Paraíba, nos períodos 1893 - 1893, 1894 - 1894, 1896 - 1896 e 1905 - 1908, chegando a governar o Estado da Paraíba em várias ocasiões de sua História. Em 1901 foi eleito deputado federal. Já em 1908 foi eleito senador da República, permanecendo no cargo até 1917. Nos períodos de 1922 a 1923, 1924 a 1926 e 1928 a 1930, exerceu o mandato de deputado estadual. A História da Paraíba menciona que depois da revolução de 1930 afastou-se da vida pública e que o mesmo era tio materno do ministro, escritor e ex-governador José Américo de Almeida (autor de A bagaceira, dentre outros títulos igualmente importantes), em homenagem ao líder político e religioso paraibano. Sabemos também de que em 1918 o Cinema Valfredo Leal foi comprado por Manuel Henrique de Sá, que igualmente mudou o nome para Cinema Morse até sua extinção, quando o mesmo já era da propriedade de Jorge Silva. O Cinema Avenida (o mesmo prédio onde atualmente funciona uma igreja evangélica à Praça Getúlio Vargas) de propriedade de Salvador Alves, o Cinema São João, localizado à Rua São João, antiga Rua Djalma Dutra, de propriedade de Severino Cavalcante, tivemos ainda o Cinema Santa Cruz, o antigo cinema “puiga”, à Rua Dr. Pedrosa (antiga rua da Linha Férrea), o Cinema de Toscano, à Praça João Pessoa esquina com a Rua São João.

Todos os cinemas foram extintos antes do apagar das luzes da última década do século XX na cidade de Santa Rita/PB, o que ainda perdura na primeira década do século XXI, sendo substituídos pelas novas tecnologias colocadas a alcance de toda a população e na hora que entender usá-los no seio de suas casas, de modo que quem quer assistir uma “telinha” na Terra das Águas Minerais ou Rainha dos Canaviais tem que deslocar-se para os cinemas na Capital do Estado, e até porque Pablo Picasso afirma que “a arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”.

A sétima arte hoje em Santa Rita, era uma vez... não existe um só cinema.

REFERÊNCIAS

AGUIAR, Francisco de Paula Melo. Santa Rita, Sua História, Sua Gente. 2ª ed. São Paulo: Clube de Autores Publicações S/A, 2016. 638p.

ANUÁRIO INFORMATIVO DO MUNICIPIO DE SANTA RITA. Lapemberg Medeiros; Jaime Gonçalves do Nascimento; Walçdemar de Carvalho Lelis.João Pessoa:Tipografia A IMPRENSA,1937.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 30/04/2013
Reeditado em 30/07/2018
Código do texto: T4267837
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