NOSSO BBB DE CADA DIA

“No Brasil quem se eleva à altura do meio-fio

é metralhado por três ( no mínimo) “

Paulo Francis

Todos nós, em algum momento da vida, temos nosso momento de Alemão (Diego) e seu triângulo: é só dar uma espiadinha.

É claro que não ganhamos um milhão de reais, mas ganhamos muito mais: ganhamos a satisfação de descobrir, depois de algum tempo, que estávamos certos, mas, mesmo assim, fomos atacados por um bando de Caróis, Albertos, Airtons, Analys, Brunas e quetais.

Você, caro leitor, deve conhecer diversas Analys: trafegam com desenvoltura por entre os membros dos grupos literários e culturais, sempre sorridentes, ouvidos atentos, ar enigmático de alguém que conhece — e muito — os caminhos tortuosos da vida, e que, de repente, se arrependem de ter tomado partido do lado errado e, então, choram , lastimam a sorte, tentam entender o que aconteceu: chegam a afirmar que foram levados por algum Alberto.

Aliás, Albertos não faltam. Eles, quando percebem que alguém poderá ser um empecilho para seus objetivos inconfessáveis, passam a tramar, a influenciar, a formar grupelhos que , por falta de informação ou por mau caráter, deixam-se levar pelas meias verdades, piores do que as mentiras.

Existem também as Brunas, chorosas, ar de inocente, prestativas, utilizando-se de preceitos bíblicos para esconderem a gula pelos que não concordam com suas idéias e princípios, fazendo de conta que não concordam com os Albertos, mas votando sempre da mesma forma e junto com eles.

Existem as Caróis, cheias de boas intenções, e que, quando vêem o mal que fizeram a um considerado ( pelo menos assim cantado em prosa e verso a cada vez que era encontrado) eterno amigo, tentam lhe explicar que sua escolha e decisão foram bem intencionadas.

Existem os Felipes, cobras criadas há décadas, em outras instituições respeitadas mundialmente, que fazem pacto de sangue com qualquer um que possa representar, para eles, uma forma de assumir posição de comando, mesmo que, para isso, tenha que, após um golpe de dar inveja a Brutus, fazer tudo aquilo que criticavam na conduta de suas vítimas, quando elas ocupavam cargos por eles pretendidos.

Mas ainda bem que ainda existem os Alemães, as Flávias , as Íris ou Siris, os Fernandos e Brunos, gente que conhece o jogo da vida, mas não vende a própria alma por glórias passageiras, e eles sabem como se portar quando o assunto é amizade: nem por um milhão de reais.

Sei que muitas pessoas não gostam desse tipo de programa porque, possivelmente, nesse microcosmos da vida, identifiquem nos participantes,a descoberto, suas próprias maneiras de se relacionar com outros seres humanos: Freud explica.

E , finalmente, os comentários de Pedro Bial: ácidos, mas básicos, (como costumava dizer um recentemente falecido brother ) inteligentes, oportunos, intrigantes para os participantes do BBB, que não sabem o que está acontecendo aqui fora.

Quanto ao fato de o programa ser na Globo, retomo as palavras do próprio Bial, em uma entrevista dada à Playboy, em maio de 1995, e recebida por mim em forma de fotocópia, do grande amigo Caparelli, o do vozeirão inconfundível: “ a Globo atrai reações de amor e ódio, carrega a paixão do Brasil, as mazelas, as conspirações. Atribuem tudo à Globo. È uma responsabilidade indevida. Ao mesmo tempo, ninguém vira o canal”.

Aliás, no BBB da vida real, existem brothers que, na teoria, adoram criticar a Globo, mas mamam , indiretamente, em suas fartas tetas quando se trata de garantir um espaço nas páginas de alguns órgãos de imprensa.

Enfim, só nos resta, mesmo sem o pay-per-view, aguardar para sabermos quem serão as Graziellis desses BBBs reais.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 27/03/2007
Código do texto: T428142