Irritabilidade, Impulsividade e Descontrole

Irritabilidade e impulsividade andam sempre de mãos dadas. À menor contrariedade, a pessoa explode, perde a compostura e ofende quem estiver por perto. Lembra-nos Zangado, conhecido personagem de famoso conto infantil celebrizado por Walt Disney, o fantasioso cineasta americano. Mas os dois defeitos nada têm de fantasioso e conformam uma enorme dificuldade de convivência nas pessoas que os têm em alto grau. O irritado é um incomodado perpétuo; o impulsivo, descontrolado. A combinação dos defeitos, um desastre para quem deva suportar os arroubos da pessoa que os carrega.

Tanto no caso da irritabilidade como no da impulsividade, a pessoa alterna, repentinamente, de um estado sereno para outro de descontrole absoluto. Assim é como quem padece em alto grau desses dois defeitos se vê isolado, abandonado, esquecido. Amigos e parentes evitam o convívio com o descontrolado, o ofensivo, o desequilibrado; nem as mais duras experiências levam-no a olhar para si e se controlar. Como fazê-lo? Não houve quem lhe pudesse ensinar.

É bom combater esses males dos quais a maioria dos seres humanos padece antes que se transformem em doença incurável e isolem a pessoa num mundo onde se escondem os perturbados, os que não sabem viver, nem conviver.

A convivência é uma grande escola. Que não convive, não vive.

O importante é estar atento à própria conduta, vigiar estas deficiências psicológicas para que não se transformem em feras que podem nos devorar.

No livro Deficiências e Propensões do Ser Humano, o educador González Pecotche afirma que “poucos são os seres humanos afetados de impulsividade que têm cabal consciência de que ela é a causa de muitos de seus infortúnios. Deter-se com o propósito de impedir que suas insolências perturbem a tranqüilidade interior ajudará a estabelecer o hábito da contenção, que significa nada menos que o domínio de uma reação, sempre arbitrária, com efeito deprimente sobre o ânimo”.

E sobre a irritabilidade, “esta deficiência que violenta o caráter”, agrega o pensador, “conterá a ação destruidora e deprimente dessa deficiência a temperança, sedativo psicológico que modera as asperezas do temperamento até sua total extinção. A temperança é uma virtude conatural, cujo possuidor traz consigo como insígnia de seu avanço na grande experiência evolutiva”.

Nagib Anderáos Neto

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