"O que você está fazendo aqui?"

Talvez por que sou uma questionadora incansável, busco sempre novos caminhos.

Quase sempre navego contra a maré e sinto um prazer enorme por desafios, especialmente quando acredito que vale a pena.

Encontro sempre muitas resistências, dores e dissabores.

É utópico?

Creio que não.

Ouvi de Paulo Freire num congresso em Poços de Caldas (terra onde nasci) que “É preciso sonhar, ter utopias, pois só assim se constrói a realidade”.

Alguém tem que sonhar para realizar.

Não é tarefa fácil conseguir cumplicidade junto à comunidade para políticas sociais inclusivas e não assistencialistas, pois somos culturalmente dependentes.

O assistencialismo, tão enraizado, promove a dependência, instiga e incentiva a cultura do te dou o voto, você me dá a cesta básica, o emprego (não necessariamente o trabalho), as vantagens, o prestígio.

Percebo avanços significativos na nossa comunidade.

O trabalho desenvolvido junto às famílias, tanto por prestadores de serviços como pela política pública, abandona o assistencialismo destrutivo e assume o desafio de capacitar, organizar, convencer e mudar.

De alguma forma responsabiliza toda a comunidade pelos problemas sociais vivenciados e construídos ao longo do tempo.

As intervenções junto às famílias necessitadas são necessárias, porém mais importante é ao mesmo tempo oferecer caminhos alternativos, através de políticas sociais adequadas para a inclusão social das mesmas.

Não gosto da palavra assistência.

Prefiro a palavra ação.

A cesta básica vira adubo, a capacitação para ao trabalho não.

É uma conquista pessoal, um caminho para a inclusão, a recuperação da dignidade e sobrevivência.

Então, respondo a alguém que me perguntou (referindo-se à qualidade de vida de minha terra-Poços de Caldas:

O que você está fazendo aqui?

Estou compartilhando com pessoas muito especiais esse movimento de mudança e promoção social.

Obrigada a toda comunidade, pela oportunidade.

Kátia Christofoletti

Secretária Municipal de Assistência Social