Toda Unanimidade É Burra?

Eric do Vale

Publicadas em situações distintas, as duas capas, postadas no Facebock, de uma revista trataram de um mesmo assunto: aborto. Enquanto uma expunha algumas mulheres, na maioria conhecidas do grande público, que passaram por essa experiência e com um titulo impactante: “Eu Fiz Aborto”. A outra edição destacava a presidenta da República, em campanha eleitoral, associada a uma frase sua em que demonstrava simpatia pela interrupção da gravidez.

No instante em que divaguei no contexto dessas duas publicações, a voz da diretora ecoava por todo o colégio, expressando o seu descontentamento com aquelas mulheres que admitiram terem feito aborto. E em outro momento, testemunhei alguns conhecidos meus e opositores declarados da Dilma, reforçando criticas, após tomarem conhecimento desses pronunciamentos.

Mesmo que a justiça consinta na prática do aborto em ocasiões singulares, como riscos de gestação, anencefalia e estupro, grande parte da população insiste em condená-lo. Isso acontece, porque é muito fácil afirmar que a sociedade revela uma mentalidade arcaica, não estando preparada para se dar a discussões consideradas tabus, que tendem a mexer com as estruturas. Na verdade, o individuo se deixa influenciar por informações que apresentam ares terroristas, impossibilitando-o de dispor de uma amplitude para o desenvolvimento de suas convicções sobre tal assunto.

Além de resultar em cisma da opinião pública, o aborto é apenas um tema, dentre tantos outros, que permite ao ser humano vestir- se com uma couraça puritana e, por meio de uma retórica ultraconservadora, assumir o perfil de um mero defensor dos bons costumes. As eleições presidenciais de 2010 é a cabal prova disso.

Sem se darem ao trabalho de entenderem as razões que levavam a presidenta a se posicionar favorável ao aborto, todos, com as suas sujeiras ocultadas debaixo do tapete, foram unânimes em crucificá-la. Houve ainda quem fizesse alusão aos tempos em que a, então, candidata à Presidência da República pertenceu a grupos guerrilheiros, no período do Regime Militar, levando a crer que, em plena era Pós- Guerra Fria, a real causa para não a eleger devia- se ao fato de ela se declarar comunista.

Por mais absurdo que essas justificativas pareçam, esse moralismo mesclado de anacronismo permitiram que, mais uma vez, eu viesse a ter um contato direto com o mundo do Nelson Rodrigues.

A ideia de intitular o texto com uma das mais famosas frases do Nelson Rodrigues decorreu disso, assim que falei dele no parágrafo anterior. A afirmação nelsonrodriguiana sintetiza bem essa celeuma, porém resolvi utilizá-la de forma interrogativa.

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