Apagão aéreo.

Aeroportos abarrotados, vôos atrasados, pessoas em crise, nervos a flor da pele. No último fim de semana uma morte: Luiz Fernando Moska, 54 anos, morreu vitimado por infarto após esperar horas para embarcar de Curitiba a Porto Alegre. Não podemos afirmar que a morte do passageiro guarda exclusiva culpa na crise do apagão aéreo, porém, ter acontecido esse triste fato em pleno aeroporto serve para agravar mais ainda a situação. O motivo da crise aérea nesse momento é a greve dos controladores de vôo. Será mesmo? Será que o motivo dessa crise está simplesmente na greve dos controladores de vôo? Profissionais que há anos vêm trabalhando em regime de grande tensão, com a vida de muitas pessoas sob sua responsabilidade e condições incompatíveis com a grandiosa tarefa que desempenham. Seria incoerente e até desumano depositar a culpa pelo caos aéreo nos ombros dos operadores de vôo. É a velha fuga das responsabilidades que nos ronda durante séculos, somos mestres, diplomados em apontar a falha dos outros.

· O governo atual culpa os anteriores.

· A oposição culpa o governo e ameaça CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

· O Presidente se mágoa com os operadores.

E a situação permanece, como novela a prometer novos capítulos. Exposto há poucos meses, o caos aéreo em realidade não vem de agora, é ele fruto da falta de planejamento, organização, investimento, infelizmente não nos preparamos adequadamente para o crescimento da aviação civil, e hoje colhemos o fruto da indiferença, que se repercute em crise que prejudica a população.

E eis que diante dessa tensão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em visita aos Estados Unidos da América, onde trata de assunto referente ao biocombustível, afirma que não pode admitir que os controladores de vôo parem de operar porque querem reajuste de salário, por mais justo que seja essa reivindicação. Os controladores de vôo, por sua vez, dizem que se não forem atendidas suas exigências haverá mais greve. E a oposição fica a espreita, trabalhando para que haja uma CPI do Apagão Aéreo, aliás, CPI é um caso a parte, infelizmente foi desvirtuada sua finalidade, é ela – CPI - utilizada muito mais como tela de promoção individual do que instrumento da democracia que deve em primeira instância privilegiar o cidadão. E por falar em CPI, creio que não só o caos aéreo, mas todos os problemas que envolvem nosso país serão solucionados, se todos, sem exceção, instalarmos a CPI da Consciência. Sim, ao promover a CPI da Consciência, consultaremos em nós mesmos onde estão as soluções para vencermos as dificuldades que nos assolam. Não mais depositaremos responsabilidades em ombros alheios, assumiremos nossos equívocos, vislumbraremos nossas limitações, teremos maior visão de nossas virtudes.

Questionaremos:

Será que fiz o melhor que pude para colaborar com o meio onde estou inserido?

Será que respeito meus semelhantes? Será que eu, como mandatário máximo ou cidadão de uma cidade, estado ou país, estou colaborando para que prevaleçam os interesses da coletividade, mesmo que para isso sejam sacrificados meus próprios interesses?

A CPI da consciência é a única capaz de solucionar nossas dificuldades, é o remédio eficaz que promoverá o progresso verdadeiro, o crescimento sustentável, a sociedade dos sonhos alicerçada nas bases da fraternidade.

A CPI da consciência modifica o homem, remexe no cerne dos problemas, porquanto, todas as crises que passam nossas instituições, nada mais são do que um reflexo da imaturidade humana. Ao promover o próprio crescimento, o ser humano colabora de forma efetiva e segura para que cresça junto a comunidade onde ele está inserido. Talvez alguns considerem essa tese de promover a CPI da Consciência trabalhosa demais, afinal, modificar tendências arraigadas, que não raro encontram os muros do preconceito e até das críticas, requer árduo esforço, todavia, é a única maneira de construirmos um mundo onde os apagões existentes serão apenas aqueles que desligamos a luz do quarto para gozar de tranqüilo sono.

Pensemos nisso.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 03/04/2007
Código do texto: T436372