Psicanálise e Educação: em busca das tessituras

O texto “Psicanálise e Educação: em busca das tessituras”, da autora Juliana Davini, pela editora espaço pedagógico, pode-se observar um estudo sistemático e didático das teorias de Pichon e Bion, na busca de se alfabetizar para a leitura de grupo.

A teoria do psicanalista argentino Pichon Riviérè, que começou a observar os movimentos de grupo dentro de uma instituição de doentes oligofrênicos e suas famílias. No início na década de 40, Pichon Riviérè, como chefe do serviço de admissão do Hospício De Las Mercedes, confirma a importância do grupo familiar no processo de pacientes esquizofrênicos, desenvolvendo o conceito de "Grupo Interno", como cenário para a manifestação do vínculo transferencial. Surge a noção de "Porta Voz", para se referir ao doente mental como depositário das "patologias" do grupo familiar. Pichon Riviérè, também veio dar sua contribuição para compreensão de Grupos Operativos, quando criou seu "Esquema-conceitual-referencial-operativo" (ECRO), mundialmente aceito e praticado. Esta teoria está baseada na comunicação que envolve o mundo interno, cheio de partes contraditórias dentro de cada sujeito e suas relações com outors mundos internos cujos repartimentos também são conflitantes, ou seja, o mundo complexo de cada sujeito.

A teoria de Bion, segundo a minha leitura, trabalha com três suposições básicas: suposição básica de dependência, suposição básica de luta-fuga, suposição básica de acasalamento. Estas três suposições se desenvolvem insconscientemente e se repetem e alternam, com o objetivo, segundo o a autora Juliana Davini, de evitar o desenvolvimento e controlar a ansiedade causada pelo processo de crescer e se modificar.

Refletindo o texto e codificando-o, entendo que o ser humano, por ser gregário, por natureza, somente sobrevive por suas relações grupais.

Desde as civilizações mais primitivas, podemos observar os movimentos grupais, traduzidos pelas danças rituais, pelos "conselhos de anciãos", pelos "conselhos de guerra" nas tribos indígenas etc.

O 1º grupo em que o homem participa é a família, sendo fundamental para o seu desenvolvimento posterior, pois é onde se estabelecem os primeiros vínculos com o mundo exterior. O homem vive, inevitavelmente em grupos, quais sejam permanentes ou temporários, criados acidentalmente ou deliberadamente.

Os grupos vão exercer diversas influências sobre os indivíduos, como felicidade, tristeza, raiva, ansiedade, preocupações etc. Influências estas, que podem ter efeitos ligeiros e momentâneos ou duradouros e radicais. Os grupos podem proporcionar ao homem, sentimentos de "status" ou de frustração, bem como, de aceitação ou rejeição.

Em síntese, ao meu ver, a interação do homem em seu grupo é que irá definir sua maneira de agir, de pensar, suas necessidades, sentimentos, enfim, seu comportamento.

Por fim, a autora finaliza seu artigo com a questão do coordenador na escola e nos adverte que há a necessidade que “todo coordenador de grupo precisa e merece um espaço de reflexão cotidiano sobre o sue fazer e de estudo que ilumine suas intervenções”. Sem falar na formação, pois ainda conforme a autora, “uma formação sólida de todo o profissional que exerça um trabalho de liderança com relação a grupos. E dentro desta formação, a existência de um currículo que inclua o estudos de interações(...)”.

Roberto Cerqueira Dauto
Enviado por Roberto Cerqueira Dauto em 04/04/2007
Código do texto: T437049