De Ésper a Sobel

Romeu Prisco

Já tinha decidido não mais escrever sobre este assunto, porém, diante da insistência de alguns, não tanto para defender o rabino Henry Sobel, mas, para fazer dele um herói, mudei de idéia.

Quando o estilista Ronaldo Ésper, que, segundo o seu advogado, também estaria sob o efeito de reações adversas de psicotrópicos, foi acusado de suposto furto de dois vasos artísticos, do cemitério do Araçá, não ocorreram as mesmas manifestações de solidariedade, que ora ocorrem ao indigitado rabino.

Henry Sobel não foi, exatamente, um mártir contra-revolucionário de 1964. Nem D. Paulo Evaristo Arns e nem o representante da igreja evangélica, que apenas realizaram atos ecumênicos, de natureza política. Sobel participou de tais atos, porque um membro da sua comunidade, no caso o jornalista Wladimir Herzog, morrera em condições suspeitas. Nisto, Sobel, como rabino, nada mais fez do que a sua obrigação.

Convém não esquecer que o império, do qual e no qual Henry Sobel recebeu praticamente toda a sua formação, deu total apoio aos militares brasileiros, pré e pós revolução de 1964, assim como deu total apoio a Pinochet, no Chile, pré e pós deposição de Salvador Allende.

Outrossim, muito mais herói que Henry Sobel foi o falecido ex-Primeiro Ministro de Israel, Ytzak Rabin, estupidamente assassinado por um jovem fanático religioso, porque era o único dirigente daquele país, verdadeira e efetivamente, empenhado em estabelecer a paz com os palestinos.

Para se eleger um herói, não basta que ele seja rabino, padre, bispo, arcebispo, papa ou o que for, dure quanto durar o sacerdócio. Herói é aquele que, mesmo numa fração de segundos, pratica um ato acima das condições humanas, que redunda benefício para os seus semelhantes, e não aquele que freqüenta lojas de grife, em busca de gravatas, embora com todo o direito.

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Comentários

05/04/2007 13h15 - Alexandre Halfeld

MUITO BOM TEXTO.