UM VEREADOR QUE VENCEU A FORÇA DO PRECONCEITO

Vereador de segundo mandato, Dila Assunção (PSDB), é um homem de coragem e que assume de forma clara suas posições. Homossexual assumido desde sempre, decidiu que iria vencer na vida, fora do armário, sem máscaras, sem esconderijos. Vaidoso, não abre mão do visual, que define como “delicado”.

Já teve cabelo longo e há alguns anos se vestia de forma mais extravagante. Hoje, aos 38 anos, mais austero, mantém o cabelo sempre bem cuidado, usa brincos, faz a sobrancelha, passa batom (de leve) e é adepto de um figurino fashion: calças apertadas, blusinhas e bota com salto médio.

“Vou às sessões mantendo a mesma linha que adoto no cotidiano. Uso um terninho, algo mais apropriado ao ambiente”, disse. “Mas tenho total respeito dos colegas da Câmara. Lá dentro sou um vereador, que como eles, trabalha pelo bem da nossa comunidade. Na atividade parlamentar temos prioridades mais urgentes do que discutir a minha orientação sexual ou o meu visual”, completa.

Dila não é seu nome de batismo, nem Assunção seu sobrenome. Nasceu Edilei Dias de Souza. O apelido carinhoso “Dila” foi adotado em 1988. Quando tomou gosto pela política resolveu acrescentar o Assunção, tomado emprestado do avô.

Trajetória

Figura muito respeitada e admirada em São Francisco de Goiás, Dila foi líder estudantil e participou de diversos movimentos artísticos e culturais na cidade. Promotor de eventos, criou em 1997 o Carnaval de Rua da cidade, um ato de muita ousadia para a época.

De 1997 a 2004 ocupou, com destaque, o posto de Chefe de Gabinete da secretaria de Assistência Social, onde mostrou sua maior vocação: ajudar as pessoas. Teve participação decisiva na conquista de lotes, casas populares, cadeiras de rodas, cestas básicas e medicamentos às pessoas de baixa renda do município.

Em 2004 teve seu batismo de fogo: candidatou-se a uma cadeira na Câmara Municipal. Como reconhecimento ao seu trabalho na esfera social, o povo resolveu lhe premiar com a eleição. Mais que isso: foi o segundo mais votado, o que lhe alçou à condição de tesoureiro do Legislativo já no debute. Em 2006 o passo mais ousado: mesmo sem apoio oficial e sem recursos financeiros, concorreu a deputado estadual. Não se elegeu, mas obteve 3.159 votos no Estado, sendo 1.338 somente em São Francisco, que na época tinha 4 mil eleitores.

Mesmo com a votação espetacular, não conseguiu a reeleição na Câmara dois anos depois. Persistente, foi eleito novamente em 2012, com robusta votação. Detalhe: seu irmão, Sidilei, conhecido como Cidão (PTB), também foi candidato. Ambos foram eleitos, mesmo com apenas vinte familiares na cidade. Uma façanha.

Fã e aliado do governador Marconi Perillo (PSDB), Dila é um cabo eleitoral disputadíssimo por pretendentes a cargos de deputado, tanto estadual como federal. Não se furta e participa de todas as batalhas possíveis. “Defendo os ideiais que acredito com unhas e dentes. Não tenho preguiça nem medo de trabalhar”, disse.

Personalidade

Dila Assunção encara a atividade política como uma missão. “Sei que é Deus quem rege a minha vida”, crê. Se considera feliz com a cadeira na Câmara, mas acredita que o destino lhe reserva postos maiores. “Meu sonho é ser prefeito de São Francisco de Goiás, que é a cidade que vivi toda a minha vida e que tanto amo”, projeta. “Para quem teve a ousadia de ser candidato a deputado estadual, não custa nada sonhar em ser prefeito”, completa, num exercício de lógica.

“Minha atividade parlamentar não se resume às sessões da Câmara. Sou vereador 24 horas por dia. Estou sempre correndo atrás de recursos, de benefícios para as pessoas”, define. A casa, onde mora com o irmão vereador, está sempre cheia de gente. “As pessoas procuram em dobro, já que aqui moram dois vereadores”, se diverte.

“Respeito todas as pessoas, independente da cor, da raça, do sexo, da religião ou da classe social. E também sou muito respeitado na cidade”, garante Dila. “As pessoas olham para mim e enxergam acima de tudo o político sério, o trabalhador honrado, o cidadão honesto e não simplesmente a minha orientação sexual. Nunca tive qualquer problema por conta disso”, reforça.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 05/08/2013
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