POLICULTURA

Francisco de Paula Melo Aguiar

"Nesta terra, em se plantando, tudo dá".

Pero Vaz de Caminha

O termo policultura é na realidade um termo híbrido, que tem origem em um elemento grego, isto é da palavra “polys”, no sentido de numeroso, vários, muitos, pode indicar também a palavra cidade. Enquanto o termo de origem latina “cultura”, no sentido real de cultivar a terra ao pé da letra, originariamente falando. Assim sendo, o termo policultura deveria com mais propriedade, se chamar de pluricultura. Desse modo, podemos dizer que a policultura é o sistema agrícola tendo como base o cultivo de várias culturas ou produtos, envolvendo os processos de rotação de terras e ou simultaneamente.

Vale lembrar de que chamamos de regime de politicultura a possibilidade de sua definição em função de sua escala, pois, um sistema de monocultura do tipo familiar, pode se constituir em um sistema de policultura regional, desde que cada família e ou cada propriedade e ou unidade de produção se dedique ou se aplique ao cultivo de um produto diversificado. Por dedução se entende que o mesmo principio pode ser aplicado em termos locais, regionais e nacionais.

O regime da politicultura em termos agrícolas, apresenta inúmeras vantagens, a saber: I) garante maior estabilidade econômica e financeira à família, a região e a nação; II) associa-se mais facilmente ao chamado regime da propriedade do tipo rural familiar, daí se beneficiando de suas vantagens; III) facilita e conserva os solos que se esgotam pelo plantio ou cultivo de uma única cultura e ou produto; IV) permite dessa forma maior complementação na produção diversificada visando justamente ao atendimento e exigências dos consumidores.

É natural de que o regime de policultura também tem dificuldades de apoio e assistência técnica diversificada de que necessita os agricultores brasileiros, especialmente os ocupantes das áreas de assentamentos da Reforma Agrária, pois, o governo distribui a terra desapropriada dos latifúndios e fabrica minifúndios improdutivos, transformando a zona rural em verdadeiras favelas rurais, onde falta tudo. Em tese existem pesquisadores de que afirmam que o trabalho com a policultura, para os chamados agricultores familiares, tem assumido significados positivos em termos locais, regionais e nacionais, principalmente em relação a saúde e com o ambiente propriamente dito, além de se levar em consideração o fomento, o aperfeiçoamento e a avaliação contínua das chamadas praticas agroecológicas, daí resultar em melhor proteger sua saúde, de sua família e contribuir significativamente para a redução do impacto ambiental da agricultura, sempre procurando evitar contaminar suas produções (culturas) com agrotóxicos.

É importante mencionar de que a cana-de-açúcar (importada da India) foi implantada no Brasil em 1532, em São Vicente, Estado de São Paulo, portanto, cultura importada para atender os desejos de produção latifundiária desde seus primórdios. Bem assim, em 1890, o café (importado da África) tomou o lugar da cana-de-açúcar e o Brasil começa a importar mão de obra não escrava com a libertação dos escravos em 13 de maio de 1888 pela Princesa Isabel, então Regente do Trono de Dom Pedro II, na monarquia brasileira. Diante do surto de formiga da espécie saúva, levou o governo brasileiro em 1935 a combatê-la como prioridade nacional no setor agrícola. Assim sendo, no inicio da década de 60, do século XX, a soja (importada da China e do Japão) começou a ser plantada no sul brasileiro e atualmente é considerada a rainha do cerrado. É evidente de que nos anos 80, do século XX a região Nordeste em seu semiárido parecia condenado, porém, na atualidade, nascem plantas de clima frio, como por exemplo, maçãs e uvas para a fabricação de vinho. O Brasil exportou mandioca (para África e Europa), milho (para África) e pimenta (para África). É o ciclo natural das plantas que saíram e das plantas que chegaram. É o vai e vem da policultura nacional e internacional.

Em síntese, o termo policultura, significa a produção agrícola de vários tipos de produtos (culturas), como por exemplo: feijão, batata, fava, milho, macaxeira, etc, além de está associada diretamente aos chamados minifúndios, isto é, agricultores donos ou posseiros de pequenas glebas e ou sítios rurais, o que tipificam os assentamentos dos sem terras, na realidade brasileira.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 08/08/2013
Reeditado em 08/08/2013
Código do texto: T4425782
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