O fogo nos corações

Que fogo imagina o leitor? Seria o fogo das paixões humanas ou o fogo do entusiasmo? Há um sério problema no relacionamento humano: as paixões descontroladas, violentas ou inimigas da renúncia. Atestam isso as hostilidades do relacionamento, esse depreciar do outro. Na verdade, as paixões inimigas da renúncia em favor da paz alimentam este fogo nos corações. Paixões que explodem no interior de muitos e ensejando desde as simples guerras domésticas até os grandes problemas nacionais.

O espírito do Evangelho é de colaboração mútua, nunca de rivalidades. Há um dever recíproco de ajuda ao outro. Enquanto não entendermos devidamente a mensagem do "Negue-se a si mesmo e siga-me", em vão estaremos procurando caminhos de paz interna e externa. Esta renúncia aos caprichos pessoais, difícil de ser praticada bem o sabemos, constitui a chave da harmonia sempre buscada e nunca vivida. Fala-se muito, teoricamente, na construção da paz, mas ela está distante pois ainda desejamos impor idéias, controlar o outro. Este é o grande problema, a magna questão humana.

Uma boa dica de análise deste tema de renúncia seria um nova consulta ao livro de mesmo nome, o extraordinário Renúncia, ditado por Emmanuel a Chico Xavier e editado pela Federação Espírita Brasileira. Obra um tanto esquecida traz os exemplos da personagem Alcíone que emociona e toca o coração pela grandeza do nobre espírito encarnado com a missão de encaminhar os demais membros da trama que o livro apresenta.

Melhor nos deixarmos empolgar pelo fogo do entusiasmo. É este que nos estimula, que nos mantém saudáveis – de corpo e mente – e ainda proporciona o ambiente de harmonia que tentamos viver.

Há muitos motivos para entusiasmar-se. Qualquer pessoa pode motivar-se na área que mais lhe interesse, dedicando-se ao que gosta de fazer. Mas o segredo de entusiasmar-se está em respeitar a vontade do outro, vendo nestas diferenças a grandiosidade de viver, pois sentindo em si mesmo a alegria de viver e os motivos – pois que já não se importa em vigiar o que o outro está fazendo – a que se dedicar, cai por terra as causas da implicância; acabam os antagonismos que tanto prejuízos causam aos relacionamentos.

Observem os casais, os irmãos, os familiares, os colegas e por extensão toda a sociedade. As disputas sempre surgem porque existiu o desejo de domínio, de controle da vontade do outro, a imposição de idéias. Faltou a renúncia... Acendeu-se o fogo da paixão descontrolada... Não é de admirar-se o crescente número de atos violentos em pequenas brigas ou tragédias.

Já é hora de acender o fogo do entusiasmo na renúncia dos caprichos pessoais.

Orson
Enviado por Orson em 16/04/2007
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