Leituras II

Pois,Eulália estava mesmo à morte.

Não era o caso de um murchar de vida emocional ocasionado pelo sofrimento.Era mais:Eulália adoeceu de ausência e morreu.

A partir desse derradeiro evento,a vida de Madruga,seu viúvo,assume novos contornos.

Ele ,que nunca lhe houvera dispensado minutos de atenção mais fina ,terá agora que tecer dentro de si,uma nova trama,na qual se fiem sentimentos delicados.

Madruga sofre.

Já sofrera antes.Hoje é diverso.Sofre de ausência.

Dela e de si.

Percebe ,aos poucos, que vivera ausente daquele rosto ,que o espelho lhe mostra envelhecido.Onde andou ele ,por tanto tempo distante,que esqueceu-se de ver o olhar nostálgico e enfermo daquela mulher,que acaba de falecer?

Ele ainda não sabe,embora adivinhe,enquanto soa-lhe a lembrança da Alborada gallega aos antigos ouvidos.

Zully Oney Teijeiro Pontet
Enviado por Zully Oney Teijeiro Pontet em 16/04/2007
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