ASSEMBLEIA NA CARPINTARIA POLÍTICA

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

Evidentemente, a liderança é baseada na autoridade, porém não são necessariamente a autoridade de status e aquela do cargo que possibilitam a um homem realmente liderar. É possível respeitar um título e, ao mesmo tempo, desprezar seu titular, ainda que faça tudo o que ele nos ordenar.

Michel Williams¹

Falam de que assim como na carpintaria que aconteceu uma assembléia não tão popular. Dizem que a mencionada reunião entre as ferramentas da carpintaria foi decidir e acertar suas diferenças diante dos fatos e atos que ninguém ouvia ninguém e tudo funcionava na informalidade e no improviso, na imposição, sem planejamento de suas ações e atos. Devemos entender que a carpintaria com ou sem política é a oficina e/ou ambiente de trabalho do carpinteiro, semelhante ao oficio de São José, esposo de Maria e pai adotivo de Jesus Cristo, segundo nos ensina a Bíblia Sagrada no Novo Testamento, escrito há mais de dois mil anos. É salutar informar de que o carpinteiro exerce uma função semelhante a função administrativa do Presidente da República, do Governador do Estado, do Prefeito Municipal e das repartições públicas (Poderes: Executivo, Judiciário e Legislativo), e/ou privadas, em termos de administração pública e privada, diante do regime adotado pela “república”, ou seja, da coisa pública, patrimônio de todos. Claro! O carpinteiro executa diversos trabalhos usando apenas madeira, faz moveis, ferramentas e peças para construção naval, construção civil, etc., enquanto os gestores públicos e/ou privados, tem uma visão ampla dentro das Teorias da Administração: Teorias Tradicionais de Gestão; Teorias Modernas de Gestão; Teorias Emergentes de Gestão, segundo os paradigmas adotados, ex-vi Kuhn (1992) que afirmou que paradigmas são “realizações reconhecidas durante algum tempo por uma comunidade cientifica especifica, proporcionando os fundamentos para sua prática posterior”, o que vale dizer que não se trata apenas de um modesto e/ou simples modelo adotado por alguém para fazer alguma coisa, durante certo período administrativo, mas sim, uma fundamentação explicativa da própria realidade em constante e permanente reformulação para fazer com quer a gestão e/ou administração pública e/ou privada de algum ente público: federal, estadual e municipal, bem assim de algum ente privado: empresa, indústria, fábrica, escola, hospital, escritório, cemitério, loteria, etc., em busca de clareza e realização no que faz em sentido completo em suas ações administrativas no seu dia-a-dia. Advindo daí o aplauso em termos de aprovação de todos os seres sociais e humanos envolvidos, pelos menos em termos de aprovação da metade mais um da própria população atendida. É preciso conhecer os paradigmas para poder planejar e realizar seus sonhos sonhados. Vem daí o sucesso da gestão pública e/ou privada. O improviso leva ao insucesso e a desaprovação geral. O martelo apresentou-se e presidiu a assembléia, momento em que as demais ferramentas, aqui em sentido figurado, lhe notificaram que teria que renunciar e deixar o cargo vago, tendo como causa o fato de fazer barulho insuportável e o tempo gasto golpeando e perturbando os seus ouvidos dos demais. Ato contínuo, o martelo aceitou a desculpa das demais ferramentas, porém, exigiu que fosse exonerado e/ou expulso também o parafuso, alegando que ele dava muitas voltas para conseguir o que queria. Assim diante da oposição formalizada pelo martelo, o parafuso concordou igualmente renunciar sua função na referida assembléia, porém, exigiu e pediu que fosse expulsa a lixa, alegando que ela apesar de ser feminina era muita áspera no tratamento com os demais e sempre entrava em atritos diários e não aceitava orientação de ninguém para exercer sua função, fazia ouvido de marcador de escravos. Enfocamos que a lixa aceitou os argumentos apresentados contra si, desde que se expulsasse, igualmente, o metro, tendo em vista que sempre media os outros segundo a sua própria medida, como se fora o único e perfeito paradigma de medição. Foi aí que o carpinteiro, gestor maior da assembléia, que juntou o material existente e somente assim teve inicio o seu trabalho e/ou gestão funcional, usou o martelo, o metro, a lixa e o parafuso, etc., etc.. Podemos citar, por exemplo, de que um rolo de madeira rústico foi transformado em fino móvel, que por apologia, parece bem com a parábola do polimento da pedra bruta e bem assim da água mole em pedra dura, tanto bate quanto fura, ex-vi a sabedoria popular e/ou conhecimento do conhecimento empírico, nascido do povo com sua inteligência sem academia de qualquer espécie, o que vale dizer que “a administração é uma ciência que não encerra, necessariamente, invenção, nem descobertas de fatos novos ou surpreendentes. Consistes, entretanto, em certa combinação de elementos que não fora antes realizadas, isto é, conhecimentos coletados, analisados, agrupados e classificados, para efeito de leis e normas que constituem uma ciência, seguida de completa mudança na atitude mental dos trabalhadores e da direção, quer reciprocamente, quer nas respectivas atribuições e responsabilidades”, na visão de Taylor, quando se trata de administração científica e não improvisada em sua origem em termos de planejamento, execução e conclusão do antes pensado e projetado, sem qualquer tipo de controle de qualidade.

É importante mencionar que quando as ferramentas ficaram a “sós” novamente, aí a assembléia reativou os debates e discussões diversas, momento em que o serrote usou da palavra, saindo do seu anonimato e enfatizou: “Senhores, ficou demonstrado que temos defeitos, mas o carpinteiro trabalha com nossas qualidades, com nossos pontos fortes. Assim, proponho um trato, não vamos mais ressaltar nossos pontos fracos e vamos passar a valorizar nossos pontos fortes”, pois a gestão sonhada e contida nos nossos propósitos jamais poderá ser prejudicada por nosso capricho individual em detrimento do bem coletivo. Foi colocada em votação a proposta do serrote, a qual foi aprovada por unanimidade pela assembléia, foi ai que todos entenderam que se o martelo era barulhento, também era forte, não se locupletava das atribuições dos outros, se o parafuso dava voltas, fazia vista grossa, o poder subia e descia à cabeça em certo momento de elogio a própria loucura, também tinha a função que unia e dava força aos demais, se a lixa em sua forma estrutural era áspera, era também especial para limar, afinar, dando polimento e brilho. Enquanto o metro sempre media os outros na medida precisa e exata. A assembléia da carpintaria política chegou à conclusão de que todas as habilidades individuais eram necessárias para a formatação do planejamento e suas estratégias de poder e de poderes, portanto, atividade de trabalho coletivo e/ou em conjunto, não é obra pessoal e individual de ninguém em si falando e sim de todos envolvidos em seu planejamento, execução e conclusão.

A assembléia da carpintaria com função política chegou à conclusão de que a equipe: martelo, lixa, serrote, prego, madeira bruta, etc., unidos pelos mesmos objetivos será capaz de produzir por analogia, móveis de qualidade e a aceitação dos clientes, em termos de aprovação de todos. Não precisa ser sábio para entender que o mesmo ocorre com os seres humanos em qualquer atividade de trabalho e/ou de poder político, escolar, empresarial, sindical, religioso (é por isso mesmo que surgem tantas religiões e religiosidades no mundo), etc. Quando se sabe o que se quer atingir se parte de uma visão global, chamada planejamento geral e especifico. Todos os envolvidos pensam o mesmo objetivo. Observe e comprove que tudo que realizamos na vida pessoal e/ou profissional, em qualquer atividade e sentido da palavra, depende disso, pois, quando o individuo busca defeitos no outro, sempre encontra algo para criticar, de modo que se torna o clima tenso e negativo, porém, ao contrário, ao buscar com sinceridade os pontos fortes de todos, assim as melhores conquistas humanas em qualquer setor da administração direta e indireta de nossas ações individuais e coletivas, florescem como as plantas escondem o solo da terra dos raios do sol. E na política partidária, sindical, administrativa, escolar, social, religiosa, etc., a coisa funciona assim, vejam, por exemplo, os planos sociais dos governos: federal, estadual, municipal, do tipo, bolsa escola, bolsa família, minha casa, minha vida, etc, onde todos os contribuintes diretos e indiretos pagam tal consorcio nacional e existem agremiações (partidos) políticas partidárias que vem aos meios de comunicação e se apresentam como sendo o pai da criança, verdadeira alienação popular em período pré e eleitoral em todo Brasil, sem ter gasto e/ou contribuído com um centavo de real de seu bolso para a formação do consórcio que distribui favores a população necessitada de casa, remédio, hospital, transporte, água, alimentação, emprego, escola, livros, lazer, esporte, segurança, infra-estrutura, etc. Assim sendo, [...] Do mesmo modo que um pintor que desenha uma paisagem, de baixo observa o contorno das montanhas e de tudo o que está no alto, enquanto do alto observa tudo o que está embaixo, da mesma forma, para conhecer bem a natureza do povo, é necessário ser príncipe, para conhecer a natureza do príncipe, é necessário pertencer ao povo, no dizer de Maquiavel². Aqui foram conhecidas em teses as naturezas e perfis das ferramentas, em substituição a seres e/ou indivíduos, enquanto membros da assembléia da carpintaria política, que por simulacro e mera

”verossimilhança” é um dentre outros pressupostos da antecipação de tutela prevista no artigo 273 do Código de Processo Civil Brasileiro em conjunto com a prova inequívoca, o que vale dizer que diante de atos e fatos não se tem outra justificativa que o direito assim o determine. As funções e perfis das ferramentas são conhecidas estruturalmente falando e jamais terão outras finalidades a não as finalidades para as quais foram inventadas e/ou criadas. Assim também o são cada indivíduo em seu perfil cultural e/ou profissional, dentro da sociedade, politicamente falando. Existe sempre o bem e o mal em tudo. Na religião onde tem Deus tem também o Diabo. A peleja do bem e do mal é muita antiga, desde que apareceu o homem na face da terra. A política enquanto instituto social é responsável pelo bem e pelo mal das pessoas, assim como a verossimilhança da alegação é a confrontação com a verdade, assim como no direito, ex-vi que a afirmação contida na petição inicial de um processo judicial e/ou extrajudicial, em sentido positivo e/ou negativo. Seja a verossimilhança um poço de bondade e/ou um poço de maldade do gestor público e/ou privado. Contra fatos, repetimos, não se tem argumento contra e/ou a favor das ferramentas na assembléia da carpintaria política, assim como envolvendo outros tipos de assembléias e seres tidos como humanos e pensantes.

Entendemos que a assembléia aqui mencionada clama pela implantação da educação e administração participada na vida dos cidadãos, na visão de Silva³ (2001, p. 167/168), [...] é muito cedo, pelo menos em termo de Brasil, par afirmar que a flexibilização, sob a forma de administração participada, como uma nova trajetória de organização da produção de bens ou serviços, seja o modelo que vem fomentando a democratização nas relações sociais no interior das instituições. Isso pode ser instituição pública e ou privada, e até porque [...] há que se acrescentar a permanência de uma cultura gerencial historicamente autoritária e conservadora, por decorrência, resistente às mudanças que impliquem cessão de poder aos subordinados hierarquicamente. Administrar é ciência e arte, de modo que tem como finalidade o bem comum, assim como as ferramentas da carpintaria, contrariar interesses individuais e até mesmo coletivos, ex-vi Foucault4 (1992, p.280), que afirma “Os governantes, as pessoas que governam, a prática de governo são, por um lado, práticas múltiplas, na medida em que muita gente pode governar: o pai de família, o superior do convento, o pedagogo e o professor em relação à criança e ao discípulo. Existem, portanto, muitos governos, em relação aos quais o do príncipe governando seu Estado é apenas uma modalidade. Por outro lado, todos esses governos estão dentro do Estado ou da sociedade”, e por analogia estão também aí as ferramentas humanas da carpintaria política: o presidente da república, o governador do estado, o prefeito municipal, os senadores, os deputados, os vereadores, os ministrados, secretários, desembargadores, os juízes, os delegados, etc.. Não adiante ganhar as eleições com todos e governar sozinho de costas viradas para a população, seja qual for o regime político adotado em qualquer estrutura de poder: federal, estadual e municipal, tendo em vista que por verossimilhança, continuará sendo a organização lógica dos fatos no enredo (gestão pública e ou privada) de qualquer individuo e/ou coletividade, pois, cada fato (bem ou mal) é motivo e/ou causa para o desencadeamento de outros fatos e/ou efeito de “situação” e/ou de “oposição”, tanto na assembléia em epigrafe quanto na prática política dos indivíduos de carne e osso no cenário da política internacional, nacional, estadual e local. Toda água, suja e/ou limpa vai inevitavelmente desaguar no mar.

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¹ WILLIAMS, Michel. Relações Humanas. São Paulo: Atlas, 1972.

² MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. São Paulo: Paz e Terra, 1999.

³SILVA, M.A. da. Educação e administração participada. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação. Porto Alegre, v.17, n.2, p.161-170, jul./dez.2001.

4 FOUCAULT , Michel. A governamentalidade. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1992.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 24/11/2013
Reeditado em 24/11/2013
Código do texto: T4584661
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