PAPA E A IGREJA QUE NÃO É DE FRANCISCO

“Morreu nu aquele que começou a vida de conversão nu na praça de Assis diante do bispo, do pai e amigos”.

Da vida de São Francisco de Assis

Lendo as mais recentes declarações do Papa parece-me que a Igreja demorou quase dois mil anos para descobrir que Deus é piedoso, e que Ele "quer que todos os seres humanos sejam salvos".

"Nosso verdadeiro inimigo é o apego ao pecado, que pode nos levar ao fracasso da nossa existência. Só o perdão divino nos dá a força para resistir ao mal e para não pecar mais", disse o Papa.

E eu me pergunto: afinal de contas esse Deus do Vaticano quer ou não que todos, todos mesmo, mesmo aqueles que merecerem o inferno, sejam salvos ?

Deus é ou não perdão incondicional ?

Uma outra jóia descoberta só agora pela Igreja : "Deus pode dar a graça do batismo sem que tenha havido o sacramento": Deus mudou de idéia, ou só agora conseguiram falar com Ele ?

Até quando a Igreja ficará mudando seus conceitos alegando que o faz por ser este ou aquele conceito "apenas uma hipótese teológica", e não uma "verdade definida da fé".

Quando é que uma verdade definida da fé passa a ser uma hipótese teológica ?

Palavras , palavras, nada mais do que palavras.

Na visita do Papa , que não é pop, e que usa em ocasiões especiais um “camauro” com detalhes de pele de arminho branco ( gorro com enfeite de pele animal) já estão programando a retirada dos pobres que sobrevivem no percurso a ser percorrido por ele. Não é por acaso que em São Paulo Bento do Portão não tem aprovação da Igreja Católica ( Bento é nome de mendigo que virou santo popular).

O que diria São Francisco de Assis disso tudo ?

Pobres miseráveis, pobres animais.

Enquanto isso, o monge beneditino Dom Abade Mathias Tolentino Braga lembrou que os itens que serão servidos e o trabalho na cozinha da cozinheira mineira Mazzô França serão oferecidos como doação. Segundo ele, a preocupação com as refeições será a simplicidade: sopa de palmito, nhoque de mandioquinha, bolo de banana, bolo de fubá, pão de nozes e tudo acompanhado por vinhos da América do Sul.

Uma refeição frugal como a de todos os que recebem um salário mínimo por mês e da maioria dos aposentados brasileiros.

Sou Católico Apostólico Romano, batizado, casado, crismado, mas não consigo me convencer da santidade de Bento XVI: seu olhar não me traz paz, harmonia, serenidade.

Para mim, pelo seu comportamento, ele está mais para o Deus do Antigo Testamento do que para Cristo, Deus feito homem, do Novo Testamento.

É uma visita que não me empolga.

É mais uma visita política do mais alto mandatário do Vaticano.

A única importância dessa viagem papal ao Brasil será a realização da missa de canonização de Frei Galvão.

ANTÔNIO CARLOS TÓRTORO

Tórtoro
Enviado por Tórtoro em 28/04/2007
Código do texto: T467164