* As frases destacando o Carnaval citam bastante a palavra alegria.
 
Seria o Carnaval uma festa que ressalta a alegria?
Podemos dizer que as pessoas são alegres no Carnaval?
 
Parece evidente que os foliões buscam provar a alegria no Carnaval.
Talvez esse seja o momento ideal de esquecer o mundo, desprezar os limites da carne (carne nada vale) e respirar o ar eufórico que cessará daqui a oito dias.
É preciso correr, aproveitar já, pois o tempo implacável trará de volta a fria realidade.
 
Pensando assim, podemos deduzir que o cotidiano, as ações da rotina, os hábitos e as pessoas as quais sempre vemos, que formam a nossa realidade, não estão sendo satisfatórios.
Os dias da folia permitem fugir e se aproximar da preciosa sensação a qual não é possível desfrutar nos outros dias.
 
No período de Carnaval queremos propor uma vida diferente na qual possamos brincar e festejar o tempo todo.
 
* Por que tamanha insatisfação em relação à vida real?
Estamos insatisfeitos com o casamento, o trabalho, a casa, os vizinhos, o bairro, o governo, o galo que canta forte de manhã e a chuva fina a qual insiste em molhar.
A realidade, fruto das escolhas que realizamos, não está agradando.

Resta seguir o trio, pular muito, curtir o Carnaval com exaustão.
 
O grande problema é o seguinte:
Ninguém encontra a alegria no Carnaval.
 
Muitas vezes, estimulados pelas drogas (lícitas ou não), atordoados pelo barulho das músicas bem dançantes, deixando a libido governar (sem selecionar os parceiros sexuais ou eventuais ficantes), nós acreditamos experimentar a alegria.
Eis um terrível equívoco!
 
* A reflexão que apresento não pretende dizer que o Carnaval é ruim.
Nada disso!
 
As ilusões fazem parte da vida.
Quem gosta de Carnaval tem o direito de gostar.
É importante, porém, não ir com muita sede ao pote.
 
Se o objetivo é festejar, festejem!
Erram exageradamente se confundem a folia com a vida, a animação rápida com a alegria, supondo que o Carnaval é capaz de fazer cessar as nossas insatisfações diárias.
 
* Desejando descer até o chão e dar uma subidinha, beijar vinte gatas durante uma hora, encher a cara, comer o famoso churrasquinho de gato ou dormir no aconchegante chão porque o táxi é caro, o Carnaval permite que você faça tais coisas.
Pode ir fundo!
A avenida é o lugar perfeito.
 
Desejando descartar a esposa chata, abandonar o emprego cansativo, comprar a mansão mais incrível, bingolar com a gostosa que não sai da mente ou evitar a extinção do mico-leão-dourado, o Carnaval nada pode fazer a fim de concretizar as suas nobres metas.
Sai da avenida, cara!
Cai fora!
 
* Para que a vida seja uma contínua festa, a alegria invada as nossas almas pra valer e cessem as coisas tão desagradáveis do cotidiano, é necessário encarar exatamente a realidade.

Enfim, almejando ser feliz, a festa momesca não poderá ajudar.
 
Um abraço!
Ilmar
Enviado por Ilmar em 03/03/2014
Reeditado em 04/03/2014
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