IRIS REZENDE, CADA DIA MAIS DISTANTE DO APOGEU

Ex, de vereador a ministro, Iris Rezende Machado, continua firme na jornada de pichar sua própria biografia. Pelo andar serelepe da carruagem, terá clamoroso êxito em colecionar mais uma derrota política e fossilizar ainda mais a sua imagem e a do PMDB goiano.

A biografia de Iris é robusta. Digna de reverência. Ganhou eleição para vereador, prefeito de Goiânia, deputado estadual, governador, senador. Foi ministro por duas oportunidades. Foi um facho de luz a remediar uma escuridão medonha. Liderou rebanhos, sedentos que matavam a sede em sua providencial saliva. Iris foi alvo de procissões, sérias marchas de peregrinos pobres de esperanças.

Em 1982 Iris foi o messias esperado e desejado para liderar o Estado para a luz da democracia. Impôs seus meios e suas vontades. Sob seu guarda-chuva formou-se um poderoso exército. Mas nada resiste à ação do tempo. O anel era de vidro e se quebrou. Como se estilhaçam todas as coisas.

A derrota de 1998 para o até então desconhecido Marconi Perillo tirou de Iris o maior dom que um político tem: a intuição. O veteraníssimo político entrou em um círculo vicioso. Quer revanche da revanche da revanche. Virou circo vicioso. Quer fazer da vingança pessoal contra seu algoz um martírio de humilhação e derrotas para o PMDB, partido que ele se considera dono em Goiás.

Iris é como o chão duro, a pradaria que não faz qualquer concessão ao nascimento de novas árvores. É o machado que decepa as plantas na própria raiz. Nem sob seu cadáver político permite que passe a caravana que anuncia o novo.

Político de argumentos e ideias enrugadas, Iris declarou que representa o novo que Goiás tanto almeja para sua caminhada no século XXI. A imagem de Dom Quixote correndo atrás dos moinhos de vento é apropriada para ilustrar o pensamento irista.

A biografia de Iris deveria estar exposta no imaginário popular como o homem que ajudou a modernizar Goiás. O visionário que conduziu seu povo entre as águas revoltas. A raposa política, astuta e pragmática. O homem que vencia todas as eleições. Mas, como um jogador inveterado, que perde metade do salário na roleta, resolve apostar de novo e perde a outra metade. Não satisfeito aposta o salário ainda não conquistado. Diante de novo revés aposta a casa, o botijão de gás, a alma. Até não ter mais nada de seu para perder.

É importante saber o momento de parar. Não adianta lutar contra o tempo. Antes havia um exército bravio a matar e morrer por Iris. Sobrou pouco dele. A seca veio e com ela a migração. Há apenas um grupo de homens com fardas amareladas pelo sol, sem bandeiras e sem rojões. Homens que não são mais enfeitiçados com as salivas do seu general.

Anderson Alcântara
Enviado por Anderson Alcântara em 07/04/2014
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