O MERCADO E O PAPO DA CORUJA

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR

O segredo de um negócio é saber o que mais ninguém sabe.

Aristóteles Onassis

No ano de 1973 teve inicio a administração do prefeito Antonio Joaquim de Morais, tendo como vice prefeito Joaquim Dias Ramos, enquanto que a Câmara Municipal de Santa Rita era composta por dez vereadores: João da Costa Gadelha (Vice Presidente); Aníbal Limeira; Israel Correia Diniz; Severino Maroja (Primeiro Secretário) e Francisco de Paula Melo Aguiar (Presidente do Poder Legislativo Municipal) do então MDB-Movimento Democrático Brasileiro, tendo como presidente do diretório municipal Heraldo da Costa Gadelha, e Oíldo Soares, Marcos Antônio de Souza Brandão (Segundo Secretário); Débora Soares de Araújo (substituída pelo suplente de vereador Ernani Inácio da Silva), Reginaldo de Freitas, José Pereira da Costa Filho, da então Arena, tendo Egidio Silva Madruga como presidente do diretório municipal. O Mercado Público Municipal de Santa Rita (construído na década de 40 por Diógenes Nunes Chianca e ainda continua a mesma estrutura, apenas o madeiramento interno e as telhas foram substituídas várias vezes quando o tempo assim requer) era constituído praticamente da mesma maneira como atualmente, principalmente por bancos de feiras e seus feirantes, barracas internas e externas de comercio de carnes, verduras, frutas e estivas em geral. Naquele tempo, o povo de Santa Rita sabia quem era da situação e da oposição, politicamente falando, o que por analogia a visão de Helgir Girodo, significa dizer que “a coruja enxerga no escuro e caça; o cristão vê as trevas de dia e delas se afasta”. Na parte externa visão para o “papo da coruja” e a rodovia PB/04, ainda não existia os correios e telégrafos, nem as casas comerciais das ruas: Antonio Ferreira Nunes (popular rua do Cadeado), Luiz Soares e Praça da Alimentação, sic, pois, a referida área era totalmente tomada pelas barracas de pequenos comerciantes e pelo lixão público, de modo que a partir de 1973, a área era pertencente ao patrimônio da Usina Santa Rita e sendo assim resolveu fazer o loteamento dos terrenos e colocar a venda. De modo que “o que aprendemos com a história é que as pessoas não aprendem com a história”, conforme Warren Buffett.

As primeiras casas residenciais construídas foram: a casa da professora Giselda Dutra (que depois vendeu a Luiz Leal Guedes, onde atualmente funciona o Todo Dia), a casa de Baiôco, pai das professores Lenilde e Alda Gomes (onde atualmente funciona uma loja de eletrodomésticos), a casa de Luiza Pessoa, conhecida por Lulu (onde hoje funcionam várias lojas), a casa de Severino Cassé (que ainda encontra-se na forma original), e a casa do armazém da Cidagro (onde atualmente funciona um supermercado) e casa onde funcionou o escritório de contabilidade de Gilvandro Anjos, atual vice prefeito de Santa Rita (lá atualmente funciona uma loja de roupas e ao lado uma barraca, esquina da Flávio Ribeiro com a Praça Antenor Navarro), e o terreno que pertencia a Reginaldo de Freitas que foi vendido aos empresários que construíram diversas lojas, dentre as quais o Armazém Paraíba. Vale salientar de que prédio dos Correios e Telegráfos foi construído em 1973/74 depois que a Câmara Municipal de Santa Rita autorizou a doação do terreno que foi comprada a Usina Santa Rita. Não existiam as casas e as empresas: Edilicya e outras atualmente existentes na referida localidade. Foi assim como o lixão do mercado público de Santa Rita desapareceu na década 70. Não temos dúvida alguma de que “todos nascemos sem nada. Tudo o que adquirimos depois é lucro”, no dizer de Sam Ewing.

Do outro lado da rua Flávio Ribeiro, onde encontra-se construído o posto Santana, o Santa Cruz (esta área a prefeitura municipal dou inicialmente a AUS – Associação Universitária Santaritense, ainda foi iniciada a construção com os pilares do “ginásio”, porém, a AUS deixou o tempo passar e a doação caducou igualmente, dando lugar a doação pela Câmara Municipal ao Santa Cruz Esporte Clube Recreativo em 1980), o terminal rodoviário (esta área foi doada pela Prefeitura Municipal para a CNEC construir o Colégio Américo Falcão, na administração Antonio Teixeira, ficou o projeto só no papel, caducou e deu lugar ao terminal rodoviário) e a Fundação Flávio Ribeiro (este terreno foi doado pela Usina Santa Rita para constituir a Fundação Flávio Ribeiro,mantenedora do Hospital com igual nome, administrado inicialmente pelas Irmãs de Caridade da Holanda e atualmente pelas Irmãs da Congregação do Imaculado Coração de Maria). , também pertencia ao patrimônio da Usina Santa Rita. O largo do mercado envolvendo os quatro lados chama-se oficialmente de Praça Antenor Navarro, na parte que olha para o Lojão da Econômica, praticamente nada mudou durante os últimos 40 (quarenta) anos, apenas os donos das lojas venderam seu patrimônio ou morreram. Do lado que olha para Regismar Ferragens, a mesma coisa, Sinvaldo Cavalcante Viana, vendeu a Joaquim Dias Ramos e este passou para os atuais donos, na outra esquina com a popular “rua de Egidio”, como povo chama ainda hoje à Rua Coronel Domiciano, funcionava o armazém de Antônio Tristão de Melo, e na outra esquina existia a Movelaria de Ely Bezerra e anexo a parede do mercado vários comerciantes, dentre os quais o comerciante Joaquim Pequeno, de saudosa memória. E do lado que olhava para antiga loja de Francisco Capucho e família, também nada mudou, continua praticamente da maneira forma, pequenas lojas anexadas nas dependências do mercado e os feirantes e suas barracas, apenas fechou as portas a banca de bicho do ex-vereador José Batista do Nascimento, tendo em vista o falecimento do mesmo. Também o mercado público central de Santa Rita voltou a funcionar os sete dias da semana, uma vez que na gestão do prefeito Heraldo Gadelha, foi decretado o domingo como dia de repouso dos comerciantes e comerciários, o que tornou o referido prefeito impopular com os feirantes não estabelecidos e daí surgiu a feira do rela bucho entre a linha férrea e a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, na beira da rodovia que liga Santa Rita ao planalto, de modo que “seus mais insatisfeitos clientes são sua maior fonte de aprendizado”, segundo enfoca Bill Gates.

Na parte interna do mercado público de Santa Rita sempre teve várias lojas de tudo: pano (com Nezinho e com a esposa de Paulo Pessoa, estivas em geral no armazém de Arnaldo Martins, dentre outros, todos de saudosa memória). Por final, na administração Heraldo Gadelha no período de 1963/69, foram introduzidas as “barracas” padronizadas e pintadas na cor laranja, a cor do socialismo moreno daquele momento vivido pela administração pública municipal, (tenho a lembrança da barraca de roupas finas de Zito Mago, de Rita Moreira (mãe de Walter Levita) e a barraca de venda e conserto de fogão de Bráz), a partir da porta do mercado olhando para a “Nova Ferragem”, loja de Raimundo Furtado, já existiam lojas, dentre as quais a Casa do Riso de Luiz Carlos da Silva, casado com Risomar Paiva (filha do comerciante Oscar Paiva, de saudosa memória em Santa Rita), na área externa do mercado público e que o tempo encarregou-se de substituí-las pelas atuais casas comerciais na parte interna/externa do mercado que dão vista para o antigo Metro de Ouro, de Pedro e Paulo de Mendonça Furtado (atual Patrícia móveis e outras lojas), tinha ainda o loja de fotografia de Fausto Ferreira, que foi substituído pelo “Foto Fiel” de Zito fotógrafo, a Farmácia Santa Rita de José Bonifácio que foi adquirida e Fernando e Francisquinha Carvalho (mulher que serviu de enfermeira e amiga do povo de Santa Rita durante toda sua vida) e a alfaiataria central na parede externa do mercado.

Em síntese, a Praça Antenor Navarro que enlaça o Mercado Público Municipal Central de Santa Rita, continua assim chamada, valendo salientar que nunca existiu de fato a referida praça, apenas o nome. E quanto as demais casas comerciais e residenciais, o tempo encarregou-se de fechar suas portas e outros empreendimentos comerciais surgiram e continuam surgindo, apenas o espaço físico da Fundação Flávio Ribeiro, continua o mesmo, atendendo assim seus objetivos de fundação. O que vale dizer que “no mundo dos negócios todos são pagos em duas moedas: dinheiro e experiência. Agarre a experiência primeiro, o dinheiro virá depois”, no dizer de Harold Genee. Sem deixar de lado o terminal rodoviário “sui generis” que ali foi edificado para durar poucos tempos, por falta de ambiente e acomodação da população local.

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In: AGUIAR, Francisco de Paula Melo.Santa Rita, Sua História, Sua Gente. Campina Grande: Júlio Costa, 1985.

FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR
Enviado por FRANCISCO DE PAULA MELO AGUIAR em 28/06/2014
Reeditado em 30/06/2019
Código do texto: T4862307
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