Salto para a morte

Juiz de Fora – MG, 18 de Maio de 2007, a estudante universitária de 19 anos, Tamires Leite da Silva, se prepara para participar de um brinquedo denominado “Queda Livre”, onde as pessoas se atiram de uma altura de 30 metros sem qualquer equipamento de segurança para se encontrarem com redes protetoras que amortizam a queda, propiciando um confortável aterrisar. Contudo, o destino de Tamires foi diferente, e a seu encontro não estavam redes, mas sim, o chão e a morte.

Não é a primeira vez que isso ocorre em terras mineiras, caro leitor, em Julho de 2005 a também estudante mineira Letícia Santarém morreu ao saltar de bungge jump de uma altura de 50 metros, seu pai filmou tudo.

Na abordagem destes fatos não vamos focar a responsabilidade da empresa dona dos brinquedos em relação a seus clientes, nosso enfoque será diferente:

O que leva pessoas bonitas, jovens talentosos, com toda uma vida pela frente a se exporem a riscos desnecessários? Por que o perigo traz prazer? Qual o sentido de arriscar a vida por alguns momentos de adrenalina?

Imprudência de nossa parte quando desrespeitamos a existência nos expondo a ousadias dispensáveis.

Isso não acontece apenas em relação a esses brinquedos que ceifam vidas, mas também quando envereda-se pela promiscuidade abrindo campo à doenças de diversas ordens.

Inúmeros são os jovens que se contaminaram e contaminam com o vírus HIV pagando alto preço por alguns minutos de prazer. São os juros cobrados pela negligência e desrespeito ao próprio corpo.

O que falar das drogas então?

Larga é a porta de entrada, difícil, estreita a porta de saída. Impossível passar ileso por elas, aqueles que saem vitoriosos, não raro trazem consigo marcas pelo resto da vida.

Alguns discordarão e me situarão como careta afirmando que o simples fato de viver já implica em risco. Concordo, obviamente para partirmos dessa para uma melhor, ou nem tanto, basta que estejamos vivos, todavia, há gritantes diferenças entre morrer de forma natural e procurar o encontro com a morte.

O que leva muitas pessoas a não observar essas regras de prudência a sustentar uma existência saudável, é a ignorância em relação aos reais motivos de nossa peregrinação terrena.

Quando desconhecemos as razões pelas quais estamos aqui neste planeta, navegamos sem rumo, ao sabor dos desprazeres mascarados de prazeres.

Digo isso por experiência própria, por muitos anos perambulei como sonâmbulo pela existência me comprazendo com noitadas regadas a álcool e mulheres. O famoso “ficar”, onde pessoas que acabaram de se conhecer trocam íntimas carícias é um dos modismos da vida contemporânea que traz futuras e pungentes dores de cabeça.

Alguns consideram comportamento moderno desses jovens que ficam com 10, 15 mulheres por noite. “Tem que aproveitar a vida!” Exclamam os defensores da tese moderna.

Todavia, esse “aproveitar a vida” freqüentemente traz a famosa gravidez indesejada, onde filhos são lançados ao mundo sem as bases do amor, crescendo sem o afago e o carinho dos pais, isso quando não se cogita do aborto criminoso para fugir à responsabilidade de criar o filho do “desconhecido” e outras tantas ervas daninhas que perambulam pela cabeça dos advogados de uma equivocada liberdade.

Aproveitar a vida, caro leitor, é dedicar o preciso tempo neste planeta a algo que venha nos acrescentar, aproveitar a vida é dedicar-se ao estudo, esforçar-se por compreender as limitações alheias e nossas, aproveitar a vida é buscar o conhecimento de si mesmo, é deliciar-se no contato com aqueles que amamos. O restante? Ah, o restante são apenas modismos que nos fazem saltar de encontro à morte.

Wellington Balbo
Enviado por Wellington Balbo em 20/05/2007
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